Após o sucesso da trilogia “O Avesso da Mulher”, com as peças “Eu fui Macabéa”, “Traídas e traidoras, somos todas Capitus” e “Diadorim, a dor que mora em mim” atraindo grandes públicos ao Teatro de Bolso Procópio Ferreira em 2019 e no início de 2020, a professora e literata Arlete Sendra retorna ao cenário do teatro com o texto inédito de “Memórias de Sancho Pança: o fiel escudeiro de Dom Quixote de La Mancha”. Dirigido por Fernando Rossi e protagonizado por Pedro Fagundes, o espetáculo entrou em cartaz na noite dessa sexta-feira (19), no Teatro Salesiano, em Campos. Haverá reapresentações neste sábado (20) e domingo (21), bem como no próximo fim de semana (27 e 28), sempre às 19h30. O ingresso custa R$ 40, com meia-entrada a R$ 20, podendo ser adquirido na portaria do Colégio Salesiano. Classificação: 16 anos. Duração: 60 minutos.
“Memórias de Sancho Pança” é uma releitura do principal romance do autor espanhol Miguel de Cervantes, “Dom Quixote de La Mancha”, publicado originalmente em 1605 e que se tornou o segundo livro mais traduzido do mundo, atrás apenas da “Bíblia Sagrada”. Com uma dramaturgia lacunal da obra de Cervantes, a montagem do espetáculo escrito por Arlete Sendra apresenta as aventuras vividas pelo sonhador Dom Quixote a partir da perspectiva do seu fiel companheiro.
— Sancho Pança, século XVII, está presente nos palcos do século XXI trazendo as grandes questões que permearam e permeiam o viver do homem de todos os tempos: justiça, amizade, amor, sonhos, ideais, como se “o pão nosso de cada dia” fossem. Quixotizando-se ao conviver com o “Cavaleiro da Triste Figura”, Sancho o incita a viver. Mas Quixote, sanchizado, trazendo em seus olhos paisagens do além, para este além voa em transcendental voar — filosofa Arlete.
Diretor das montagens da trilogia “O Avesso da Mulher”, Fernando Rossi também recebeu a missão de apresentar ao público um Sancho Pança protagonista. O desejo inicial era de que o espetáculo atualmente em cartaz fosse encenado no segundo bimestre de 2020, algo inviabilizado pela pandemia da Covid-19.
— É mais um presente da parceria com a querida Arlete Sendra. Logo depois da trilogia, eu já tinha em mãos esse texto, que é inédito. Tivemos que interromper o projeto, mas eu e o Pedro Fagundes não paramos de estudar, bem como a Rosângela Queiroz, inicialmente na assistência de direção, e logo depois o Rodri Mendes. Mergulhamos no texto e nas possibilidades de contar a história nessa versão nova, com um olhar do Sancho diante da figura do Dom Quixote. É a visão do servo. Batalhamos, buscamos possibilidades cênicas e, agora, com uma melhora na situação da pandemia, vamos ter a possibilidade de mostrar isso para o público — afirma Fernando Rossi.
Segundo ele, a escolha pela estreia no palco do Teatro Salesiano se deu graças ao projeto do diretor do colégio homônimo, Arthur Chrispino, de abrir o espaço à comunidade externa.
— Há uma ansiedade muito grande da nossa parte, como se a gente estivesse começando tudo outra vez, do zero, buscando reconquistar o público, buscando a confiança e o respeito. São vários sentimentos envolvidos nessa possibilidade da volta aos palcos. E ela acontece num espaço totalmente novo, que não era utilizado para produções da classe artística local abertas ao grande público, e sim para produções internas do Salesiano. O teatro tem 300 lugares, com um espaço bem bacana. A gente está, de certa forma, inaugurando um palco que, em 2022, pelo projeto da direção do Salesiano, será um novo espaço cultural para a cidade. A expectativa é grande. Espero que o público corresponda a essa expectativa e goste do nosso trabalho — pontua o diretor de “Memórias de Sancho Pança”.
O sentimento é compartilhado pelo ator Pedro Fagundes, quem dá vida ao personagem-título.
— É uma satisfação estar em cena com um texto inédito de Arlete Sendra, escrito de maneira tão significativa e singular — diz Pedro. — A partir de um estudo profundo junto à equipe e direção, resolvemos localizar a montagem numa perspectiva lúdica, expandindo a faixa etária para jovens e adultos. Creio que a montagem será lembrada por muito tempo e cumprirá os seus objetivos maiores: reviver o clássico e sensibilizar através da arte. Sancho é razão versus loucura. Um homem simples, de aspirações grandiosas, impulsionado pela cobiça, mas que, mesmo sem enxergar gigantes nos moinhos de vento, embarca nas histórias e compra as brigas de Dom Quixote, crendo na verdade do outro. A maior lição para mim é essa: a crença nas pessoas, por mais que sejam divergentes das suas — enfatiza.
Além de Arlete Sendra, Fernando Rossi, Pedro Fagundes, Rosângela Queiroz e Rodri Mendes, a ficha técnica de “Memórias de Sancho Pança: o fiel escudeiro de Dom Quixote de La Mancha” também inclui sonoplastia de Clara Abreu, iluminação de Douglas Fernandes, maquiagem de Fabrício Simões, cenários e adereços de Vanderlei Machado, produção de Fábio Guilherme e Luciana Rossi, e fotografia de Patrícia Bueno.