Originalmente, o título do filme é “The crawling eye”. Foi traduzido para o português como “Trollenberg terror”, título que ainda continua em inglês. Apareceu em português como “Rastreamento dos olhos” ou “Olhos rastreadores”, pois nem sei se ele foi exibido no Brasil. Trata-se de um filme em preto-e-branco produzido na Inglaterra em 1958 com direção de Quentin Lawrence. A base do roteiro é um seriado de 1956 para a TV. Como era comum na época, ele foi exibido juntamente com outro filme. Com duração de 84 minutos, havia tempo para dois filmes. Trata-se de uma característica dos filmes B.
O ambiente é a maravilhosa paisagem dos Alpes suíços, mostrada também em “Meyer de Berlim” (1919), “Romeu e Julieta na neve” (1920), ambos de Ernst Lubitsch, e “Agente secreto” (1939), de Alfred Hitchcock. Reúnem-se nele um agente da ONU, um cientista faz-tudo, um jornalista e uma moça com poderes paranormais. Ocorrências estranhas estão sendo registradas. Algo já verificado nos Andes. Montanhistas estão sendo decapitados por alguma força misteriosa.
O agente Alan Brooks (Forrest Tucker), da ONU, vai investigar as ocorrências. Ele é norte-americano (parece que filmes europeus da época precisavam colocar um artista dos Estados Unidos em cena para se legitimar). No trem que o conduz a um hotel no pé da montanha de Trollenberg, ele encontra as irmãs Pilgrim, que viajam para Genebra. Anne (Janet Munro), uma das moças, tem a capacidade de ler mentes. Pronunciado palavras estranhas e alheia ao que ocorre ao seu redor, ela tem um desmaio. Ao retornar ao estado consciente, ela insiste em ficar na cidadezinha para onde vai o agente Brooks.
Na paisagem nevada e encantadora, fica um hotel simples que traz nostalgia a uma pessoa que viveu nos anos de 1950: quartos simples com armários antigos e modestos; hóspedes conhecidos que formam uma espécie de família. Dali, Brooks vai ao encontro do professor Crevett (Warren Mitchell) no observatório de Trollenberg. Os dois se conhecem de longa data. Outra característica da época: o professor é astrônomo, médico, psicólogo e até mesmo legista se preciso for. É um cientista faz-tudo que não existe mais.
O que os aparelhos do observatório registram é uma nuvem radioativa semelhante a outra encontrada nos Andes. Talvez, ela explique as mortes misteriosas. A nuvem não apenas mata. Ela pode transformar uma pessoa em assassina. A moça paranormal “vê” dois homens serem atacados pela nuvem a quilômetros dali. Sua visão se confirma: os homens são encontrados mortos. O agente Brooks é um homem alto e forte. Só um cidadão dos Estados Unidos para salvar as pessoas. O que faz um agente? Age. Logo ele entra em contato com a ONU para enviar aviões de observação e bombardeio. Um dos homens atacados pela nuvem é desmascarado pela vidente. O homem não é mais humano. A nuvem o transformou numa espécie de zumbi.
A nuvem desce e ataca o hotel. Os sobreviventes refugiam-se no observatório. A nuvem ganha a forma de uma enorme criatura com um só olho e tentáculos. Ela cerca o observatório. O herói Brooks consegue salvar uma menininha. Essa cena era muito comum nos filmes antigos e, de certa forma, continua nos filmes atuais: criança não morre. A nuvem se divide em vários monstros. Eles matam ou subjugam mentes. Entramos agora no setor dos efeitos especiais. Os monstros daquela época eram primários, mas encantadores. Difícil acreditar que causassem medo. Por mais que a produção tenha custado mais que os simplórios filmes de Roger Corman, os monstros parecem concebidos como os dele. Brooks salva ainda o Philip Truscott, que caiu nas garras de um dos ETs. Salvar um jornalista é salvar a imprensa livre. Trata-se de uma mensagem subliminar.
Mas é hora de acabar com a farra de invasores espaciais. Brooks convoca um avião bombardeiro para eliminar os ETs. Mais uma vez, a Terra está salva no filme, graças aos Estados Unidos, a exemplo de muitos filmes da época.