Matheus Berriel e Edmundo Siqueira
21/10/2021 21:12 - Atualizado em 25/10/2021 11:10
A mudança da chefia no Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), a princípio, não afetará projetos pensados para Campos que estavam em andamento. Segundo a assessoria do órgão, a advogada empresarial Ana Cristina Carvalho da Silva Santos, que assumiu oficialmente o cargo de diretora geral na segunda-feira (18), tem se reunido com a sua equipe de trabalho e vê o Norte Fluminense como uma das prioridades para expandir a atuação do Inepac.
Exonerado no último dia 14, mas atuante na transição até a primeira reunião de Ana Cristina como diretora, o ex-diretor geral Cláudio Elias havia visitado Campos no início do mês. Em 7 de outubro, ele esteve no Museu Histórico da cidade e confirmou que será instalado no prédio o escritório técnico regional do Inepac no Norte Fluminense, prometido desde o ano passado pelo seu antecessor na direção, o historiador Cláudio Prado de Mello. Segundo a coordenadora do equipamento, Graziela Escocard, a previsão era de três a quatro meses para a conclusão de etapa burocrática, incluindo a cessão de dois funcionários pela secretaria estadual de Cultura e Economia Criativa para conduzirem o escritório.
Também para o Museu Histórico, ficou definida a realização de um curso de educação patrimonial com o professor Sérgio Linhares, tanto no primeiro quanto no segundo semestre de 2022. Houve ainda um início de conversa acerca de possível tombamento do Museu Olavo Cardoso, que recentemente foi alvo de furto e tem problemas estruturais. Sobre o centenário Mercado Municipal de Campos e o Mosteiro de São Bento, em Mussurepe, já existem processos de tombamento, mas que dependem de publicação no Diário Oficial do Estado. Também participaram do encontro no dia 7 a presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Auxiliadora Freitas, e o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Campos, Genilson Paes Soares.
Procurada pela Folha na última segunda-feira, a nova diretora geral do Inepac disse que ainda estava tomando conhecimento das demandas relacionadas a Campos. Na quinta (21), o Inepac informou, via assessoria, que novas reuniões vão acontecer para a definição de detalhes dos projetos, mas que nenhum está descartado. A informação foi a mesma passada à diretora do Museu Histórico por Cláudio Elias, já fora da direção do órgão, e pela secretária estadual de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros, que esteve em Campos no início da semana para apresentar a Lei de Incentivo à Cultura a empresários locais.
— Conversei com o Cláudio e com a Danielle. Realmente, todos os projetos estão mantidos. Fiquei aliviada. Já estou alinhando com o Inepac a vinda de uma exposição de arte sacra, espero trazer esta exposição ainda este ano. E a Danielle ficou de dar agilidade na cessão dos profissionais para atuarem no escritório técnico. Espero que o escritório e essa aproximação com o Inepac ajudem a salvaguardar o nosso patrimônio histórico-cultural — disse Graziela Escocard. — Precisamos de ações mais atuantes em relação à preservação do patrimônio. O escritório técnico do Norte Fluminense irá fortalecer as ações em curso desenvolvidas por agentes culturais e diversas instituições — pontuou.
Atualmente, Campos tem nove patrimônios tombados pelo Inepac. São eles a Serra do Mar, o coreto do Jardim do Liceu, o Canal Campos-Macaé 1, o prédio do Hotel Amazonas, a sede da Lira de Apollo, o Solar do Visconde de Araruama (onde atualmente funciona o Museu Histórico), o Colégio Estadual Nilo Peçanha, o Liceu de Humanidades e o antigo Hotel Gaspar, cujo prédio foi arrombado no último final de semana.
No fim de julho, o ex-diretor do Inepac Cláudio Prado de Mello, exonerado em janeiro, enviou ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) um relatório com 27 páginas denunciando o que chama de “descaso e preterimento” dos assuntos relacionados ao patrimônio histórico e cultural de Campos e região. O atraso na instalação do escritório técnico regional foi um dos temas citados. Inicialmente indeferido, o caso passou a ser analisado pelo Conselho Superior do MP após recurso.
Nova gestão — Substituta do professor Cláudio Elias no Inepac, a advogada Ana Cristina Carvalho da Silva Santos já ocupou a superintendência da subsecretaria de Ação Social, vinculada à secretaria estadual de Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Social, até agosto de 2017; foi assessora do gabinete do secretário estadual de Educação, de fevereiro de 2019 a fevereiro de 2020; e desde então era assessora da secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, da qual faz parte o Inepac. Especificamente no órgão, a profissional era chefe da equipe jurídica.
— São mudanças que considero naturais. Meu relacionamento com todos continua sendo excelente. A pessoa que me substituiu é a Cristina, de muito bom senso, e acredito que dará continuidade ao trabalho que estava sendo executado — afirmou o ex-diretor Cláudio Elias, informando que a equipe de trabalho foi mantida.