Não se viu nas peças publicitárias sobre a Expoagro deste ano cavalos e bovinos de alta linhagem. Só shows. Assim é que a feira perdeu o foco, o clima, o charme. Passou a ser feita por uma empresa promotora de eventos, com sede em Araruama, e atuação na linha de shows. Foi aberta na quinta-feira (3) e terminou no domingo (6), dia da festa do Padroeiro.
A exposição agropecuária e industrial realizada em Campos encolheu — literalmente. Na sua 62ª edição, deixou de ser chamada Expoagro do Norte Fluminense. Se foi reduzida na abrangência do nome, idem para o calendário. E na própria grade de atrações.
A exposição foi de poucos dias. Muito menor do que em outros tempos, quando era aberta em uma sexta-feira — precedida de cavalgada pela cidade — e se estendia por dois fins de semana. A programação diária era intensa.
A expoagro de Campos recebeu, por vários anos, a chancela da Secretaria Estadual de Agricultura. E atraía criadores e expositores de fora. Em suas edições, promovia julgamentos de animais, leilões, concurso leiteiro, provas hípicas e shows diários.
A propósito, o evento criado em 1961 pela Fundação Rural de Campos perdeu as características prioritárias de promover a agricultura e a pecuária da região. Hoje, vislumbra mais a presença de cantores famosos.
O grupo Excess, que ficou à frente do evento, projetou atrair público de mais de 250 mil pessoas e movimentar R$ 9 milhões. Se tais índices foram alcançados não se sabe.
Mas a linha de shows foi feita para motivar o povão. E vieram nomes como Zé Neto e Cristiano, Ludmilla, Wesley Safadão, Belo, Ferrugem, todos capazes de garantir boa bilheteria.
Ainda sobre a expoagro de Campos, vale dizer que a feira já não recebe pessoas de alto poder aquisitivo. Perdeu, portanto, o público alvo para os expositores e criadores de equinos e bovinos.
Assim é que não se viu, em jornais, e mesmo nas redes sociais, fotos de colunáveis circulando no parque da Fundação Rural. Bem diferente de um cenário, que já foi comum, de coquetéis em diferentes stands e no antigo Boi Bumbá.