Durante a pandemia de Covid-19, o uso de aparelhos domésticos aumentou, já que as pessoas estão ficando mais tempo dentro de casa, e, consequentemente, eles têm apresentado defeito com maior frequência. Quando o transtorno acontece, muitos estão optando por consertar os eletroeletrônicos ou comprar outros usados, ao invés de adquirir itens novos. Esse é mais um reflexo da sucessiva alta nos preços, que vem pesando no bolso do consumidor.

— Não sei se é coincidência, mas minha televisão resolveu dar problema logo agora que passo mais tempo em casa e as coisas estão mais difíceis. Comprar uma nova neste momento é impossível, então, levei a uma eletrônica para fazer um orçamento e ficou infinitamente mais barato. Eles ainda me dão garantia de três meses — contou Alessandra Maciel.

Proprietário da D. Eletro, Derisvaldo Santos confirma o aumento na procura pelo serviço de reparo após o início da pandemia. “Os aparelhos novos não estão vindo com a qualidade dos antigos, então, compensa consertar aquele eletrodoméstico mais antigo que apresentou defeito, sem falar que comprar esse tipo de produto novo está muito caro. A procura aumentou bastante e os clientes já conhecem nosso trabalho, sabem que o conserto dura e oferecemos garantia”, afirmou o comerciante.

Entretanto, até mesmo esse tipo de serviço está sofrendo com a inflação. Peças de substituição para alguns tipos de eletrônicos tiveram aumento acima do normal, encarecendo o reparo e fazendo o consumidor optar por esperar por uma baixa nos preços dos produtos novos ou pelo barateamento no custo do reparo.

— Algumas peças ainda estão com preço mais baixo, mantendo a vantagem do serviço de conserto, como de celular e TV, mas outros insumos aumentaram muito, como por exemplo a botija de gás de 13 kg para ar condicionado, que custava entre R$ 350 e R$ 400 e agora está cerca de R$ 2 mil. E esse tipo de produto costuma aumentar no final da primavera. A estimativa é que chegue a R$ 3 mil — disse Leonardo Almeida, responsável pela Concell Assistência Técnica autorizada de várias marcas.

De acordo com ele, no início da pandemia, a procura por reparo e manutenção de aparelhos aumentou muito, mas, com a alta nos preços dos insumos, vem caindo desde abril deste ano, com o pior movimento no mês de agosto. “No início da pandemia, as pessoas buscaram colocar os aparelhos para funcionar, já que iriam passar mais tempo em casa, mas nos últimos meses tivemos uma queda”, ressaltou.