Durante operação, foi encontrado um detento "influencer" na Casa de Custódia Dalton Crespo, em Campos. Com o caso, considerado grave, a transferência é certa para a penitenciária de segurança máxima Laércio da Costa Pelegrino, mais conhecida como Bangu I, no Complexo do Gericinó, na Zona Oeste do Rio. Na terça-feira (02), ele foi conduzido à 146ª Delegacia de Polícia (DP), em Guarus, por ter gravado vídeos divulgando em redes sociais sua rotina no presídio. Com seguidores, até caixinha de perguntas ele abria.

Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), o detento foi identificado durante uma revista realizada na segunda-feira (1º). Na operação, foram encontrados no interior da unidade 17 celulares, 13 chips além de uma quantidade de drogas.

A Seap não divulgou o nome do interno, mas o jornal o Extra apurou ser Uélinton Adolfo da Silva, que tinha 2.159 seguidores em uma rede social. O interno chegou a gravar vídeos revelando, entre outras coisas, parte das dependências do presídio Dalton Crespo. Em uma das cenas divulgadas, ele mostra a preparação de um misto quente em uma das celas. Rotina de imagens de lençóis e roupas penduradas constam na sua rede social. O momento de lazer também é compartilhado. Ele fez uma gravação de um jogo de futebol disputado pelos internos no pátio da prisão, quando exibiu apenas os pés dos detentos, não mostrando o rosto dos jogadores. A gravação teve até mensagem:" hoje foi tudo na paz", escreveu. Todos as postagens eram embaladas por pagodes e raps.

Nas mensagens veiculadas pela internet, ele também mostrou os "deveres" de quem compartilha a mesma cela, como o de tentar manter limpo o ambiente: "hoje foi dia de faxina", digitou em um post, que exibe um vídeo de detentos limpando com água, sabão e rodos.

Segundo o delegado titular da 146ª DP de Guarus, Pedro Emílio Braga, o detento foi apresentado na delegacia onde foi realizado o registro para que seja iniciada investigação sobre de que forma esse telefone teria sido inserido na unidade prisional. Com relação às condutas do interno, a questão é tratada pela secretaria de administração penitenciária.

Em nota divulgada pela Seap, o secretário de Administração Penitenciária, Fernando Veloso,  disse que não será tolerável ocorrência como essa, e que a corregedoria do órgão já foi acionada. "Já iniciamos um procedimento de apuração com a Corregedoria, que irá apurar a ocorrência com o máximo rigor que a lei permitir. É intolerável que os presos continuem tendo acesso ao mundo exterior. Vamos intensificar as ações de repressão e punir quando descobrirmos os envolvidos no ingresso desses materiais não permitidos na unidade", concluiu o secretário na nota.