Seca em Campos já mata bois e prejudica safra de cana de 2025
Dora Paula Paes 12/09/2024 19:16 - Atualizado em 13/09/2024 16:13
Desde 2015, o Brasil não enfrenta uma seca igual a atual. A longa estiagem já é considerada a maior da história recente. A crise está por todo lugar. Em Campos, a pasta municipal da Agricultura informa que a pecuária é o primeiro segmento a sentir o efeito. Na agricultura, a produção de cana para a safra 2025, por já ter cana morrendo no campo, é impossível uma previsão positiva, neste atual momento de crise climática tão severa. Os especialistas em mercado preveem que a carne bovina, o feijão, a laranja, açúcar e outros alimentos devem ficar mais caros; o alívio no campo deve acontecer só em novembro. Nesta sexta-feira (13), o prefeito Wladimir Garotinho falou da importância do projeto do semiárido e não descarta que município possa entrar em emergência muito em breve. Ele participou de entrevista no Programa Folha no Ar, na Folha FM 98.3. 

"Estamos muito preocupados. Tem cana grande morrendo. O plantio de março está morrendo com essa seca, uma situação muito grave. Não é só seca, o problema está acentuado ainda pelo vento Nordeste que causa grande ressecamento no solo. Não sei como será a produção de cana no ano que vem. No momento, tem gado morrendo e criador comprando ração, desesperado, para tentar salvar e vendendo boi barato. Uma situação bastante complicada", diz o presidente da Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan), Tito Inojosa.


De acordo com o secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca de Campos, Almy Junior, as ações estão sendo executadas, notadamente no que se refere a recursos hídricos com limpeza de canais e de bebedouros, com o objetivo de minimizar a seca que assola a região.

— Muitos agricultores que trabalham com a pecuária estão com dificuldade de alimentação para o gado, e este tem sido o principal problema que as prefeituras têm mais dificuldades de ajudar, notadamente para aqueles que não tiveram condições de ter uma capineira ou silagem como reserva — ressalta Almy.

Segundo ele, é preciso envidar esforços nas ações estruturantes, caso contrário, teremos sempre problemas advindos destas estiagens. “Nós pedimos que todos no estado do RJ se unam em prol da região, principalmente no que diz respeito ao projeto de lei 1.440/2019 que classifica as regiões Norte e Noroeste Fluminense como áreas de semiárido. São nove municípios do Norte e 13 do Noroeste. Que prevê a ampliação da abrangência do Benefício Garantia-Safra e institui o Fundo de Desenvolvimento Econômico do Norte e Noroeste Fluminense”, explica o secretário.

Recentemente, o G1 fez um levantamento da crise climática junto ao Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden). O órgão é ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, responsável por subsidiar as ações de enfrentamento às crises climáticas. Segundo o levantamento, o cenário é preocupante e o país não deve ter alívio até novembro.

Os dados sobre a seca, levantados pelo G1, cobrem o período desde 1950. inicialmente, pela série histórica a estiagem teve agravamento a partir de 1988, sendo em 2015, a seca mais severa registrada. No entanto, à época, a falta de chuva atingiu todas as regiões como, no momento, com rios secos e volumosa incidência de fogo.
 
Projeto do semiárido se faz necessário, diz Wladimir
O prefeito de Campos e candidato à reeleição, Wladimir Garotinho, se mostra extremamente preocupado com a atual situação climática, com esse longo período de estiagem. "Nós vamos entrar em situação de emergência muito em breve. É grave a situação na região, não só em Campos. E não vejo nenhum outro ator político no Estado falando sobre isso", disse ele durante a entrevista, nesta sexta-feira.

Wladimir diz que a solução é o projeto do semiárido, que está na gaveta em Brasília. "Uma vontade muito grande de gritar, porque esse projeto está parado no Senado Federal, nós conseguimos aprovar enquanto deputado, foi para o Senado, ficou parado lá dois anos, conseguimos fazer ele se movimentar novamente, aprovamos por unanimidade na Comissão de Agricultura do Senado,aprovamos por unanimidade na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Fui a Brasília, estive com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, junto do senador Romário, que é o relator desse projeto no Senado. Estava pronto para ir à pauta de votação, quando o líder do governo, o senador Humberto Costa (PT), pediu vista e está até hoje sem votar", conta.

Segundo ele, lamenta porque não vê ninguém brigando por um projeto tão importante, somente os produtores que estão desesperados. Ele explica que se o produtor buscar uma linha de crédito, em uma instituição financeira, vai pagar 10%, 12% ao ano, o mais barato que ele conseguir pegar. A linha de crédito do semiárido é de 2% ao ano.

- Eu acho que deveria haver um esforço coletivo de todas as forças políticas do Estado para que esse projeto seja aprovado, porque ele é a redenção econômica da região Norte e Noroeste do estado do Rio de Janeiro, dos 22 municípios.
 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS