Com o título “A vida e o mundo na pandemia da Covid-19 pelos olhos das crianças”, 18 estandantes das redes pública e privada de Campos, entre 6 e 11 anos, opinaram sobre a trajetória do mundo moderno com o vírus e mostraram seus sentimentos, medos e anseios em desenho. Mais de um ano depois, na releitura do material, com a epidemia mais controlada, o que chama atenção era a previsão futura do efeito na humanidade. Entre o que as crianças esperavam e o que a história diária nos apresenta.
As entrevistas do jornalista Aluysio Abreu Barbosa ganharam espaço no Blog Opiniões e nas páginas da Folha da Manhã, em 9 de maio de 2020. O texto logo inquiria: “Se nenhum especialista é capaz de dizer quando essa crise vai passar, mais que qualquer um deles, são as crianças de hoje que poderão responder: como será o mundo depois que isso tudo acabar? Será aquele que suas vidas construírem, a partir das que foram e serão destruídas pela Covid-19”.
“Sinceramente, quando essa pandemia acabar, o mundo continuará do mesmo jeito, pois nós, seres humanos, desprezamos a capacidade de um vírus e somos egoístas”, já previa Bernardo Soares Tuche. Em maio, ele já afirmava: “Não é uma gripezinha nem aqui, nem na China”. “Acredito que todos terão mais cuidado com o corpo, a natureza e com o próximo” projetava Kaio Riscado Costa.
- Acho que ele (o mundo) vai ficar diferente. Ou, pelo menos, deveria ficar! As pessoas estão aprendendo com essa quarentena a dar valor ao que tem. Muitas estão reclamando de não poder sair, mas quando tudo isso acabar, elas agradecerão por todo o aprendizado que estamos tendo com essa situação - chegou a imaginar Glenda Calmon Souto Alencar.
O estudante Aquiles Paes Pasco Peixoto Neves disse em 2020: “Acho que as pessoas e o mundo vão estar diferentes depois disso tudo, só não sei como”. Agora, em 2021, ele afirma: “é óbvio que o mundo mudou, mas as pessoas não. A pandemia não acabou ainda, temos vacinas, eu já fui vacinado, mas são mais de 600 mil mortos no Brasil. Tem gente que ainda não acredita na ciência e é contra a vacina. Na minha família, meu irmão e a namorada pegaram Covid e melhoraram. Ainda não sei como será quando a pandemia acabar”, ressalta Aquiles, que segue usando máscara. O adolescente, diferente de muitos colegas, ainda não voltou ao ensino presencial, já que sua família optou por manter o remoto para fechar o ano letivo.