Em “O menino invisível” (“The invisible boy”), filme dirigido por Herman Hoffman e lançado em 1957, a ameaça é a tecnologia, quando não devia ser mais, já que o roteiro é ambientado no século 23. Mas, é sempre difícil imaginar o futuro. “O menino invisível” mostra um contexto tipicamente norte-americano da década de 1950: casal de classe média; esposa doméstica e sempre bem trajada; marido cientista dedicado ao trabalho; país vivendo a Guerra Fria.
Existe um grande inimigo nunca nomeado. Ele ameaça a paz. O Dr. Tom Merrinoe é um gênio. Ele opera um supercomputador num instituto civil que presta serviço às forças armadas. Embora no século 23, as mãos dos que formam a equipe do instituto se revezam entre o teclado do computador e a caneta colocada atrás da orelha. As consultas são feitas à máquina em papeis manuscritos. Não há perigo. O computador jamais erra, mas não passa de um cérebro completamente inofensivo e subserviente ao Homem.
Timmie Merrinoe (Richard Eyer), o filho do casal, não gosta das ciências matemáticas, apesar dos esforços do pai. Ele quer brincar com Robby, o robô que celebrizou “O planeta esquecido”, filme de 1956. Ele está jogado no porão da casa esperando para ser descartado. Afinal, ele já é um robô obsoleto perto do supercomputador operado pelo Dr. Tom.
Mas, ao lado de guerras nucleares e contaminação por radioatividade, as máquinas não são tão inofensivas como se imagina. Por conta própria, o supercomputador se auto-programa para dominar o mundo. Ele só tem uma limitação: não conta com mãos e pés para segurar e andar. Contudo, com ajuda do garoto Timmie, ele transmite programações para o dócil Robby, que passa a ser seu executor. Ele torna invisível o menino e domina uma nave espacial prestes a ser lançada pelas forças armadas como espiã. Robby enfrenta o mais cerrado tiroteio e entra na nave onde, inexplicavelmente, o menino invisível já se encontrava e parte para o espaço.
Na Terra, o supercomputador comanda toda a trama para dominar a Terra. Ele não tem mãos nem pés, mas tem cérebro. Ele será pior que o grande inimigo inominado. Talvez mesmo ele domine todo o Universo. Mas esses computadores ambiciosos sempre têm um ponto fraco. Os humanos sempre escondem uma carta na manga. O Dr. Merrinoe triunfa. Seu filho e Robby saltam da nave espacial e, mais uma vez misteriosamente, voltam à Terra num planador.
Mas o que pode vencer uma superinteligência? A resposta não é difícil: o amor. Só ele constrói e, no final, sempre triunfa sobre o mal e as máquinas, que não têm sentimentos. O próprio Robby, um autômato em vésperas de se transformar em ferro velho, ainda é um bom robô. Na sua programação, estão inoculados os bons sentimentos. Até ele resiste às ambições do grande computador e protege o menino.
Produzido pela Metro, o filme apresenta boa qualidade de fotografia e efeitos especiais. Ficou faltando apenas mais cuidado com o roteiro.