Dos 22 municípios das regiões Norte e Noroeste Fluminense, 16 cidades já registraram casos confirmados da variante Delta do coronavírus. De acordo com o Governo do Estado, os dados mostraram que 60,3% das 360 amostras analisadas, coletadas entre os meses de junho e julho, eram da variante Delta e 33,8% da variante Gamma. Na rodada anterior, divulgada no final de julho, 6,58% eram da variante Gama e 26,09% da Delta. Dessa forma, é possível afirmar que a variante Delta está em circulação no estado do Rio de Janeiro, com tendência de aumento, substituindo a variante Gamma. Em Campos, que alcançou pouco mais de 77% da população adulta vacinada contra a Covid com pelo menos a 1ª dose ou dose única, apenas um caso da variante Delta foi registrado, cujo campista foi infectado na Índia e testou positivo após desembarcar no Brasil.
Segundo dados do projeto Corona-Ômica-RJ, alguns municípios possuem duas linhagens da variante Delta. Como é o caso de Quissamã, que tem dois casos da linhagem B.1.617.2 e um da AY.4; São João da Barra, com três casos da B.1.617.2 e um da AY.4; São Fidélis, que tem um caso da B1.617.2 e quatro da AY.4; e Conceição de Macabu, com um caso de cada linhagem. Já em Natividade (3), Campos (1), Macaé (1) e Porciúncula (4) só há casos da linhagem B.1.617.2. E em Itaocara (1), Varre-Sai (3), Santo Antônio de Pádua (1), Laje do Muriaé (1), São Francisco de Itabapoana (4), Cardoso Moreira (1) e Itaperuna (2) os casos são apenas da linhagem AY.4.
Nessa terça, o município de Bom Jesus do Itabapoana detectou um caso da variante Delta, que foi confirmado pelo Laboratório Central Noel Nutels (Lacen-RJ). No entanto, o caso ainda não consta nos dados do projeto Corona-Ômica-RJ, que é um dos maiores estudos de vigilância genômica do país e faz parte de uma parceria entre a secretaria de Estado de Saúde (SES), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ, Lacen, Fiocruz e secretaria municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
Apesar de não existir comprovações sobre a presença da variante Delta da Covid em Campos, que contabilizou apenas um caso importado da variante em um campista de 32 anos que testou positivo ao desembarcar da Índia, o aumento expressivo das taxas de transmissão nos últimos dias pode representar uma evidência bem forte, de acordo com o subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde, Charbell Kury. “Ela (variante Delta) deve estar aqui”, afirmou o subsecretário ao ressaltar que um estudo na UFRJ detalhado por bairros já foi encomendado pela Prefeitura de Campos e, a qualquer momento, vai oferecer uma visão panorâmica das variantes presentes no município.
O fato é que a taxa de transmissibilidade entre jovens, de 18 a 38 anos, nos últimos três meses, aumentou em 100%, se comparada aos idosos no mesmo período. Isso mostra, ainda segundo Charbell, que a Covid obedece a uma regra matemática. “De cada 100 pessoas doentes, 80 não terão nada ou apenas sintomas leves e 20 serão internadas, podendo, eventualmente, morrer cinco pessoas. Então, quanto mais pessoas se contaminarem, mais pessoas podem morrer. Esse é o desafio agora, vacinar o maior número de pessoas”.
Campos aplica 1ª dose em jovens de 18 anos
Campos vacinou nessa terça-feira os jovens com 18 anos e já esboça as próximas ações, como vacinação dos adolescentes até 12 anos, que, segundo o secretário de Saúde, Adelsir Barreto, deverá começar em duas semanas, e a possibilidade de 3ª dose para idosos. Nesta quarta, o município inicia uma nova repescagem para quem não conseguiu se vacinar e segue com aplicação da 2ª dose para quem está no prazo.
As amigas Yasmin Araújo e Laysa Azeredo, ambas de 18 anos, demonstram satisfação em receber a 1ª dose. “Estou feliz por ter tomado esta primeira dose. Foi difícil passar pelo lockdown e pelas várias medidas sanitárias seguindo à risca, mas na maioria das vezes pensar na minha família e na segurança das pessoas que importam na minha vida foi o bastante”, comentou Yasmin.
Segundo o subsecretário Charbel Kury, Campos ainda tem 40 mil pessoas sem tomar a vacina. “Estamos com uma pendência de 40 mil pessoas, que podem estar divididas em quem não quer vacinar, quem está esperando para escolher vacina, quem faleceu e quem ainda está esperando para se vacinar em casa”, disse.
Ele destacou também a relação da variante Delta com a vacina. “A variante Delta abaixa muito a eficácia das vacinas, algumas delas até para 30%. Isso é péssimo. Por isso, queremos deixar a população totalmente imunizada para a 2ª dose. Outro desafio são os estudos que temos que conduzir para entender o impacto da falta de vacinação nas pessoas mais idosas, que mostram a maior mortalidade em Campos nesse grupo, especialmente acima de 80 anos, e avaliar uma 3ª dose de reforço com vacinas diferentes ou uma dose de reforço da mesma vacina”.
Até esse terça, o município aplicou 426.400 doses das vacinas contra a Covid-19, sendo 285.783 da primeira dose, 129.967 da segunda e 10.650 pessoas receberam dose única.
Municípios sem leitos vagos de UTI Covid
Desde essa segunda-feira (16), seis municípios fluminenses já não tinham leitos de UTI vagos para atendimento a pacientes com a doença, entre eles, Bom Jesus do Itabapoana, Miracema e Itaperuna, no Noroeste Fluminense. Em Campos, que conta 1.545 óbitos por Covid e 40.676 casos confirmados, a taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 é de 65,93%.
De acordo com dados do Governo do Estado, os 65 leitos de UTI disponíveis para o tratamento da Covid-19 em Bom Jesus do Itabapoana estão ocupados. Em boletim divulgado nessa terça (17), a Prefeitura de Bom Jesus informou que dos 65 internados na UTI, nove pessoas são do próprio município e 56 são de outras cidades. Desde o início da pandemia, foram confirmados 95 óbitos e 4.421 casos, sendo 4.192 curados. O município, que vive uma situação de alto risco, monitora 134 casos ativos.
Já Itaperuna tem apenas 10 leitos de UTI para Covid-19 e também está com lotação máxima. Até essa segunda, de acordo com último boletim divulgado, o município somava 38.904 casos confirmados da doença e 318 óbitos.
Em Miracema, o total de leitos de UTI para Covid regulados pelo Estado é de 6. O município informou, em boletim divulgado nessa terça, que contabiliza 116 óbitos confirmados e 3.903 casos, sendo 3.759 recuperados. A secretaria de Saúde de Miracema investiga outras sete mortes e monitora 25 casos suspeitos da doença. O município também possui 21 casos ativos.
Fotos: Genilson Pessanha