Público lota o Museu Histórico de Campos nas encenações da peça "Rua das Cabeças"
Os atores do Letras em Movimento encenaram a história do assassinato do Cirurgião Pedroso — considerado o mais célebre de todos os crimes praticados na Villa de São Salvador dos Campos dos Goytacazes, em 1805. O crime foi encomendado por um padre, que teria como motivação a defesa da honra de uma jovem sobrinha. Joaquim Aranha, um negro liberto, foi o autor do homicídio que abalou a pacata Villa. O local do crime ganhou o nome de “Rua da Cabeças”, atualmente Rua Comendador José Francisco Sanguedo, no Centro de Campos.
O público lotou o Museu Histórico de Campos para assistir o espetáculo “Rua das Cabeças” na noite dessa quinta (24) e sexta-feira (25). Com entrada de doação de 1 kg de alimento não perecível, a peça foi encenada pelo Núcleo de Pesquisa Cênica Letras em Movimento. A direção musical foi de Dulce Gabriele. A direção do espaço cultural confirmou o famoso evento Meia Noite no Museu deste ano, que teve a programação divulgada ainda na manhã deste sábado (26) e acontecerá no dia 1º de novembro.
Os atores do Letras em Movimento encenaram a história do assassinato do Cirurgião Pedroso — considerado o mais célebre de todos os crimes praticados na Villa de São Salvador dos Campos dos Goytacazes, em 1805. O crime foi encomendado por um padre, que teria como motivação a defesa da honra de uma jovem sobrinha. Joaquim Aranha, um negro liberto, foi o autor do homicídio que abalou a pacata Villa. O local do crime ganhou o nome de “Rua da Cabeças”, atualmente Rua Comendador José Francisco Sanguedo, no Centro de Campos.
"A importância da peça é participar do momento histórico. Então, a importância é muita, a expectativa também. Foi muito interessante falar da história de Campos, de todos os personagens, de todos os crimes que aconteceram também, de tudo isso que aconteceu. Eu não imaginava que tinha roda das cabeças e que o nome era devido à perca das cabeças, do julgamento das coisas. Então, cada peça que eu faço que no Museu Histório conta da história de Campos, eu fico mais emocionado e mais feliz de saber a história da cidade", disse Matheus Claudino Souza, um dos atores da peça, conhecido como Nakamura.
O texto e direção geral do coordenador do Letras em Movimento, Guilherme Freytas, o espetáculo foi encenado por Taiane Santos, Estefany Nogueira, Pedro Gasparini, Lais Larissy, Ruan Trindade, Pedro Ivo Oliveira, Valdiney Mendes, Alessandro Martins, Cleidymara Santos, Glaucier Arly, Matheus Nakamura, Bárbara Laurindo e Paulo Victor Santana. “Rua das Cabeças” tem supervisão e pesquisa da coordenadora do MHGC, Graziela Escocard. O evento tem a realização da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL).
"Ao meu ver, é uma questão de resgate da nossa cultura, né? Que as gerações que vão chegando, está à parte da cidade que é falada no sentido geral, mas a raiz mesmo, todo o desenvolvimento e também a parte de covardia que era feita na época. Trata-se de um crime bárbaro, que com o passar dos anos foram criadas leis que amenizaram um pouco a situação", explica Glaucier Arly, que também fez parte do elenco, sobre a importância da peça.
Para Estefany Nogueira, narradora da peça, a história, mesmo que antiga, também se encaixa na atualidade, sendo possível observar apontamentos sociais através do espetáculo e dos diversos personagens, com suas percepções e histórias.
"Acho que é uma honra poder participar dessa peça. Eu pude observar minha personagem. Apesar de ser uma narradora, eu consegui estudar e pesquisar sobre a história em si. E a partir daí eu pude trazer essa narrativa e expor para o público também aquilo que a gente queria apresentar para as pessoas. Eu acredito que quando a gente olha a nossa história, quando a gente olha para a história, a gente consegue entender o que a gente vem vivenciando hoje em dia também. Então, eu acho que isso é interessante, essa proposta do grupo, do núcleo", disse Estefany.
"Fazer parte da peça “Rua das Cabeças” é uma experiência profundamente enriquecedora, tanto pessoal quanto profissionalmente. Através da preparação vocal e da direção musical, tenho a oportunidade de mergulhar em um universo que vai além da cena. Essa obra não apenas resgata um momento histórico importante da nossa cidade, mas também nos convida a refletir sobre a identidade e os desafios que ainda enfrentamos hoje.
O teatro tem um poder de servir como um espelho da sociedade, e “Rua das Cabeças” provoca uma discussão crítica sobre temas como racismo, machismo e a influência da Igreja Católica no Brasil. Ao trabalharmos com essas temáticas, criamos um espaço para desconstruir estereótipos e questionar valores que muitos ainda carregam. É uma oportunidade de conscientização, tanto para nós, como criadores, quanto para o público.
Através da música e do teatro, buscamos não só entreter, mas também provocar uma reflexão necessária sobre a nossa história e a importância de avançar para um futuro mais justo.
Em resumo, fazer parte de “Rua das Cabeças” é um convite para dançar entre as memórias do passado e as esperanças do futuro, sempre com os olhos voltados para a importância de transformar nossa realidade", disse Dulce Gabriele, da direção musical.