Dora Paula Paes
01/05/2023 09:58 - Atualizado em 01/05/2023 13:19
Um grupo de investidores em Campos buscou a Polícia Civil para denunciar um suposto caso de estelionato. O autor do crime seria o trader de criptomoedas e forex Gleidson Costa, presidente da Grow Up Club. Alguns dos seus clientes dizem que estão com saques atrasados desde dezembro de 2022. Se antes a conversa era fácil, segundo esses mesmos investidores, no momento, todo processo para se obter informações passou a ser robotizado. Sem saber como resgatar o que foi investido, muita gente está optando por acionar a Justiça.
O produto ofertado pela Grow Up se dizia um consórcio, com rendimentos acima do mercado. A sede da empresa, conforme consta na inscrição do CNPJ 32.668.023/0001-65, fica em Campos, no Parque Rosário. No entanto, no endereço citado existe um prédio de apartamentos e nenhuma referência à empresa de investimentos.
— Recentemente fizemos um grupo no WhatsApp e já estamos com 68 lesados pela empresa no grupo. Vários deles já fizeram registro de ocorrência na delegacia. Os responsáveis não respondem às nossas perguntas e enviam vídeo de comunicado do proprietário prometendo datas atrás de datas, mas, até o dia de hoje, nenhuma foi cumprida. Meu contrato com a Grow Up teve início em 8 de fevereiro de 2022 e venceu desde 8 de fevereiro de 2023 — relata um cliente da Grow Up, que tem a receber, de acordo com ele, R$ 120 mil, entre o dinheiro investido e os juros prometidos. Ele fez um registro de ocorrência contra o proprietário da empresa por estelionato, em 3 de março.
O drama de quem espera uma resposta não se refere somente aos danos financeiros. Outra investidora da Grow Up relata o que está vivendo nos últimos meses. “Faço parte do grupo de pessoas que sofreram um golpe. Eu fiz um consórcio de rentabilidade com o Gleidson. Paguei R$ 3.600 e receberia R$ 4.500. Porém, não foi pago em janeiro e, de lá para cá, tento receber. Desde janeiro, venho conversando, perguntando, me desentendendo, e até sendo grossa. Venho tendo empatia, mesmo eles não merecendo. E não tenho respostas. A resposta é sempre robotizada, rasa. Não sou uma pessoa rica, trabalho no comércio. Eu me esforcei para tirar esse dinheiro. Tinha planos, fiz um empréstimo contando que ia receber esse dinheiro e isso me trouxe danos financeiros, psicológicos e emocionais”, conta a investidora.
Segundo ela, é revoltante, por exemplo, acompanhar as redes sociais do Gleidson e vê-lo ostentando em viagens, casa e carros de luxo. “Não é fácil ver que a pessoa em quem você confiou ostentar vida de luxo em redes sociais e usar o nome de Deus em vão. Não é só dinheiro. É o trabalho suado de mais de 300 pessoas, que eu tenho conhecimento”, ressalta a investidora, que, em 1º de abril, registrou uma ocorrência.
A Folha não conseguiu informações sobre o andamento dos inquéritos na 134ª Delegacia de Polícia (Centro). O jornal também encaminhou uma mensagem ao número de contato que aparece na inscrição do CNPJ da empresa, mas não teve retorno.