No mesmo ano de 1945, quando os Estados Unidos lançaram duas bombas atômicas no Japão, um teste foi feito no próprio território norte-americano. A radiação desse teste gerou formigas gigantes que se tornaram personagens do filme “Eles”, de 1954. Terminada a guerra, os testes prosseguiram, agora por conta da Guerra Fiia, no atol de Bikini, Pacífico Sul. Entre 1946 e 1958, mais de 20 bombas atômicas e de hidrogênio foram detonadas no atol. A radiação causou transformações desastrosas. Uma delas foi a mutação em caranguejos, que se tornaram gigantes. Duas equipes de pesquisadores foram para uma das ilhas estudar os efeitos da radiação. Roger Corman focaliza a tragédia da segunda equipe no filme “Ataque dos caranguejos monstros” (“Attack of the crab monsters”), de 1957.
No mesmo ano, ele produziu e dirigiu mais oito filmes. Independente, o filme foi feito por conta da Los Altos Productions, em preto-e-branco. Corman quer chamar a atenção para o perigo da radiação nuclear. A primeira equipe de cientistas desapareceu misteriosamente, deixando apenas um diário. A segunda equipe é bem mais numerosa e conta com a proteção da Marinha. Apenas uma mulher faz parte do grupo (Pamela Duncan). Ela é a típica mocinha dos anos de 1950: seios arrebitados artificialmente, cintura fina, coxas grossas e com grito agudo.
Corman começa logo matando um marinheiro que cai na água e é decapitado por um caranguejo gigante. Logo em seguida, ocorrem estrondos, avalanches e formação de crateras. A ilha está afundando. No diário do grupo anterior, há o registro de vermes gigantes. O casal romântico mergulha entre peixes que parecem gigantescos. Eles estão dentro de um aquário, e o gigantismo dos peixes é um efeito de câmara. Os acidentes e as mortes se sucedem.
As vozes dos mortos são transmitidas por objetos de metal. Seriam fantasmas? Em ficção científica, não existem fantasmas. Os caranguejos gigantes (só existe um casal na ilha) comem cérebros humanos e absorvem a capacidade de transmitir ideias em voz alta. Eles se tornaram inteligentes. A fêmea está ovada e vai ter cria em breve. Os que sobraram do grupo acreditam ter matado o macho e tiram dele uma pinça para estudo. Mas ele não morreu e se regenera. O casal de caranguejos planeja invadir os Estados Unidos e devorar mais pessoas.
Mas os humanos são superiores. Eles descobrem que a dupla de crustáceos é vulnerável à eletricidade. A ilha está afundando. Três sobreviventes se refugiam no ponto mais alto. O caranguejo avança com sua voz ameaçadora. Resta uma torre de energia elétrica. Um cientista a empurra sobre o caranguejo, morrendo com ele. O par romântico sobrevive. O final é rápido, como eram os finais dos filmes daquele tempo.
Os caranguejos são um caso à parte. O casal, na verdade, reduz-se a um apenas por economia. Eles nunca aparecem juntos. Ele foi feito com fiberglass e isopor sobre uma estrutura de alumínio e custou 400 dólares. Dentro, uma pessoa escondida o fazia caminhar, enquanto fios puxavam suas pinças. O bicho transformou-se em cult. O custo do filme todo ficou em apenas U$ 70.000, mas arrecadou mais de um milhão de dólares.