Duas histórias chamaram atenção em Campos, ainda no primeiro semestre de 2021, no auge da terceira onda da pandemia. Dois bebês nasceram com anticorpos para a Covid-19, na maternidade da Beneficência Portuguesa. Manuela, nasceu em maio, e se transformou em celebridade após o resultado do exame confirmado pelo laboratório Hermes Pardini, de Minas Gerais. Em junho, Alisson apresentou a mesma condição para a alegria da mãe Fabrícia e mais uma surpresa para os profissionais de saúde da maternidade.
Moradora do Novo Jóquei, filha de pedreiro e doceira, Manuela nasceu no dia 29 de maio. Sua mãe, Marcilene Souza, 42 anos, no primeiro trimestre de gestação testou positivo para a Covid e Chikungunya. Segundo ela, foram dias difíceis onde só o que fazia era chorar. Durante a gestão ela não se vacinou, ainda havia muitas dúvidas sobre o imunizante para grávidas.
Ao relatar que havia passado pela Covid, a iniciativa de fazer o teste partiu da pediatra da unidade médica. A maternidade passou a testar os bebês que nasceram após relatos das mães de terem contraído a Covid-19.
A mãe Alisson, Fabrícia de Almeida Ferreira, de 31 anos, é de Santa Maria Madalena, mas os pais dela moram em Campos, na Codin. Ela contou que foi infectada pelo vírus no sexto mês de gestação.
Com dos dois casos, a Beneficência, mesmo sem exigência, instituiu o exame como regular para mães que tenham sido infectadas pelo vírus; uma forma de contribuir com a ciência que pouco sabe ainda sobre a doença.
Na ocasião, a mãe do menino chegou a falar com a imprensa: “Estou feliz. Quando eu tive Covid, fiquei muito preocupada em acontecer alguma coisa com o meu bebê. Mas, ele nasceu bem. E com esse resultado só espero que ele continue imune”.
O pediatra Márcio Geovani era um membro da equipe que olhou o bebê na visita à maternidade. Segundo ele, são muitas perguntas sem resposta. Uma delas é: “quanto tempo vai durar essa imunidade?”, indagou. Ele também lembrou que os dois casos em Campos eram novidades.
O coordenador da maternidade da Sociedade de Beneficência de Campos, Denisley Henrique de Jesus, explica que a equipe investigou a situação das crianças e todos foram surpreendidos pelos resultados dos exames. “Não tivemos mais nenhum caso de criança com anticorpo na maternidade após os dois nascimentos relatados”, informa e ressalta que os casos foram comunicados à Secretaria Municipal de Saúde.
Bem distante de Campos, o Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e a Secretaria de Saúde de Minas Gerais, iniciou pesquisa neste campo, com bebês que nasceram com anticorpos como Manuela e Alisson.