O ano de 2021 ficou marcado pelo início da vacinação contra a Covid-19 no país, ao mesmo tempo em que se agravava a pandemia em todo o país, nos primeiros meses, e não foi diferente em Campos. No município, com a massificação da imunização — ainda sem alcance dos 80% da população imunizada — óbitos e internações começaram a cair no segundo semestre. Crise econômica, negacionismo, gente cansada do “fique em casa, se puder”, dois lockdowns (janeiro e março) no meio da jornada. Com a sucessão dos meses, vieram flexibilizações e o anúncio, em dezembro, da fase branca. Porém, desde o início da pandemia, em 2020, até o dia 24 de dezembro, 1.720 campistas perderam a vida para o vírus, com um total de 52.282 casos confirmados. O ano termina com o mundo em alerta: a variante Ômicron segue se alastrando.
O início da gestão do prefeito Wladimir Garotinho (PSD), em 2021, ficou notado pelo desafio de enfrentar o maior período de circulação do vírus desde o início da pandemia e, junto a isso, a atual equipe mudou a forma de abordagem frente à circulação viral ao ser feita a descentralização do acolhimento dos pacientes. O que antes era feito em único local, o Centro de Controle e Combate ao Coronavírus (CCCC), passou a ser feito em oito unidades de saúde espalhadas pelo município.
O período mais crítico foi entre os meses de março e maio, quando ocorreu uma explosão no número de casos, com subida vertiginosa nos patamares de contágio e óbitos, incluindo os casos graves, o que levou à superlotação dos serviços de saúde. No período, Campos chegou a ter mais de 50 pacientes por alguns dias aguardando em fila de espera para internação. Atualmente, a ocupação de leito UTI está em 4,55% nas redes SUS e privada, segundo boletim do último dia 24.
“Para o início do ano de 2022 esperamos um cenário menos catastrófico, menos grave mesmo com o surgimento da variante Ômicron, pois temos uma significativa parcela da população já completamente imunizada. Essa imunização confere proteção, mesmo que parcial, para a variante Ômicron e, principalmente para casos graves, internações e óbitos. Então, a expectativa é que haja novo aumento de casos, mas que não será como foi no início do ano de 2021, e, certamente não veremos aumento de casos graves, internações e óbitos”, diz em nota a pasta da Saúde municipal. E ainda reforça: “A perspectiva a curto e médio prazo é boa e não esperamos nos deparar com o momento catastrófico vivido nos meses de março a maio”.
Vacina — A aplicação da primeira dose da vacina em Campos aconteceu no dia 19 de janeiro. Desde então, várias foram as mudanças sobre a forma da vacinação, mas o município já aplica a dose de reforço. Um total de 374.802 campistas tomaram a primeira dose, 321.308 a segunda e 70.548, a terceira. O município ainda busca cerca de 30 mil pessoas que não se imunizaram. Também se prepara para vacinar as crianças entre 5 e 11 anos.
Em meio à crise, emprego volta a crescer
O Plano de Retomada da Economia de Campos, ainda em meio a uma das maiores crises sanitárias do mundo, seguiu mesmo no período mais crítico e com dois lockdowns no primeiro semestre do ano. As ações são diversas. Além das flexibilizações de acordo com boletins técnicos, o município junto com a iniciativa privada buscaram formas de fazer dar certo e a economia voltar a crescer. Em agosto, um dos segmentos que mais preocupava, o educacional, voltou a levar as crianças de volta para as escolas.
A vinda de grandes franquias para o município, por exemplo, neste ano, significou aumento no número de empregos. Nos primeiros10 meses, Campos teve saldo positivo de 4.620 novos empregos, número bem diferente de 2020, quando fechou o ano com menos 1.295 empregos, consequência da pandemia da Covid-19, que paralisou atividades de vários setores produtivos. O levantamento é da secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Na reta final do ano, uma outra ação foi elaborada pelo município em parceria com o Sesc-Rio. O município realizou neste mês de dezembro duas edições do Fórum do Empreendedor, inclusive com apoio do Grupo Folha e da InterTV Planície. A primeira palestra, no último dia 12, foi com a esportista Patrícia Amorim, ex-presidente do Flamengo, voltada para incentivar o público feminino. No dia 20, foi a vez do treinador e ex-jogador de vôlei, Giovane Gávio, com o tema “Vencendo desafios”. A palestra de Bernardinho do vôlei ficou para 2022.
O Plano envolve várias iniciativas, como cursos de capacitação, apoio a eventos e parcerias para geração de emprego.
CPI da Covid deverá refletir nas eleições
Enquanto o número de mortes diárias subia, a CPI da Covid fazia o Congresso tremer a cada depoimento. Em outubro, o parecer aprovado propôs 80 indiciamentos, entre pessoas físicas e empresas. O presidente Jair Bolsonaro, inclusive, é uma delas, com uma lista grande de crimes desde “crime contra a humanidade na condução da pandemia” ,“charlatanismo” a “prevaricação”.
Foram seis meses de trabalho, até o relatório ser aprovado. O Senado aponta uma série de condutas do presidente na condução da crise sanitária que contribuíram para o Brasil atingir a trágica marca de mais de 600 mil mortos pela doença.
Para a comissão, Bolsonaro praticou os crimes de: responsabilidade por ter defendido a imunidade de rebanho por contágio; incitação ao crime ao estimular a população a infringir medidas de distanciamento social; emprego irregular de verba pública ao destinar recursos para a compra de remédios ineficazes; crimes contra a humanidade; charlatanismo ao defender o uso de remédios ineficazes; falsificação de documento particular ao atribuir ao TCU estudo questionando o número de mortes por Covid em 2020; prevaricação no caso da compra da vacina Covaxin e o crime de infração de medida sanitária.
Porém, as chances dele sofrer punição são pequenas, na avaliação de analistas políticos e juristas. Segundo analistas, o impacto maior deverá ser no campo político.