Região: Ilha de oportunidades
- Atualizado em 03/06/2023 09:02
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A agenda de desenvolvimento do Norte Fluminense vive uma dicotomia curiosa. Ao mesmo tempo em que a iniciativa privada coloca a região em patamares de primeiro mundo, com vários projetos de energia renovável, vivemos também um atraso de décadas quando o assunto é infraestrutura. Se nenhum homem é uma ilha, como disse o poeta, o mesmo não se pode dizer hoje de empresários campistas, macaenses e sanjoanenses que busquem realizar vultosos investimentos.

Uma ilha de oportunidades a começar por seu solo, com o plantio de cana-de-açúcar, que atingiu o auge na década de 70 sem perder sua importância até os dias de hoje. E logo em seguida em seu subsolo, com a descoberta dos campos de petróleo e gás na Bacia de Campos – que chega a esta década, mais de 40 anos depois, revigorada. A Petrobras estima investimentos de US$ 18 bilhões nos próximos cinco anos apenas aqui – sem contar a diversificação do rol de operadoras, como a brasileira 3R Petroleum e a francesa Trident Energy.

Agora, os novos tempos e tecnologias nos proporcionam a chance de navegar por outros mares. Futuro da economia – e, por que não, do planeta –, as energias renováveis também encontram espaço fértil no Norte Fluminense. Um levantamento da Firjan SENAI SESI, apresentado em maio deste ano na Offshore Technology Conference (OTC) Houston, nos Estados Unidos – uma das maiores feiras do mercado –, destacou aos investidores estrangeiros um total de 73 projetos potenciais e em andamento nos mercados de óleo, gás natural, energias renováveis e naval em todo o estado do Rio. Considerando apenas energia renovável, 13 dos 16 estão no Norte Fluminense.

No mar, nos preparamos agora para usufruir da riqueza dos ventos. Ao todo, oito projetos de fazendas de energia eólica offshore poderão ressignificar a paisagem da nossa costa, cinco em São João da Barra e outras três em Campos. Além, claro, da energia solar – que já é uma realidade, graças não só às pessoas jurídicas, como também aos cidadãos norte-fluminenses: Campos é a segunda cidade do estado com maior produção fotovoltaica, enquanto Niterói, por exemplo, com a mesma densidade demográfica que Campos, figura em terceiro (e com uma produção três vezes menor).
Nos tornaremos, assim, um exemplo de transição energética – caso a nossa “ilha” seja conectada com algumas reivindicações da Firjan, como a construção da EF-118, ligando a região à malha ferroviária nacional; a duplicação das BRs 101 e 356, bem como as estradas do contorno em Campos e Itaperuna; a construção da RJ-244 (Porto do Açu– Campos); e conclusão da Ponte da Integração, cujas obras são tão antigas quanto a própria exploração de petróleo na região.

Questões que compõem a Agenda Firjan para um Brasil 4.0, uma contribuição da federação para que nosso país, e em particular nossa região, atinja o desenvolvimento necessário que permita aos empresários explorarem novos mares. São 62 propostas de abrangência nacional e 41 propostas de âmbito estadual, organizadas em quatro pilares: Ambiente de Negócios, Infraestrutura, Capital Humano e Eficiência do Estado.

O foco é o aumento da produtividade de nossa indústria, imprescindível para a retomada da economia nos próximos anos. A produtividade brasileira está estagnada há 40 anos. Nesse período o crescimento aconteceu graças ao boom das commodities e à abundante mão de obra, fontes que estão secando. O Futuro do Trabalho é destacado em nossas propostas, no pilar Capital Humano da Agenda Federal. Precisamos, ainda, avançar na reforma trabalhista, de forma a adequar a legislação aos novos parâmetros tecnológicos, econômicos e sociais.

Segundo o documento da Firjan, o aumento de produtividade a partir das propostas pode gerar um crescimento de US$ 1 trilhão no PIB nos próximos cinco anos, subindo da 12ª para a 8ª posição no ranking das maiores economias do mundo até 2027. Além da gestão eficiente, as empresas precisam de governos que ofereçam um ambiente de negócios favorável. Um planejamento público que necessita contemplar a política industrial, permitindo o máximo de aproveitamento dos recursos disponíveis – não só os naturais, mas também os financeiros, tecnológicos e humanos.

Indústria forte é sinônimo de economia sólida e próspera. E a Indústria 4.0 precisa de um Brasil 4.0, para assim aproveitar as oportunidades que regiões como o Norte Fluminense oferecem ao desenvolvimento humano e social.

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