Matheus Berriel
28/01/2022 18:55 - Atualizado em 31/01/2022 15:25
Um misterioso peregrino chega a uma cidade dominada por homens autoritários e sem escrúpulos, e sua presença ameaça o poder do general que comanda toda a região. Esta é a base do roteiro do curta-metragem “Faroeste Cabrunco”, um western cujas gravações acontecem neste fim de semana, em Campos. Dirigido pelo campista Victor van Ralse, o filme tem quase toda a ficha técnica e o elenco formados por talentos da planície goitacá, entre eles os protagonistas Tonico Pereira e Renato Filho. A previsão é de que a obra fique pronta em março, com desejo de lançamento no cinema por parte do diretor.
Enquadrada pelas câmeras, Campos vira cenário de faroeste. A relação entre campo e cidade é evidenciada na produção, que representa a seca, a pobreza dos cabruncos e a riqueza da terra dos lamparões. Trata-se, portanto, de uma representação das diferenças entre uma minoria poderosa e uma maioria carente.
— A proposta do filme é mostrar a essência da alma campista, que sempre foi lutadora por seus direitos. Isso pode ser visto tanto na trama do filme quanto na sua realização, porque estamos fazendo um curta de ficção no gênero western e, ao mesmo tempo, um documentário registrando todo esse processo, do roteiro até a finalização. É um projeto realizado por artistas e técnicos locais, nascidos ou moradores da cidade — afirma o diretor Victor van Ralse. A inspiração é no western spaghetti, subgênero do tradicional faroeste, mas com origem italiana.
Com gravações iniciadas nessa sexta-feira (28) e rolando até domingo (30), as cenas principais acontecem no Mosteiro de São Bento, no Haras Kai Kai e na praça do Santíssimo Salvador. Também há tomadas feitas nos arredores do Solar do Colégio, que abriga o Arquivo Público Municipal, e na sede do Jockey Club de Campos, onde no passado funcionou o Hipódromo Linneo de Paula Machado.
Escolhido para interpretar o personagem General, o ator Tonico Pereira não atua em sua cidade natal desde outubro de 2017. Em “Faroeste Cabrunco”, ele dá vida a um homem branco de 73 anos, que usa ameaças para ditar as regras na cidade em que vive.
— Faz algum tempo que não vou a Campos para um trabalho. A última vez foi com o espetáculo teatral “O julgamento de Sócrates”. Trabalhei muito pouco em Campos, que não me dá muita bola. Mas, recebi esse convite e aceitei. Num momento pandêmico, qualquer convite é precioso. E eu gostei do roteiro. É um curta-metragem que representa bem o coronelismo de outrora na cidade — destaca Tonico, famoso por trabalhos como o “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, em que deu vida a Zé Carneiro, de 1977 a 1985, e “A Grande Família”, fazendo o papel de Mendonça, de 2001 a 2014, ambos na Rede Globo, entre outros.
Já o personagem Peregrino, interpretado em “Faroeste Cabrunco” por Renato Filho, é um andarilho de 30 anos, negro, que usa a coragem para combater a decadência e a falta de esperança do povo local. Também integram o elenco os atores Jonathan Margades (Lamparão), Lívia Prado (Sacerdotisa), Ricardo Jr. (Tisgo) e Maurício Xexéo (Capanga). A equipe técnica inclui os diretores de produção, Liana Macabu; fotografia, Tiago Vidal; e arte, Luiza Magalhães.
O projeto “Faroeste Cabrunco” é realizado com recursos da lei federal Aldir Blanc, tendo sido aprovado no concurso público “Culture Campos Conectado”, do Fundo Municipal de Cultura (Funcultura) de Campos. A Femac Móveis e o Haras Kai Kai estão entre os apoiadores. De acordo com a direção do curta-metragem, as gravações seguem todos os protocolos de biossegurança referentes à Covid-19.
Honraria — Nascido em Campos, o ator e humorista Tonico Pereira já foi homenageado pela Folha da Manhã, em 2001. Ele foi o segundo premiado com o Troféu Folha Seca, que desde 2000 homenageia campistas com destaques em suas áreas de atuação. A cerimônia de premiação contou com show do cantor e compositor Dominguinhos.