Cinema - Pedras assassinas
*Edgar Vianna de Andrade - Atualizado em 03/01/2022 19:44
Cartaz de divulgação do filme 'The Monolith Monsters'
Cartaz de divulgação do filme 'The Monolith Monsters' / Divulgação
Uma pedra pode matar uma ou mais pessoas. Ela pode rolar de uma elevação e atingir casas, não só as destruindo como matando seus moradores. Com muita frequência, assistimos a casos como este nas áreas de risco durante chuvas de verão. Geralmente, as vítimas são pobres. Alguém pode também jogar uma pedra na cabeça de uma pessoa e matá-la. Trata-se de caso mais difícil.
Imaginemos uma morte causada por aqueles sistemas acionados por uma peça que empurra outra, que destrava outra, que impulsiona outra e assim sucessivamente, até atingir o alvo, que, no caso, é uma pessoa, e essa morre. Imaginemos que, há milhões de anos, um asteroide tenha atingido a Terra. Nenhuma pessoa teria morrido por ainda não existir. Então, o núcleo do asteroide abriu uma cratera e deixou à sua volta inúmeros fragmentos.
Daí, um geólogo rumo ao seu trabalho estaciona o carro por qualquer motivo e recolhe uma pedra que considerou bonita ou estranha. De noite, enquanto ele dorme, o vento derruba uma peça, que entorna um pote de água sobre a pedra. Sempre que molhada, ela desperta do seu torpor milenar e se multiplica, principalmente em contato com alguém, pois retira dos seres vivos substância para sua proliferação. A pessoa morre petrificada. O perigo se instala em Santo Angelo, Califórnia, numa cidade que parece ter sido montada para o filme.
Geólogos e médicos trabalham para descobrir o mistério e conseguem. Em contato com a água, as pedras matam humanos. Mas se a água for salgada, elas morrem, se é que podemos dizer que um mineral morre. Em linhas gerais, esse é o roteiro de “The Monolith Monsters”, filme de 1957 dirigido por John Sherwood, conhecido diretor de filmes B. Ele se inspirou numa história escrita em parte por Jack Arnold, um grande nome do cinema nos anos de 1950.
Com uma forte chuva caída sobre o meteorito e seus fragmentos, as pedras ganham vida e fazem um festival. Elas representam uma ameaça para a cidade. Elas podem petrificar seus habitantes e depois ganharem o mundo, pois tudo começa assim nos filmes dos Estados Unidos. Algo de diferente ocorre numa cidadezinha e ganha o mundo. Mas eis que os cientistas promovem uma avalanche de água que se mistura com o sal do deserto e põe a casa em ordem.
As pedras estão lá há milhões de anos. Muita chuva caiu sobre elas, mas só agora os monólitos ganham vida. A gente perdoa essas incongruências nesses filmes, pois, com ou sem elas, tais filmes eram a nossa alegria nos anos de 1950 até perto de 1965. Muito filme caro ainda está cheio de incongruências nos dias que correm.

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