Enquanto a volta da Fase Laranja era divulgada na sede da prefeitura de Campos, na manhã desta segunda-feira (18), aconteciam ações dos fiscais de postura e pagamento de auxílio emergencial. A grande movimentação no Centro da cidade justifica a preocupação das autoridades da área de saúde do município. Pessoas sem máscara ainda eram flagradas, mas na presença dos fiscais sempre procuravam uma desculpa. Os agentes também tentavam evitar a disputa do espaço das calçadas entre os lojistas e ambulantes para garantir espaço suficiente aos transeuntes perante a necessidade de respeito ao distanciamento social.
A Fase Laranja, um 'lockdown' de uma semana, começa amanhã e, de acordo com Charbell Kury, subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde, "todos os detalhes serão divulgados ainda hoje, a qualquer momento". Sabe-se, até o momento, que: Bares, restaurantes, lanchonetes e congêneres, só poderão funcionar via delivery. Academias, inclusive em condomínios, cultos religiosos presenciais, barbearias, shoppings, salões de festa, danceterias, boates e afins, também. Poderão funcionar os hospitais, consultórios, farmácias, lojas de conveniência, supermercados, feiras públicas e petshops - além de outros estabelecimento essenciais.
A suspeita e incerteza, quando as matérias anunciando o conteúdo da coletiva começaram a chegar nos comerciantes, gerou reações:
- Devido a pandemia as vendas já caíram bastante no ano passado. Esse período de janeiro já é fraco normalmente e agora está ainda mais. Eu acredito que a volta desse lockdown, mesmo que por uma semana, vai prejudicar bastante os comerciante e seus funcionários. O desemprego pode aumentar e eu fico com medo pelo meu próprio emprego; acredito que vai haver bastante demissão - explicou Ana Carolina Medeiros, vendedora, de 26 anos.
Enquanto isso, os gestores e especialistas não viam outra alternativa. Diante da criação de algoritmos de correção de casos, especialistas projetaram o crescimento de casos nos próximos 15 dias - apesar da média de três mortes por dia em Campos, onde quase 600 pessoas já foram vítimas da doença, a segunda onda ainda não quebrou sobre a planície. O resultado da projeção é classificado por Charbell Kury como "catastrófico".
- Graças a sensibilidade e agilidade do prefeito Wladimir Garotinho (PSD), nós conseguiremos reduzir nessa semana o sofrimento por leitos que estavam sendo liberados por morte, não por alta - completou o médico e subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde. Ele espera, embasado em estudos, que as restrições que entraram em vigo amanhã diminuam em 30% ou 40% a transmissão do vírus, que está "em plena circulação ativa.
O "escudo da cidade", a vigilância sanitária, também estava representada na coletiva. Vera Cardoso de Melo, chefe da Vigilância Sanitária Municipal, declarou que estão sendo estabelecidos protocolos de funcionamento para todos os estabelecimentos. "Teremos que definir como vamos funcionar daqui pra frente", explicou.
- A nossa normalidade, mesmo depois da vacina, não é mais aquela de 2019; Não existe mais aquela normalidade! Nós vamos ter que nos acostumar a uma nova normalidade. A vacina vem, mas 2021 ainda vai ser um ano atípico se comparado a normalidade de 2019 - enfatizou a chefe da Vigilância Sanitária.
Os seus fiscais na área central cumpriam as diretrizes de Vera Cardoso. No comércio popular da João Pessoa, o gerente de fiscalização de Postura, Junior Brasília, garantia com apoio de sua equipe o respeito ao direito do transeunte de circular pelas calçadas sem ter que disputar espaços com manequins e ambulante - mantendo seu distanciamento social.
- A gente já vem trabalhando e procurando manter a ordem aqui no Centro. Cresceu muito o número de ambulantes e temos procurado orientá-los. Estamos buscando alocá-los na praça Alberto Sampaio, por enquanto. Nosso trabalho de tirá-los da João Pessoa é grande - explicou Junior Brasília. Ele ainda abordou os intensos trabalhos de fiscalização em Farol de São Thomé nos finais de semana: "um trabalho intenso que por vezes começa às 17h da tarde e encerra às 2h da manhã."
O trabalho na barreira, comentado pelo gerente de fiscalização, havia sido elogiado pela superior, minutos antes, durante a coletiva: "O resultado da nossa barreira no farol foi excelente, mas precisamos aprimorar. As pessoas já chegavam com comprovantes de residência, mostrando que já estavam informadas e cientes... sexta e sábado a barreira vai se estender até meia noite, assim o horário vai bater com o toque de recolher estabelecido em Farol".
- Sabemos que as vacinas chegaram no estado hoje. Está havendo uma reunião de Wladimir e dos outros prefeitos com o estado sobre a disposição da vacina para Campos - anunciou Charbell Kury. O número foi publicado no início da tarde, após a coletiva - Campos contará, inicialmente, com 11.330 doses da vacina. Ele ainda complementou as boas novas afirmando que não será difícil uma vacinação escalonada. "Difícil seria vacinar a população de hoje para amanhã. Então teremos uma primeira vacinação para profissionais da saúde, pessoas institucionalizadas, e com mais de 70 ou 75 anos".
O vice-prefeito, Frederico Paes, complementou: "É importante que a população não procure a vacina neste momento. A vacina chegará de acordo com o calendário do Governo Federal. Neste momento é para profissionais de saúde e idosos internados ou em assistência prolongada em asilos, além de indígenas e quilombolas."