A próxima terça-feira (12), Dia das Crianças e feriado pelo Dia de Nossa Senhora Aparecida, vai marcar a reabertura do popular Jardim São Benedito, oficialmente Praça Nilo Peçanha, em Campos, que passou por vários reparos. Uma programação foi montada com atividades esportivas, de lazer e infantis, além de atrações culturais durante o dia, a partir das 10h. Entre estas, destaque para a Exposição Nilo Peçanha, que ficará aberta ao público no entorno da sede da Academia Campista de Letras (ACL), junto ao álbum das obras de melhoramento da cidade feitas em 1916. No espaço, haverá um corredor cultural viabilizado em parceria da Companhia de Desenvolvimento do Município de Campos (Codemca) com o Museu Histórico e o Arquivo Público Municipal Waldir Pinto de Carvalho.

O próprio prédio que sedia a ACL, iluminado de rosa durante este mês em alusão à campanha de prevenção ao câncer de mama, passou por reforma durante as intervenções no Jardim São Benedito. De acordo com a presidente da entidade, a professora, escritora e médica Vanda Terezinha Vasconcelos, houve trabalhos no telhado e pintura da área externa.

— Estávamos com uma boa parte do telhado dando infiltração. Inclusive, perdemos móveis, documentos ali dentro, por essa infiltração durante um bom tempo. Mas, agora a gente conseguiu essa parceria. Nós, da Academia, compramos sete telhas Eternit, porque havia algumas quebradas, e a Prefeitura colocou, junto com uma empresa, acho que fez uma parceria. Limpou o telhado, tirou o vazamento e colocou as sete telhas. Agora, a gente comprou a tinta para fazer a pintura da parte externa. Por ser patrimônio histórico, compramos as tintas na mesma tonalidade, para manter a característica original do prédio. A gente tem acompanhado — disse Vanda Terezinha.

Atualmente abrigada no Instituto Federal Fluminense (IFF), a Exposição Nilo Peçanha inclui fotos e documentos do campista que presidiu o Brasil em 1909 e 1910. Já o álbum das obras de melhoramento de 1916, que integra o acervo do Museu Histórico de Campos, conta com diversas imagens da cidade naquela década.

— A gente está pensando em deixar a exposição por um bom tempo, durante o período que for necessário. Há a ideia de fazermos um revezamento entre os acadêmicos para abrirmos a Academia para visitação, para as pessoas conhecerem. Estamos pensando também em colocar algumas mesas na parte externa, na frente da sede, com alguns livros para doação, e também com a venda de livros publicados por acadêmicos. Falei que eles podem ver um valor para comercializar, já que as pessoas vão estar circulando por ali. Pensamos ainda em alguma atividade como contação de histórias, mas acho que o momento ainda não é propício para aglomerar alunos de escolas, muitas crianças, até porque as crianças propriamente nem estão vacinadas ainda — pontuou a presidente da ACL.

A coordenadora do Museu Histórico, Graziela Escocard, destaca a ação desta terça-feira como um momento para levar à sociedade campista parte da história do município.

— O Museu Histórico de Campos foi convidado a participar desta ação por possuir um importante acervo de bens móveis integrados sobre Nilo Peçanha. Essa é uma oportunidade de divulgar o trabalho realizado pelo Museu e nosso acervo. Espero que a exposição de Nilo Peçanha e a exposição do álbum das obras de melhoramento da cidade em 1916 sirvam para mostrar um pouco da história de ocupação do Jardim São Benedito — afirmou Graziela.

A diretora do Arquivo Público Municipal, Rafaela Machado, também é entusiasta da iniciativa.

— A reabertura do Jardim São Benedito chega em excelente hora. O espaço, além de servir como ponto de lazer e socialização na nossa cidade, guarda em si grande importância histórica. Espero que a possibilidade de utilizá-lo, tendo em vista também esse potencial histórico, logo se concretize e avance. O Arquivo possui diferentes projetos que têm na educação patrimonial meio e fim, como o “Arquivo Itinerante”, que pode estar à serviço da população naquele espaço, inserindo, inclusive, a Academia Campista de Letras e sua bela construção — enfatizou.

Durante a reforma realizada, o Jardim São Benedito teve intervenções na jardinagem, recuperação dos equipamentos de ginástica, quadras de esportes, banheiros, quiosques e lagos, e ganhou postes com luminárias em LED. O trabalho foi realizado pela Codemca em parceria com a Fundação Municipal de Esportes e secretarias da Prefeitura. Segundo o poder público municipal, trata-se de um projeto piloto para uma obra mais expressiva, posteriormente, com recursos oriundos de emenda parlamentar.

— O jardim estava totalmente depredado. O coreto todo sujo, os lagos com vazamentos, e a ACL, patrimônio cultural do município, também com problemas, toda pichada e com infiltração, precisou ser pintada e ter o telhado trocado. Seguimos o padrão de cores previsto no tombamento, seguindo o da Igreja São Benedito. Também recuperamos os postes centenários e, na parte externa, na praça Nilo Peçanha, algumas calçadas, e fizemos a pintura dos quiosques. Algumas partes da praça precisam de intervenções mais complexas e serão tratadas mais à frente, em um projeto mais amplo. Iniciamos a revitalização da área, e o Jardim São Benedito, a partir do dia 12, voltará a ser uma área verde belíssima, podendo ser novamente aproveitado por crianças e por toda a comunidade como espaço de lazer, esporte e cultura — comentou o presidente da Codemca, Afrânio Júnior.

Criado em 1851 como local de passeio público, batizado como Praça Municipal, o Jardim São Benedito passou a ser assim chamado a partir da construção da igreja homônima, iniciada em 1875. Nas obras de melhoramento ocorridas em Campos em 1916, a Praça Municipal teve o nome oficialmente alterado para Parque Nilo Peçanha, sendo ali instalada uma escola ao ar livre, no prédio que desde 1948 sedia a ACL. Apesar da mudança, popularmente o local continua conhecido pelo nome do Santo Siciliano, sendo inclusive citado desta maneira em alguns documentos.