Desemprego cai em todo o Brasil, mas Campos ainda vê cidades menores gerarem mais empregos
Dados do Caged apontam para necessidade de uma nova industrialização em Campos e região, capaz de ampliar a oferta de empregos e diversificar a economia local
O desemprego vem caindo, mês a mês, nacionalmente. Segundo o Caged, 1,78 milhão de trabalhadores em todo o país conseguiram ocupar novas vagas geradas de janeiro a outubro. E em Campos não é diferente, sustentado principalmente pelo setor de comércio e serviços. No entanto, chamam atenção os dados de novos empregos gerados em Campos e região, quando comparado a outros municípios. Com o ano próximo do fim, muitas famílias campistas caminham para 2024 sem perspectivas de trabalho formal com carteira assinada, muitos dependendo do subemprego em plataformas como Ifood e Uber. Em nossa região, a alta e queda na geração de empregos ainda pode ser medida pelo desempenho das safras de cana de açucar, indústria que já teve seus dias de glória, mas já não é capaz de puxar a locomotiva de um novo desenvolvimento que Campos precisa. Mas o que explica cidades menores que Campos gerarem mais que o dobro de empregos? Neste artigo, buscamos analisar comparativamente o desempenho de Lauro de Freitas, município com pouco mais de 200 mil habitantes, na Bahia, e que neste ano gerou duas vezes mais empregos que Campos. A análise é complexa, mas evidencia a urgência em debater uma nova industrialização e diversificação da economia campista, bandeiras levantadas por muitos governos até aqui, mas com poucos sinais de resolucão. Confira todos os dados na matéria completa.
A região Norte Fluminense gerou 708 empregos em outubro de 2023, saldo de 57,45% a menos em relação ao mês de setembro. Campos puxou a desaceleração com a eliminação de 238 vagas e São Francisco do Itabapoana com a eliminação de 84 vagas de emprego no mês, reflexo do final de safra da cana-de-açúcar, que, junto ao setor de serviços/comércio, concentram a maioria do empregos gerados na região. A informação foi divulgada pelo Núcleo de Pesquisa Econômica do Rio de Janeiro (Nuperj), que é coordenado pelo professor e economista Alcimar Chagas, com base nos dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged). Confira aqui em matéria do Folha1.
No acumulado, até outubro deste ano, foram geradas 17.298 vagas de emprego no Norte Fluminense. A título de comparação, Lauro de Freitas, cidade que mais cresce na grande região de Salvador, na Bahia, está entre as cidades, de 100 mil a 500 mil habitantes, que mais contrataram, com saldo positivo de 9.742 novos empregos gerados em 2023 no município, que tem 203.334 habitantes, segundo dados do IBGE e CAGED. O número, sozinho, é metade de todo emprego gerado nos 9 municípios do Norte Fluminense, no mesmo período.
Enquanto Campos ainda se caracteriza pela dependência do setor de comércio e serviços, amargando os piores indicadores durante a entressafra da cana de açucar, e ainda sentindo os efeitos dos desinvestimentos da Petrobras na região durante o governo Bolsonaro, Lauro de Freitas (BA) se destaca com um produto interno bruto (PIB) de mais de seis bilhões de reais no ano de 2019. É considerado um dos municípios mais industrializados da Bahia, ocupando a terceira posição, com destaque na área de eletrônicos e ferramentas, onde conta, inclusive, com uma fábrica da Lenoxx, e detendo um grande polo de "indústrias limpas", setor ainda pouco explorado na cidade de Campos mas com grande potencial tendo em vista os planos de empresas que se instalaram recentemente na região do Porto do Açu, em São João da Barra.
A prefeita de Lauro de Freitas (BA) é a bióloga e química, Moema Gramacho (PT), ocupando a prefeitura pelo 4º mandato, tendo recebido diversos prêmios pela criação do Programa Municipal de Aceleração do Trabalho, Emprego e Renda.
Em maio deste ano, o prefeito Wladimir Garotinho comemorou a notícia que o governo do estado planejava investir na reforma de 10 condomínios industriais administrados pela Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin-Rio), incluindo o condomínio industrial da Codin, além da criação de um novo pólo na cidade. A pauta foi debatida durante reunião entre o prefeito e a secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, Marina Esteves. Até o momento, nenhum resultado do investimento previsto de 400 milhões de reais para reforma dos condomínios industriais foi observado, em Campos. Confira aqui.
Os dados acumulados das duas cidades, quando comparados, apontam que há espaço para um desenvolvimento com foco na geração de emprego, que atraia principalmente indústrias com melhores salários e que busquem mão de obra qualificada. Considerando as oportunidades estratégicas que Campos oferece, ainda é de se lamentar que os números de emprego na região sejam pouco expressivos, principalmente quando lembramos que o município é um polo universitário com instituições de referência, mas que não consegue absorver os profissionais formados aqui.
As informações e números aqui apresentados têm base no acumulado do ano de 2023 apresentado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) divulgado em outubro do mesmo ano, podendo variar conforme surgem novas atualizações da pesquisa.