Campos tem protagonismo no RJ
- Atualizado em 31/12/2021 08:47
Na Grande Família da política fluminense comandada pelo governador Cláudio Castro (PL), tem espaço para parcerias, investimentos, brigas e questionamentos. Dentro desse ano pré-eleitoral que termina, Campos ganhou protagonismo e a promessa é que a região continue na rota do Palácio Guanabara em 2022. Desde o início do mandato, o prefeito Wladimir Garotinho (PSD) buscou a aproximação com Castro. Ao mesmo tempo, o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD) também se cacifou para se tornar o braço direito do governador ao assumir a importante secretaria de Governo. Aliados no plano estadual, Wladimir e Bacellar não escondem as diferenças na planície goitacá e nem mesmo as intervenções públicas de Cláudio Castro foram suficientes para evitar as trocas de farpas e polêmicas entre as duas tradicionais famílias da política campista.
Impulsionado pelo dinheiro da concessão da Cedae, o Governo do Estado anunciou um grande pacote de investimentos para várias regiões. Inicialmente, em Campos, seriam aproximadamente R$ 500 milhões em ações. No entanto, em entrevista ao Folha no Ar, na Folha FM, em 17 de dezembro, Wladimir disse que o montante pode chegar até a R$ 1 bilhão.
Entre os principais parcerias, estão a já iniciada reforma do Hospital Geral de Guarus (HGG), a urbanização do Parque Saraiva e outros 10 bairros e a abertura de duas unidades do Restaurante do Povo no Centro (já em funcionamento) e em Guarus, entre outras coisas.
— Eu já posso antecipar que serão mais de R$ 500 milhões, bem mais, até podendo dobrar, podendo chegar a R$ 1 bilhão de investimento aqui no município. Quando eu apresentei os projetos a ele, eu falei que o HGG era prioridade das prioridades — disse Wladimir.
Mesmo com o protagonismo de Campos no Governo do Estado, nem tudo são flores entre os aliados de Cláudio Castro na planície. Apesar de estarem debaixo do mesmo guarda chuva no Palácio Guanabara, Waldimir e Bacellar colecionam polêmicas em 2021. Depois de várias alfinetadas e trocas de acusações entre ambos, sobrou para o governador tentar selar a paz. Durante agenda em Campos em agosto, Castro gravou um vídeo ao lado dos dois de mãos dadas. “Queria agradecer a presença, aqui, lado a lado, do prefeito Wladimir e do deputado Bacellar, pois é assim, juntos, que vamos conseguir mudar Campos e todo o Norte e Noroeste”.
A bandeira branca não durou muito. A troca de farpas esquentou no mês seguinte, quando Wladimir abriu uma discussão com Bacellar nas redes sociais. Ao rebater, o secretário de Governo citou a primeira-dama Tassiana Oliveira, que chegou a registrar ocorrência na delegacia por ofensa. O ano de 2021 termina com essa novela em aberto, com o início de um ano eleitoral.
Castro se equilibra entre direita e esquerda
A tentativa de união entre os antagônicos Wladimir Garotinho e Rodrigo Bacellar em Campos no palanque de Castro é um reflexo do equilibrismo político que o governador busca costurar em todo o estado de olho nas urnas em 2022. Ex-vereador carioca, ele foi eleito vice-governador na surpreendente campanha que levou o ex-juiz Wilson Witzel (PSC) ao Guanabara em 2018, puxado pela onda bolsonarista. Com o impeachment de Witzel, coube a Castro a missão de comandar o Rio de Janeiro.
No cargo, mostrou habilidade para negociar alianças com várias frentes. O senador Flávio Bolsonaro (PL) confirmou à Folha, em visita ao Porto do Açu, em setembro, que o governador terá a bênção da família Bolsonaro em 2022.
Além disso, Castro também possui boas relações com nomes importantes da esquerda, como o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano (PT), e o ex-presidente estadual do PT Washington Quaquá. Aliás, o ex-prefeito de Maricá causou polêmica ao elogiar a atual administração estadual em agosto. Opinião compartilhada pelo prefeito do Rio Eduardo Paes (PSD), em entrevista ao Folha no Ar, em julho.
Cotado para entrar na corrida ao Palácio Guanabara, Paes descartou a possibilidade, mas virou a “noiva preferida” dos pré-candidatos. Por ora, diz que apostará em um nome do seu partido, lançando a pré-campanha de Felipe Santa Cruz, presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
A nível estadual, com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Partido dos Trabalhadores está com uma aliança praticamente acertada para apoiar a candidatura do deputado federal Marcelo Freixo (PSB) a governador. Freixo, no Folha no Ar, em agosto, deu nota zero a Castro.
Apesar dos elogios e da boa relação, Ceciliano afirmou que seguirá a direção do PT e que seu principal objetivo é eleger Lula para presidente.

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