Matheus Berriel
31/08/2021 17:27 - Atualizado em 01/09/2021 10:43
Imagine como seria passear pelos bastidores de um disco do seu artista favorito? Em tempo marcado pela forte influência das plataformas digitais na indústria da música, a experiência tem se tornado possível com vários cantores e compositores. É o caso de Tuini Santos, carioca radicada em Macaé há dois anos e que lançou em maio o álbum “Encanto”, que mergulha no universo da chamada nova MPB. Ela, que usa apenas Tuini como nome artístico, iniciou agora o projeto “Faixa a faixa”, levando ao seu canal no YouTube, em vídeos independentes, detalhes sobre todas as canções que integram o disco.
O primeiro vídeo da série “Faixa a faixa” foi publicado na última sexta-feira (27), tratando da canção de abertura, a autoral “Janela”, que também teve lançamento próprio como single. No material, há depoimentos do violonista e arranjador Luiz Morais, do produtor musical Diogo Sili, do editor Marcelo Fedrá e de Marília Cabral, responsável pela filmagem do clipe da faixa.
— “Janela” é uma canção que fala de abertura, de uma fonte eterna de criação que está sempre acessível a todos, e que vive também pulsando dentro de nós — conta Tuini, de 38 anos. — Mesmo nesses tempos em que passamos tanto tempo atrás de janelas de vidro, sentindo falta do céu, a janela de que fala a canção está no espaço e no nosso coração, com o mesmo tamanho e grandeza, e com a mesma capacidade de criar esperança — complementa.
Em setembro, ainda sem data divulgada, será a vez de ir para a rede o vídeo sobre a segunda faixa do álbum, “Mãe Natureza”, contando a história do encontro entre um menino e uma senhora de cabelos brancos capaz de girar a Terra com sua dança encantada. “Encanto” inclui ainda as canções “Perto do mar”, “Jasmineiro”, “Onda”, “Pingente”,“Nutrir”, “Toda Água”, “Barquinho”, “Azul”, “Mel” e “Navegante”. Das 12 faixas, apenas duas não são de Tuini. O marido dela, Pedro Rivas, assina “Jasmineiro”, enquanto Ana Cristina Pessôa e José Renato Pessôa são os autores de “Barquinho”.
— O álbum é o ponto de encontro entre a natureza do eu e a beleza do mundo. Todas as canções navegam por esse universo. A força do mar, das águas, da terra, da natureza brilha em “Encanto” — filosofa a cantora e compositora.
Atriz de formação há mais de 15 anos, Tuini sempre cantou nos espetáculos em que fez parte do elenco, inclusive apresentando ao público algumas das suas composições. Mas, só em 2017 ela resolveu trabalhar em um álbum, que marca definitivamente a sua entrada no universo da música. Toda a gravação aconteceu no Estúdio Boca do Mato, no Rio de Janeiro, no final de 2019 e início de 2020. Já o processo de mixagem e masterização ocorreu durante a pandemia da Covid-19. Escolhido detalhadamente, o repertório passeia por pilares da música brasileira como baião, samba, ijexá e congo, contendo um lirismo característico dos arranjos de Luiz Morais.
— A gente tem ouvido falar muito de Nova MPB, né. Eu não curto muito modismos em que às vezes criam termos que no fundo significam a mesma coisa, mas esse termo especificamente me agrada, pelo toque de contemporaneidade que ele traz. Para mim, a nova MPB traz toda essa força de um Brasil contemporâneo ou que quer ser contemporâneo, mesmo diante de todos os absurdos e retrocessos que vivemos — afirma a artista: — Há tantos e tantas artistas independentes de qualidade incrível, novas vozes, novas composições que, devido às circunstâncias do cenário musical atual, muitas vezes acabam não ganhando a visibilidade que mereciam. Há uma geração muito forte e talentosa nessa Nova MPB. Eu me sinto parte dessa geração.
Acessível nas plataformas digitais, “Encanto” ainda não ganhou formato físico, mas um encarte feito pelo designer Felipe Taborda será disponibilizado em breve.