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Rio Paraíba do Sul (Foto: Rodrigo Silveira)
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Rio Paraíba do Sul (Foto: Rodrigo Silveira)
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Rio Paraíba do Sul (Foto: Rodrigo Silveira)
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Rio Paraíba do Sul (Foto: Rodrigo Silveira)
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Rio Paraíba do Sul (Foto: Rodrigo Silveira)
O nível do rio Paraíba do Sul em Campos manteve no mês de setembro uma cota média de 4,6 metros, segundo medição da Defesa Civil, mais de um metro abaixo da cota normal, que é de 5,80 m. No entanto, apesar da crise hídrica, não há risco de desabastecimento de água no município, segundo a concessionária Águas do Paraíba.
— Os bancos de areia ao longo do Paraíba na região são um demonstrativo de que também estamos em uma crise hídrica aqui na Bacia do Paraíba do Sul, com níveis próximos da situa-ção que vivemos em 2014 e 2015, anos em que tivemos a pior média de vazão do Paraíba em 85 anos. A situação naquela época era pior nos reservatórios, mas a nível de cotas, as situa-ções são bem semelhantes. Pelo monitoramento que o comitê faz aqui em Campos, ontem, a cota do Paraíba era 4,52 metros, que dá uma vazão de cerca de 180 m3. A vazão mínima ecológica para manter o rio, com a barra aberta em Atafona, seria de 262 m3, com uma cota de 5,5 metros. Então, o Paraíba está um metro abaixo da vazão mínima da média dos últimos 85 anos. E isso vem acontecendo desde 2014 — ressaltou o secretário do Comitê Baixo Paraí-ba do Sul e Itabapoana, João Gomes Siqueira.
De acordo com a Águas do Paraíba, o abastecimento de água em Campos ocorre normalmen-te. “Mesmo com o nível do rio Paraíba do Sul abaixo dos 5 metros, os investimentos feitos pela concessionária permitem a captação plena em situações severas e críticas, como ocorreu em 2015 e 2017, quando não houve nenhum problema de abastecimento na cidade, e como no atual momento de estiagem, que afeta várias cidades do país”, informou a concessionária em nota.
A empresa destacou, ainda, que o sistema de abastecimento para o interior do município é bastante descentralizado e autônomo, com 42 estações produtoras e de tratamento de água, a maioria com captação em poços profundos. “Paralelamente, a Águas do Paraíba intensificou a campanha antifraude, que contribui para reduzir as perdas de água, juntamente com a re-gularização das ligações externas e ações educativas”, afirmou a Águas do Paraíba.
Segundo a Defesa Civil municipal, para os próximos dias são esperadas leves variações no rio Paraíba do Sul em Campos, devido às poucas alterações previstas nas liberações de água dos reservatórios da calha principal do rio e à previsão de continuação de pequeno volume de água recebido dos seus principais afluentes. “Isso, associado à não previsão de ocorrência de chuvas significativas nas regiões de influência”.
João Siqueira explica que Campos sofre todo ano por causa da queda na vazão durante a se-ca, o que se estende por oito meses. No município, o período chuvoso é muito mais curto do que o período de estiagem, o que prejudica o rio Paraíba do Sul e, consequentemente a po-pulação.
— Na seca, as vazões descem muito e no período de chuva, as vazões são muito altas. Nós precisávamos regularizar isso, ter reservatórios, como tem na porção paulista, que abastece a metrópole, e nós não temos. Dependemos hoje da chuva. O Ceivap (Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul) já está estudando isso e vamos propor ao órgão federal para fazer algumas ações para guardar essa água da chuva e impedir que haja todo ano essa seca drástica, como está ocorrendo desde 2014 na Bacia do Paraíba do Sul, aqui no Norte e Noroeste Fluminense — destacou o secretário do Comitê.
De acordo com ele, a chuva que caiu na região em 2018 e a chuva nas cabeceiras mineiras, principalmente Muriaé e Carangola, em 2020 revitalizaram um pouco o rio no período de ve-rão, mas, como aponta um estudo do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), nos últimos dez anos, o Paraíba do Sul teve uma grande queda em sua cota. “De 2014 para cá, o rio vem atin-gindo essas cotas mínimas, recorde negativo no Paraíba do Sul”, disse.
Baixa vazão prejudica captação de água em SJB
O secretário do Comitê do Baixo Paraíba afirmou, ainda, que a situação no município de São João da Barra é mais grave, devido à maior dificuldade em captar água com a baixa vazão do rio.
— Ontem tivemos uma reunião no Ceivap para elaborar uma ação emergencial e ajudar São João da Barra no abastecimento. Foram 20 horas com tudo parado no município, porque o rio Paraíba do Sul está com baixa vazão. Campos consegue captar água nessas condições, porque a Coroa é um lugar ideal, mas São João da Barra não consegue captar com a cota atual, por-que com a vazão baixa, a língua salina do mar é muito grande, as marés avançam para o con-tinente e chegam à estação de captação da Cedae em São João da Barra, que precisa parar de bombear, porque a água está salgada. A situação é gravíssima — disse João Siqueira.