Comemora-se neste sábado (12) o 213º aniversário de nascimento do naturalista britânico Charles Darwin, que morreu em 1882, aos 73 anos. Para marcar a data, a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e a Prefeitura de Cabo Frio realizam o Dia de Darwin, com programação das 8h às 17h na Fazenda Campos Novos, em Tamoios. O local foi escolhido por ser o único prédio ainda em pé onde Darwin pernoitou durante sua única visita ao interior do Rio de Janeiro, em 1832.
Está marcada para as 9h a assinatura do termo de cessão de uso da sede da fazenda pela Uenf, que criará no local um museu da ciência, além de uma escola de extensão. Viabilizado pelo repasse de R$ 30 milhões da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) à universidade, aprovado em 16 de dezembro de 2021, o projeto também prevê a restauração do Solar do Colégio, que abriga o Arquivo Público de Campos. O dinheiro já foi depositado na conta da Uenf, conforme divulgado pelo prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, e confirmado pelo reitor da universidade, Raul Palácio, em 25 de janeiro.
— Esse termo de permissão de uso é parte de uma colaboração que a Uenf tem com a Prefeitura de Cabo Frio, incluindo a restauração do prédio da Fazenda Campos Novos. Para isso, a Alerj repassou uma quantidade de recursos à instituição, para a instituição fazer esse processo. Esse termo para uso da fazenda é fundamental agora, porque ele pode representar o início da presença da Uenf na Região dos Lagos — afirma Raul Palácio. — No caso específico da Fazenda Campos Novos, a gente pretende colocar no primeiro andar do prédio principal um museu da ciência, porque aquele prédio é o único prédio ainda em pé onde Darwin pernoitou na sua visita ao Rio de Janeiro. Então, destinar aquele lugar à figura do Darwin e da ciência nos parece fundamental. Já no segundo andar, a gente vai colocar a escola de extensão da Uenf, especificamente com cursos para a área de agroecologia, economia solidária, cultura popular, cursos que realmente ajudem a alavancar a parte empreendedora das pessoas que têm mais necessidade — complementa o reitor.
Junto ao termo de cessão do uso da Fazenda Campos Novos, também serão assinados na cerimônia os planos de trabalho com a Escola Municipal Agrícola Nilo Batista e a Escola Municipal Professor Edilson Duarte. Estão previstos ainda uma edição da feira do produtor rural, das 8h às 17h; uma exposição de projetos de extensão ligados à ciência, a partir das 10h, destacando as contribuições de Darwin e apresentando ao público as coleções biológicas da Uenf; uma feira de troca de sementes e saberes, a partir das 10h, com produtores de várias cidades fluminenses; e o lançamento do livro “O Brasil de Darwin - As contribuições do Brasil para a teoria da evolução”, do professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) Luiz Mors Cabral, às 14h. Na ocasião, também será realizada uma oficina com agricultores e quilombolas.
— O objetivo do evento é celebrar e homenagear o Darwin e a ciência. Através desse evento, a gente coloca a importância da ciência para a vida e o desenvolvimento dos seres humanos e da sociedade de forma geral. É um evento de extrema importância, principalmente num momento em que o negacionismo tenta mostrar força e evitar, por exemplo, a vacinação de crianças e adultos (contra a Covid-19), bem como negar algumas ações em que a ciência realmente demonstra e determina o caminho correto a ser realizado. Também é um evento importante em razão de solidificar o relacionamento entre a Uenf e a Prefeitura de Cabo Frio, o que pode, sim, representar o início da presença da Uenf na Região dos Lagos, que é um sonho inclusive do início da nossa instituição. Um dos objetivos da Uenf é desenvolver o interior do Rio de Janeiro, especialmente as regiões Norte, Noroeste e Lagos. E, finalmente, não deixa de ser também uma prestação de contas da nossa instituição com a sociedade sobre tudo o que a Uenf pode realizar no desenvolvimento de diferentes cidades da nossa região — enfatiza Raul Palácio.
O homenageado — Charles Robert Darwin nasceu no dia 12 de fevereiro de 1809, na Inglaterra. Ele foi um naturalista, geólogo e biólogo conhecido por seus avanços sobre evolução nas ciências biológicas. Teve grande destaque internacional o seu livro “A Origem das Espécies”, que contribuiu para o entendimento da evolução e, atualmente, é considerado um dos livros acadêmicos de maior influência na história.
Durante a sua passagem pelo Brasil, Darwin se deparou pela primeira vez com a diversidade da floresta tropical e também se chocou com a escravidão, reforçando suas convicções abolicionistas de que todos os seres humanos compartilham a mesma linhagem sanguínea em razão da ancestralidade comum. De 8 a 24 de abril de 1832, excursionou pelo estado do Rio, passando inclusive por Cabo Frio.
— Em Campos Novos, comemos suntuosamente com arroz, frango, biscoito, vinho e aguardente no almoço, café à noite e café com peixe para o desjejum. […] Foi uma noite muito fresca e agradável. O termômetro na grama marcava 74ºF (23ºC). Saí para coleta e encontrei algumas conchas de água doce — escreveu na época o naturalista, que também visitou os municípios de Rio de Janeiro, Niterói, Maricá, Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Casimiro de Abreu, Macaé, Conceição de Macabu, Rio Bonito e Itaboraí.
