Morreu na manhã dessa terça-feira (23), aos 63 anos, o repórter fotográfico e colunista social Esdras Pereira, titular da coluna que leva o seu nome na Folha da Manhã e, no início da pandemia, passou a ser publicada às quartas-feiras e aos sábados. Ele tratava um linfoma descoberto há alguns meses e, desde o último domingo (21), estava internado no Hospital Dr. Beda, em Campos, onde faleceu. O sepultamento aconteceu na tarde da própria terça, no cemitério Campo da Paz, sendo precedido por uma pequena cerimônia, sem velório durante o dia. O fotógrafo e colunista deixa a esposa, Alba, três filhos e netos.

Prestes a completar 50 anos no ramo da fotografia, Esdras chegou a abrir, no início deste mês, a sua exposição “Flores & Papiros”, que segue em cartaz até sexta-feira (26), no Galpão da Arte da Femac, com apoio da Folha. Contendo 66 painéis, todos emoldurados, a mostra inclui imagens de flor de boldo, onze-horas, Maria-sem-vergonha, hibisco, flor de romã, orquídea, entre outras espécies.

— Sempre ao acordar, eu vou ver quais flores estão florescendo naquele dia. Considero as flores uma bênção diária de Deus. São muitas bênçãos, muitas flores, e muitas vezes as pessoas não se atentam para a beleza delas, porque se torna tão corriqueiro que a pessoa olha sem ver — disse Esdras em matéria publicada na Folha no último dia 3.

Se as flores são autoexplicativas, destacadas pela sensibilidade de quem as fotografou, o termo “papiros” no título da mostra faz referência aos diferentes tipos de papel utilizados por Esdras na impressão das fotos. Tanto os cliques quanto o trabalho de edição das imagens funcionaram como ocupações que o auxiliaram na recuperação de um quadro de Covid-19, diagnosticado em junho do ano passado. Ele ficou internado por quase um mês, com duas passagens por Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

— Na quarentena, isso me ocupava. Tive Covid, fui para a UTI. Quando voltei a casa pela primeira vez, foi um bálsamo para mim. Cada flor linda que eu via de manhã era uma bênção. Aquilo me dava vigor, me trazia felicidade, e a felicidade está muito ligada à imunidade. Tive sequelas graves, retornei para a UTI e, quando saí, voltei tanto a fotografar as flores quanto a trabalhar (na edição). Não consegui parar de trabalhar, mesmo tendo ficado bastante debilitado, porque isso me ocupava, me dava satisfação — declarou Esdras na mesma entrevista à Folha.

Durante o sepultamento, nessa terça, uma das filhas do repórter fotográfico e colunista social, Marina Rios, comentou a felicidade do pai com a boa aceitação de “Flores & Papiros” pelo público.

— Nos últimos meses, ele estava pleno, muito feliz com a sua exposição e a vernissage, que foi um sucesso, onde ele conseguiu vender muitos quadros. Agora, Deus está trazendo consolo, e eu não vou deixar a memória dele morrer. Vamos ressignificar esse momento. Por isso, agradeço a todos aqui presentes — afirmou Marina.

Natural de Campos, Esdras Pereira começou a fotografar aos 14 anos, usando uma câmera Beauty Flex que pertencia ao seu pai. Foi justamente o pai quem o levou para trabalhar na loja do fotógrafo Dib Hauaji, com Esdras tendo, pouco tempo depois, uma imagem de sua autoria publicada no jornal “Monitor Campista”. Ali teve início uma extensa relação com a imprensa, fortalecida a partir da parceria com o jornalista Aluysio Cardoso Barbosa, então editor-chefe de “A Notícia”, que seguiu uma indicação de Dib e o levou para trabalhar como repórter fotográfico no veículo. De lá, Esdras seguiu para o “Jornal do Brasil”, do qual Aluysio era correspondente, dividindo com o parceiro de inúmeras matérias um histórico furo de reportagem: o primeiro carregamento comercial de petróleo na Bacia de Campos, em 1977.

A dupla em “A Notícia” e no “Jornal do Brasil” fez com que Esdras fosse escolhido por Aluysio como um dos envolvidos no processo de criação da Folha da Manhã. Antes mesmo da fundação desta, em 1978, ele colaborou na formação do arquivo de fotos da editoria de Esporte. A atuação se estendeu para a própria existência do jornal, ilustrando com suas fotos outras reportagens com repercussão local e nacional.

Na Folha, Esdras também desenvolveu o talento de colunista, tendo como uma das características do seu trabalho o fato de mesclar notas sobre a sociedade campista com as de cunho prioritariamente jornalístico. Para além do jornal, teve diversos projetos pessoais, como a revista “Somos Assim”. Também apresentou eventos e foi dono de restaurantes. Na culinária, tornaram-se marcantes entre amigos as suas elogiadas paellas.

— Atualmente, Esdras estava na melhor fase da sua vida. Brigou com a vida, mas a vida já tinha estendido a mão para ele. Ele se renovou em todos os sentidos: espiritualmente, como marido de Alba, que foi uma grande companheira dele, e como pai: com filhos do primeiro casamento, tendo reatado laços, e com Marina, que foi um presente de Deus para Esdras e de Alba, permeando novos caminhos na vida do casal. Aí veio a Covid, e ele foi um herói. Agora, veio o câncer, que ele também queria vencer, mas Deus resolveu dizer: “a sofrer muito, você já plantou, já colheu, e terminou com uma exposição maravilhosa sobre as flores, de muita sensibilidade em relação à natureza”. Foi muito prestigiado. Ele terminou épico em todos os sentidos — enfatizou a diretora-presidente do Grupo Folha de Comunicação, Diva Abreu Barbosa.

A Associação de Imprensa Campista (AIC) emitiu nota recordando a trajetória de Esdras. Em 2019, ele foi homenageado pela entidade durante a Semana de Imprensa realizada pela AIC em parceria com o curso de jornalismo do Centro Universitário Fluminense (Uniflu). 

Além da fase final da vida de Esdras, Diva Abreu Barbosa também lembrou de outros momentos importante durante a sua trajetória.

— Eu estava lendo agora o livro de Belisa Ribeiro sobre o “Jornal do Brasil”, em que ela conta a história de Esdras e Aluysio Cardoso Barbosa, como eles descobriram que havia carregamento comercial de petróleo na Bacia de Campos. Era durante a ditadura, e eles não queriam ainda dar essa nota, porque era tudo mais censurado. O jornalismo, então, nem se fala. Relendo o livro, eu vi que Aluysio e Esdras formaram uma dupla imbatível no jornalismo de Campos. Essa matéria abriu o Jornal do Brasil. Profissionalmente, nessa época Esdras já era um garoto de raro talento e muita sensibilidade fotográfica. Um belo repórter fotográfico, destemido. Nunca vi uma dupla tão importante quanto aquela no jornalismo de Campos, os dois foram muito profissionais. ", destacou a diretora-presidente do Grupo Folha.

A carreira do fotógrafo e colunista social também foi evidenciada pelo diretor financeiro da Folha da Manhã, Christiano Abreu Barbosa.

— Esdras foi um dos maiores nomes do fotojornalismo em Campos, um dos pioneiros. A história da Folha se confunde um pouco com a história dele, que começou lá atrás, com o meu pai (Aluysio Cardoso Barbosa), no JB (Jornal do Brasil). Tiveram várias matérias com repercussão nacional pelo jornal, inclusive estavam juntos na descoberta do petróleo na Bacia de Campos. A matéria dos dois foi um furo nacional dado na capa do JB. Depois, ele teve alguns investimentos próprios na área da comunicação, com jornais e revistas, e, com um olhar sempre aguçado, soube migrar para o colunismo social. A coluna dele teve muitos anos na Folha, era sensacional. No nível informativo, falando dos dias atuais, ele era o que foi Ancelmo Góis para “O Globo”. Esse era o estilo de coluna dele, que tinha a parte social, mas sempre tinha um tom crítico, tinha notas de cunho jornalístico. Ele era muito bem informado, tinha um olhar muito aguçado, crítico, e a coluna dele tinha grande sucesso. É uma perda enorme profissionalmente, além de ser uma ótima pessoa, sempre muito parceira da Folha. A parceria sempre foi além da relação de trabalho, ele sempre esteve presente em todos os momentos da Folha da Manhã. Lutou bastante contra o câncer, foi bravo, mas, infelizmente, veio a falecer. Transmito à família os nossos sentimentos. Ele fez e faz parte da família Folha — disse Christiano.

Sem palavras ao saber da morte de Esdras, a empresária de Comunicação Cristina Pereira, ex-sócia da Folha, disse que os tempos de alegria estão sumindo. "Trabalhamos juntos na Folha. Um tempo bom. Saudades. Sempre estava e estive aplaudindo o seu trabalho, os seus talentos, que eram muitos. Tenho uma sensação de que os tempos de alegrias, brincadeiras, luzes e flashs estão assim sumindo, se apagando, diminuindo", lamentou.

O designer gráfico Luiz Carlos França, ex-sócio da Folha da Manhã, destacou que a morte de Esdras deixa uma lacuna no jornalismo de Campos. "A morte prematura de Esdras deixa uma lacuna no jornalismo de Campos. Foi um excelente repórter fotográfico com atuação destacada no Jornal do Brasil e na Folha da Manhã, onde tivemos oportunidade de conviver por muitos anos .Empreendedor deixa sua marca em outras áreas e deixará saudade no vasto círculo de relações que construiu e cultivou", lamentou.

Outro ex-sócio da Folha, o publicitário Cláudio César Soares foi contemporâneo de Esdras em sua atuação profissional. “Um amigo querido, que conheci desde o tempo do jornal 'A Notícia'. Depois, passou pelo 'Jornal de Brasil' e pela Folha da Manhã. Ficamos por lá durante 30 anos. Excelente repórter fotográfico e fotógrafo, prova disso foram as várias fotos que estamparam os jornais da região e também de renome nacional. Então, deixa muitas saudades, pois, além de tudo, também foi um grande amigo pessoal. Deixo um abraço para Alba e seus filhos", declarou Cláudio.

A colunista social Márcia Angella Arêas também lamentou a partida. "É triste, porque ele era jovem, tinha um mundo pela frente. Mas, acontece que a gente nunca sabe os desígnios de Deus. Como profissional, ele era, realmente, nota 10, porque tinha uma sensibilidade enorme, fotografava pegando os melhores ângulos. Era excelente, tinha um tino incrível. Então, eu lamento, como a gente lamenta a morte de todos os que parte, principalmente se tratando de um colega de trabalho", disse.

Outra colunista da Folha, Neusinha Siqueira disse se despedir de um grande amigo e parceiro. “O que falar sobre Esdras, que sempre esteve presente em minha vida? Partilhamos de tantas e tantas etapas. Desde as primeiras fotos da minha filha (hoje médica, que também esteve com ele em seus últimos momentos), até as reuniões dos colunistas na Folha da Manhã. Trabalhei na sua revista 'Somos Assim', participei de suas brilhantes empreitadas gastronômicas, como grande chef que foi... E como esquecer suas tradicionais paellas e o saudoso Mamma Zap? Sua memória vive e viverá em mim eternamente, com muito carinho, porque 'Somos Assim' desde sempre! Vá em paz, meu amigo. Aqui ficamos, com força, saudade e coragem. Você jamais será esquecido”, enfatizou Neusinha.

A também colunista social Vânia Carvalho disse ser uma admiradora do trabalho do colega que partiu. “Confesso que a tarefa de escrever sobre alguém que não está mais entre nós é bem difícil. O que falar do colega Esdras Pereira? Sempre achei o seu estilo de trabalho ousado e bem diferente. Sua coluna, na maioria das vezes, publicava fotos espontâneas, e isso era um diferencial. Era uma surpresa para quem tinha uma foto publicada em sua coluna. Uma escrita inteligente, atual, com informações que ninguém sabia. Enfim, o colunismo social e a fotografia perdem um grande profissional. Meus sentimentos aos familiares, amigos e a todos do Grupo Folha da Comunicação. Descanse em paz, Esdras”, desejou.

Outro colunista social da Folha, Ronaldo Vasconcelos relatou episódios recentes vivido com o fotógrafo. “Que perda! A última lembrança que tenho com Esdras foi um bate-papo recente, na casa dele, que agora parece até de despedida. Estivemos juntos também no lançamento da sua exposição. Colega de trabalho de anos, de quem guardo grande admiração, sempre focado no trabalho dele. Foi um guerreiro, venceu a Covid. Um cara gente boa, profissional e amigo. Era seletivo. Quando ele gostava, ele compartilhava a vida pessoal. Eu tive a felicidade de viver isso. Fica a saudade. ‘Flores & Papiros’ para ele”, comentou Ronaldo. 

“O ciclo da vida terminou para Esdras Pereira. Pena. Depois do que enfrentou, vencendo a Covid, após um longo tempo hospitalizado, poderia, e merecia, viver mais. Mas não dá para fugir do lema de que a vida e a morte estão no limite extremo da existência humana. Muita paz e muita luz para Alba e filhos”, disse Saulo Pessanha, jornalista e colunista da Folha.

Também integrante do time de colunistas do mesmo jornal, Murillo Dieguez também se pronunciou. “O Esdras era um repórter fotográfico que virou um colunista de grande prestígio, de grande talento, de grande respeito entre os colegas. Uma morte prematura. Tinha muito pela frente. Fez uma exposição belíssima, agora. A gente só tem a amentar e pedir a Deus que conforte a família em um momento tão lamentável como este”, afirmou.

“Um profissional exemplar, que sempre esteve presente nos momentos mais importantes do Grupo Folha de Comunicação, seja como o excelente fotógrafo que era, seja como o colunista sensível e antenado com tudo o que estava acontecendo. Foi uma honra ter tido a oportunidade de aprender com Esdras e, sempre que necessário, ser a sua interina aqui no jornal, sem contar a oportunidade de tê-lo entrevistado na abertura da sua bela exposição Flores&Papiros para a Plena TV. Que você esteja na luz ao lado do Pai, meu amigo, aqui a saudade já invadiu nossos corações”, disse Lu Leoback, colunista da Folha da Manhã.

A jornalista e colunista social Lalinha Paes escreve: "E de repente, Esdras nos deixou. Nos pegou todos de surpresa, deixando saudades, momentos inesquecíveis e uma bela carreira profissional, na qual me insiro pelo coleguismo como colunista social e principalmente por minha parceria com ele no site da Somos Online. Sua criatividade, dinamismo e perspicácia sempre antenado com os acontecimentos da região esteve na vanguarda, e seu modo de escrever muitas vezes com uma pitada de humor, ou sagaz, deixava seus leitores curiosos e em alerta pelas notas apimentadas e bem informadas. Esdras você será sempre saudades pelas boas comidas com seu bom gosto e paladar, pelos bate papos informais, pelo jornalista, repórter fotográfico e principalmente meu amigo."

José Cunha Filho, jornalista e ex-editor-geral da Folha da Manhã, falou sobre o legado do companheiro de redação: “Esdras deixa seu legado como grande artista e um excelente companheiro. Marcou sua época na Folha da Manhã, quando abriu caminho para o novo através do fotojornalismo, que antes não existia. Impossível não lembrar das fotos sequência das botas dos policiais durante as operações. Só temos a lamentar”.

Jornalista esportivo com vasta atuação, o experiente Péris Ribeiro colocou o nome de Esdras entre os maiores da profissão, com destaque inigualável em sua cidade de origem: “Esdras foi um dos grandes que eu conheci. Em termos de Campos, foi o maior fotógrafo jornalístico que existiu. Tinha uma percepção tremenda com relação à possibilidade de uma grande notícia, a um furo de reportagem. Era arrojado e tinha a sensibilidade em conseguir fotos com o seu talento. Ele batia, e a coisa saía. Tive passagens com ele em campos de futebol e vi coisas extraordinárias, porque ele conseguia captar o movimento do jogador, a musculatura das pernas e dos braços quase explodindo, inclusive os músculos do rosto, a reação. Era espetacular, digno de grandes fotógrafos que conheci em São Paulo, nos meus tempos de revista 'Placar'. Repito, foi o melhor dos que conhecemos aqui e um dos maiores que conheci em todo o meu tempo de jornalismo”.

Jornalista e ex-editor-geral da Folha, Aloysio Balbi lamentou a morte: “Perdemos. Eu que convivi com ele, trabalhamos juntos, posso dizer que Esdras foi o mais talentoso, um dos mais virtuosos fotógrafos do Brasil da sua geração. Mudou, sem sombra de dúvidas, o fotojornalismo em Campos. Fez história, indiscutivelmente, junto com Aluysio Cardoso Barbosa, quando eles desvendaram a exploração de petróleo na Bacia de Campos. Foi também um ativista fotográfico. Na última visita do presidente Figueiredo em Campos, o Exército proibiu que ele acompanhasse. Isso porque ele tinha feito uma foto do ministro do Exército engraxando o sapato em Campos. Como era de praxe, o engraxate, um garoto de 12 anos, deu uma salivada no coturno. A sensibilidade dele era tanta, que do ângulo que ele fez, parecia que o garoto estava beijando o coturno. Aquilo foi capa do Jornal do Brasil, tamanho o simbolismo. Outra foto marcante foi durante um depoimento, na antiga delegacia do Centro, feita pela fechadura da porta. Perdemos um bamba, que merece todas as homenagens”.

O jornalista Ricardo André Vasconcelos, ex-editor-geral da Folha, lembrou de pautas com Esdras: "Nas últimas décadas Esdras Pereira foi protagonista da história do jornalismo de Campos e, em muitas ocasiões, nacional, com seu raro faro para notícia. Para um repórter ir para a rua cobrir uma pauta tendo Esdras como fotógrafo era mais que sinal de prestígio, uma honra! Numa dessas pautas, vínhamos de São João da Barra, Aluysio Barbosa (pai), Esdras e eu, quando o primeiro, ao volante de seu VW Santana colidiu com um poste na curva de Grussaí. Ninguém se machucou, mas a preocupação de Barbosa e Esdras foi uma lição que nunca esqueci: a prioridade era que eu chegasse à Redação para escrever o texto e levar o filme para edição do dia seguinte. Pararam o primeiro carro que apareceu na estrada e me colocaram dentro. Assim conheci outra figura, o Eduardo Augusto Viana da Silva, o Caixa D'água que me deixou na porta da Folha da Manhã. Muita luz no seu caminho Esdras e um beijo carinhoso para Alba e as meninas".

Jornalista e ex-editora geral da Folha da Manhã, Jane Nunes escreveu uma mensagem de despedida ao ex-colega de redação. “Eu tinha me preparado para me despedir dele um dia… aparar arestas, lembrar histórias leves e pesadas e quem sabe recuperar a foto que produzimos juntos para capa da folha no segundo turno da primeira eleição direta para presidente, pós-ditadura militar. Nossos filhos andavam descalços e de mãos dadas num caminho lindo sob muitas árvores. Nossos candidatos eram diferentes, mas conseguimos passar a mensagem do novo caminho que sonhávamos. Que arrogância a minha. A morte não espera. Descanse em paz, Esdras Pereira”.

O jornalista Adelfran Lacerda, ex-editor-geral da Folha, deu depoimento exaltando algumas qualidades do amigo. “A morte é considerada por alguns como uma vírgula na enciclopédia do infinito ou da eternidade. Mas, deixa também páginas indeléveis em nossas vidas. Através dos olhos, das mãos e das lentes de um grande, inesgotável e múltiplo profissional (como fotógrafo, colunista, editor, escritor e também chef de gastronomia), materializam, ainda, um legado que permanece para sempre em nossa existência. Com Esdras tivemos a inesquecível experiência, por mais de 20 anos de convivência diária na Folha da Manhã, de como enxergar a vida através de outros ângulos. E, com a sua maestria singular (e plural), aprender e descobrir o invisível e o surpreendente por detrás dos fatos e do cotidiano das redações de um jornal. E agora, nesse vazio que nos deixa, lamentavelmente, sei que ele, todavia, continuará buscando outros cliques entre os flashes permanentes das estrelas”, ressaltou.

"Esdras foi um grande profissional e deixa a sua marca no jornalismo. Grande perda para todos nós: família amigos e colegas de trabalho. Cumpriu dignamente a sua missão", declarou o jornalista Celso Cordeiro Filho.

“Foi meu companheiro em grandes matérias para a Folha. Às vezes, comemorando ou brigando. Perdi um companheiro, amigo admirado. Depois a gente se reencontra”, falou o jornalista Giannino Sossai.

Outro profissional da imprensa a se manifestar foi o editor de fotografia da Folha da Manhã, Rodrigo Silveira. “Lamento profundamente a perda do amigo de profissão, gente da melhor qualidade. Estivemos juntos em um grande momento, no início do mês, durante a abertura da exposição dele, Flores & Papiros, e pudemos registrar o encontro. Estávamos eu, Esdras e Genilson Pessanha (também repórter fotográfico da Folha). É uma perda irreparável. Que Deus conforte o coração da família”, disse Rodrigo.

O repórter fotográfico Genilson Pessanha, da Folha da Manhã, listou elogios a Esdras. “É uma perda lamentável e inacreditável, também, pela situação. Ele estava passando pelo tratamento desse câncer, e pensava-se que já estava em fase de regressão, de cura. Infelizmente, chegou essa triste notícia para nós. É uma perda. Um profissional de alto gabarito, pessoa ímpar, muito brincalhão, ousado no trabalho que fazia. Fica uma lacuna muito grande na gente que é da época dele, um longo tempo de fotografia que era ainda com filme. Não é essa facilidade de hoje, em que qualquer um é fotógrafo. Ele tinha know-how, buscava o melhor ângulo, a melhor foto, o furo de reportagem. Deixou uma história, um legado. Muito triste essa partida de Esdras assim, repentina”, comentou Genilson Pessanha, que também lembrou da presença na mostra “Flores & Papiros”.

O fotógrafo Vilson Correia foi mais um a se manifestar. “Falar sobre Esdras, a gente fica até muito emocionado. Um companheiro, profissional, amigo da gente, um artista na fotografia, com uma sensibilidade incrível. Um bom pai de família, companheiro de longa data, sempre presente. Esdras era um profissional de alta competência, nota 10. Campos hoje perde uma grande figura na arte da fotografia, do colunismo social. Uma coluna jovem, gostosa, boa de se ler, leve. É com pesar que a gente fala sobre ele, e com muito carinho sobre o profissional que é. Um grande abraço à família e meus sentimentos”, disse ele.

Longa homenagem foi feita pelo repórter fotográfico Diomarcelo Pessanha, ex-editor de fotografia da Folha. “Primeiramente, quero deixar os meus sentimentos à família do Esdras, por estar vivendo esse dia tão triste. Aproveito também para ressaltar a importância que o Esdras teve na fotografia campista, sobretudo no fotojornalismo. O Esdras abre o caminho que todos nós hoje trilhamos diariamente, principalmente quem labuta no fotojornalismo. O Esdras inaugura, há décadas, a linguagem contemporânea no fotojornalismo campista. Ele traz a fotografia para um status diferente nas páginas dos jornais, traz a linguagem fotográfica para uma igualdade de importância, juntamente com o texto. O Esdras me faz lembrar uma passagem que teve com Henri Cartier-Bresson, quando falaram sobre um trabalho dele e tinha um fotógrafo que ele admirava muito, que era o André Kertész, e ele falou: ‘Não, o Kertész fez primeiro’. Então, tudo o que nós fazemos hoje, me faz vir à cabeça essa referência que o Bresson fez: o Esdras fez primeiro. Tudo o que a gente faz: os pontos de vista diferenciados, a luz, a ousadia diante de algumas matérias que tangem à criminalidade, ao factual; a perspicácia de chegar primeiro, de buscar um ponto de vista diferenciado... Tudo isso que a gente busca diariamente, o Esdras fez primeiro. Deixo aqui o meu pesar pela morte do Esdras e, também, o meu agradecimento por esses caminhos que ele abriu, pelos quais estamos trilhando hoje em dia. Salve, Esdras”, declarou Diomarcelo.

“Esdras foi o meu professor. Assim que eu comecei na Folha, em 1980, ele foi o primeiro que me ensinou, deu todas as dicas sobre o que deveria fazer. Comecei a acompanhá-lo e ficava observando o que ele fazia. No meu primeiro dia, seu Aluysio falou com Esdras para passar o que eu precisava para trabalhar na Folha. Ele me deu as orientações e disse como eu deveria fotografar para se sair bem. Foi o que aconteceu, posso dizer que no fotojornalismo eu me dei bem, e foi graças a Esdras. Depois eu comecei a trabalhar para ele. Um parceirão, companheiro, excelente profissional, pessoa maravilhosa”, disse Antônio Cruz, fotógrafo.

Vice-prefeito de Campos e empresário do setor sucroalcooleiro, Frederico Paes (MDB) também lamentou a morte de Esdras: “Um grande amigo se foi. Sempre defendeu o setor sucroenergético. Que Deus conforte Alba e toda sua família. Autêntico e polêmico. Tinha na sua Canon o hábito de pegar os amigos nas melhores cenas. Deus te acompanhe, companheiro”.

O ex-prefeito de Campos Rafael Diniz (Cidadania) prestou suas condolências: "Um dia muito triste para todos nós. Esdras deixa sua marca em várias áreas, sempre com seu toque único marcado pela sensibilidade. Na fotografia, um gênio que ia das históricas matérias jornalísticas as fotografias belíssimas da natureza. Fica o meu agradecimento pelo carinho e respeito de sempre com toda minha família. Que Deus o receba com todo amor e misericórdia. Nossa força e oração para toda sua família, em especial para Alba, sua grande companheira de jornada". 

O deputado federal Christino Áureo (PP) também manifestou seu pesar. "Quero me solidarizar com a família do Esdras porque tenho um carinho muito grande. Desde o início do meu relacionamento com a Folha, no meu trabalho, sempre foi muito carinhoso, muito cuidadoso na abordagem comigo nas vezes que a gente teve a oportunidade de estar no Grupo Folha e em acontecimentos de Campos. Então, quero registrar meu reconhecimento pela longa história dele com o veículo, com o próprio Aluysio e, enfim, com a cidade e com a região", disse. 

A Associação de Imprensa Campista (AIC) registrou com profundo pesar a morte de Esdras. "Esdras completaria 50 anos de atividade profissional tendo passado pelo jornais A Notícia, Jornal do Brasil e Folha da Manhã. Em 2019 foi homenageado na Semana da Imprensa realizada pela Associação de Imprensa Campista em parceria com o curso de Jornalismo do Uniflu. A AIC expressa solidariedade e as mais sinceras condolências a seus familiares e amigos", diz a nota de pesar.

A procuradora Mariana Bousquet Farias lembrou com carinho do amigo. "Esdras , um amigo muito querido, profissional e artista extremamente sensível e competente. Uma grande perda. Deixa sua obra e sensibilidade eternizadas não só através da fotografia como em nossos corações. Nossa amizade e minha admiração datam desde sua linda coluna infantil 'açúcar cristal'. Saudades eternas", disse.

"Esdras é insuperável... com sensibilidade e inteligência aguçada, nos presenteava com o belo, fazendo uma comunicação única, do seu modo e estilo! Um amigo que perdermos, um avô, pai e esposo afetuoso, uma pessoa singular! Desejo fé e conforto para os familiares e amigos. A saudade e sua arte, ficarão eternizados em nós!", disse a vice-diretora do IseCensa, Beth Landim.

"Suas lembranças ficaram registradas em todos os momentos da minha família. Paz, amigo querido", disse a consultora de imagem Gleyde Cordeiro.

"Nunca estamos preparados para nos despedir para sempre, mesmo sabendo que isso faz parte da vida. Nossos corações estão pesados por perder alguém tão importante e especial... Hoje estamos de luto, lamentando a sua partida, mas celebraremos para sempre sua passagem inesquecível pelo mundo. Descanse em paz", lamentou a estilista Morena Mendes.

A amizade com Esdras também foi abordada pelo médico Carlos Mário. “Perdi um amigo, exemplo de profissional e de ser humano. A Folha da Manhã me deu a oportunidade de, já há longa data, ter o prazer conhecer Esdras. Fotógrafo brilhante, tinha em suas imagens uma assinatura própria e marcante. Jornalista talentoso e comprometido, deixava em suas matérias a marca de um batalhador em prol das boas e justas causas, que recebiam seu empenho, resultando em trabalhos de profundidade singular. Recentemente, antes de nos deixar, a sua conhecida sensibilidade fez aflorar ainda mais a sua veia artística. Por sua fotografia de flores, fez desbordar a peculiaridade de seu olhar em belíssimas imagens do que há de único na natureza. Esdras foi uma pessoa que não passa e que marcará para sempre a vida de todos nós, que hoje choramos a sua ausência, mas que fomos agraciados em conhecê-lo”, afirmou.

O advogado Frederico Gonçalves Ribeiro Neto também falou sobre a carreira de Esdras Pereira. “A nossa terra perdeu hoje um homem efetivamente comprometido com a eficácia plena. Esdras era um dos melhores fotógrafos da região; certamente, possui um grande acervo, que vai garantir a eternização de situações memoráveis da nossa sociedade, especialmente nas últimas décadas. Foi dono do restaurante Mama Zap, lugar muito aconchegante que, no cardápio, ostentava pratos deliciosos. Esdras imprimia em sua coluna semanal um texto sempre perfeito e com fotografias impecáveis. Foi dono da Revista “Somos Assim”, um grande sucesso, também muito presente nos eventos sociais da nossa terra e, claro, sempre com grande estilo”, declarou.

Hugo Aquino Filho, em nome da família, lamentou a morte do fotógrafo e destacou o seu profissionalismo. "Lamentamos profundamente a perda dessa pessoa tão especial! Profissional de extrema competência que registrou com flashes de alegria, momentos importantes e significativos, onde quer que estivesse. Esdras, vc nos deixou, mas, com certeza, sua luz no céu nunca deixará de brilhar. Nossos sentimentos por essa grande ausência", disse. 

Amigo de Esdras, o gerente da clínica Rad Med, Carlos Augusto Drumond Coutinho, falou da grande perda.  "Difícil encontrar palavras ainda estou não querendo acreditar. Domingo faleceu um bom amigo Waltair, hoje o amigão Esdras. Só digo, Alba, meus sinceros sentimentos, você teve um grande marido. Marina você teve um grande Pai. E eu perdi um Grande AMIGO", escreveu. 

Carlos Barcelos ressaltou a importância dele para o jornalismo. "Esdras foi um digno representante da fotografia e da imprensa. Excelente fotógrafo, excelente repórter e um excelente jornalista. Ele tinha uma escrita boa, suas colunas eram maravilhosas. Vai fazer falta. Ele marcou uma época no jornalismo em Campos. Fez grandes fotos, como a da delegacia de Campos há muitos anos, através da fechadura. Era um artista da fotografia. Fez várias fotos de perfis, personalidades de Campos.