O feriado da Independência do Brasil, comemorado nesta terça-feira (7), foi marcado por manifestações à esquerda e à direita do espectro político. Na ocupação do Movimento dos Sem Terra (MST) Cícero Guedes, em Cambaíba, em Campos, militantes de partidos de esquerda e outros movimentos sociais, como a Pastoral da Terra, se reuniram e organizaram seu tradicional Grito dos Excluídos e com participação do grupo do movimento "Ocupa Novo Horizonte".
Refeições coletivas para cerca de 400 pessoas, brincadeiras e ações culturais marcaram a programação. A atividade que ocorre há 27 anos aconteceu com a participação do Partido Comunista Brasileiro (PCB), do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e do Partido dos Trabalhadores (PT).
— Está sendo muito simbólico fazermos essa edição do Grito dos Excluídos aqui (no acampamento Cícero Guedes). Organizamos o Grito no Dia da Independência e hoje estamos fazendo neste território: um território de resistência, onde muitos excluídos de direito e trabalho conquistaram um pedaço de chão e fazem dele um local com mais desenvolvimento e mais funções sociais. Então ficamos muito felizes em receber neste ano a atividade do Grito dos Excluídos no nosso acampamento — disse uma das coordenadoras da direção nacional do MST, que atua no acampamento Cícero Guedes, Luana Carvalho.
A primeira atividade, na parte da manhã, foi um café da manhã solidário, ato em defesa da terra e da moradia digna em Campos, além de almoço. Na parte da tarde, a programação começou com roda de conversa sobre "Terra, teto e trabalho: a esperança está no poder popular", um Papo de Bozo e uma programação de forró com músico campista e show com Forró Didoido para fechar o dia.
Sobre as manifestações pelo país, o militante do PSOL, Leonardo Pluglia, destacou que os atos mostram que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está acuado e tenta mostrar força para 2022. E faz tudo para proteger os filhos envolvidos com práticas de rachadinhas. Mas o povo brasileiro não é isso. É esse povo aqui, que trabalha, planta a comida que todo mundo come. E o grito é realizado há 27 anos e não mudamos a rotina por causa dele, que vai cair", disse. Pluglia foi endossado pela integrante do PCB, Graciete Santana:
"No dia de hoje, do Grito dos Excluídos, aliado ao Fora Bolsonaro, estamos unificando a luta aqui neste território, com causas importantes como a luta pela terra e transformar esse território em lugar de vida, neste lugar que já representou atrelamento com a ditadura", completou Graciete.
Membro do diretório do PT, a ex-vereadora Odisséia Carvalho também falou: Hoje, o protesto não foi nas ruas em Campos. Está ocorrendo dentro do espaço onde 10 corpos foram incinerados pela ditadura, onde ocorreu o assassinato de Cícero Guedes. Nosso protesto é por mais emprego; são 14 milhões de desempregados, seis milhões de desalentados, queremos moradia, reforma agrária. Momento importante para unificação de todos os partidos progressistas", concluiu.
Fotos: Genilson Pessanha