Matheus Berriel
19/08/2021 23:19 - Atualizado em 31/07/2022 12:47
O ano de 2021 já é um marco na carreira da cantora e compositora campista Karine Mendonça. Desde que lançou nas plataformas digitais a música autoral “Matilha”, feita e interpretada em parceria com Xande de Pilares, que também participou do clipe, ela passou a ser mais reconhecida, especialmente em Campos, que ganha espaço de destaque no seu EP “Cais”. Locações da cidade como o Teatro Municipal Trianon, onde foi filmado o clipe da canção com Xande, funcionam como panos de fundo para destacar ainda mais o talento de Karine, sem sobrenome no meio artístico. Assim mesmo: Karine. Nome de uma artista que, com recursos próprios, começa a se destacar no cenário da música popular brasileira aos recém-completados 24 anos.
Samba-bolero que inclui sedução, elegância e mistério como características, “Matilha” é fruto de parceria iniciada em 24 de janeiro de 2020, durante um show de Xande de Pilares no Farol de São Thomé, em que o ex-vocalista do Grupo Revelação, na carreira solo desde 2014, chamou Karine para fazer participação.
— Ele conheceu o meu trabalho pela internet. Desde então, sempre incentivou a minha arte. Tínhamos trocado ideia alguns meses antes, pela internet, após ele assistir alguns dos vídeos que tenho cantando no Instagram e fazer um comentário muito incentivador. Isso teve um peso muito grande para que eu começasse a investir no meu trabalho. E no Farol ele me convidou para cantar no palco, não foi nada combinado — conta Karine, que, além da música, também atua nas artes plásticas. Foi exatamente da pintura que ela tirou recursos para trabalhar no EP “Cais”, já com três músicas lançadas. A quarta e última, “Vacilar”, tem lançamento previsto para 3 de setembro.
Depois de cantar com Xande, Karine se aproximou do cantor e compositor, passando a tê-lo como um padrinho.
— Conversamos bastante no camarim e depois tivemos a oportunidade de nos conhecer mais no WhatsApp, onde começamos a compor algumas coisas juntos. Foi daí que saiu “Matilha” — explica ela: — Dividir um som com uma grande estrela da música popular brasileira no meu primeiro trabalho autoral foi, sem dúvidas, uma grande oportunidade de aprender e poder alcançar pessoas que admiram o trabalho do Xande e se interessaram pela história da nossa amizade. Sou muito grata por isso. Apesar de não ser a minha música com mais plays, é a música que mexeu com a curiosidade das pessoas e voltou a atenção do público para o trabalho local que estamos produzindo.
Lançada na rede em 9 de julho, “Matilha” teve mais de 7 mil reproduções no Spotify em apenas uma semana, enquanto o YouTube contabilizou 38 mil acessos ao clipe em 40 dias. A segunda faixa do EP, “Aquarela”, superou a marca de 10 mil plays no Spotify menos de um mês após o lançamento em 28 de maio. Números maiores vieram com “Cais”, faixa de abertura do álbum homônimo, reproduzida mais de 102 mil vezes só no Spotify, desde 9 de abril. Logo na primeira semana, passou a integrar a playlist editorial “Manhã Relax” na mesma plataforma.
Todas as faixas do EP “Cais” têm nos seus clipes, no YouTube, cenas em locações histórico-culturais de Campos, como o Trianon, a fachada do Liceu de Humanidades, o Cais da Lapa e o Clube de Regatas Rio Branco, e todos os trabalhadores envolvidos na produção são do mercado local. Além do YouTube, também é possível ouvir as canções “Cais”, “Aquarela” e “Matilha” nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes Store, Apple Music e Amazon Music.
Trajetória — Karine começou a cantar aos sete anos, no Colégio João Paulo II, onde participou de corais e fez várias apresentações até o ensino médio. Na adolescência, também cantou em igrejas. A estreia profissionalmente aconteceu aos 16 anos, quando passou a se apresentar em cerimônias de casamento, bares e festas. Por um ano e meio, integrou a banda do cantor e compositor Apollo Ramidan, com quem relata ter tido grande aprendizado. Chegou a cursar faculdade de Arquitetura e Urbanismo no Instituto Federal Fluminense (IFF), mas parou no nono período, dando prioridade ao microfone.
Em 2018, a campista lançou no YouTube seu primeiro trabalho autoral na música, o “Samba da Liberdade”, com críticas à intolerância. “Entre mortes, assaltos e assédios, o gay é quem precisa de remédio. Retornemos à pergunta: que país é esse?”, questiona no clipe.
Também violonista, Karine publica no Instagram, desde 2016, vídeos em que demonstra influências do samba, da MPB e da Bossa Nova no seu estilo. Há na rede social registros dela tocando e interpretando músicas famosas nas vozes de cantores de diferentes épocas, como Chico Buarque, Djavan, Luiz Melodia, Marisa Monte, Gal Costa, Paula Toller (no Kid Abelha), Jorge Ben Jor, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Zeca Pagodinho, o grupo Fundo de Quintal, Nelson Gonçalves, Cartola, Vinícius de Moraes, entre outros. Eclética, também passeia por nomes de sucesso mais recente, como Ferrugem, Sorriso Maroto, Ana Gabriela, a banda Lagum e, claro, Xande de Pilares.
Entre um vídeo e outro, Karine usa o mesmo espaço para divulgar algumas das suas composições, que passaram recentemente a receber atenção especial. Em maio do ano passado, foram para as mídias digitais a canção “Menino Vadio”, parceria dela com o DJ Neskau, que integra o EP “Fora da Caixa”. Outro parceiro na carreira é Arthur Pecly, com quem assina “Aquarela”. A última faixa do EP atual a ser lançada, “Vacilar”, foi feita com Richard Netto. No álbum, apenas “Cais”, tem Karine como a única compositora.
— Sempre juntei as minhas economias para dar um pontapé inicial na minha carreira, e esse ano isso foi possível, graças a Deus e ao meu trabalho com pintura artística, que financiou todo esse processo de produção independente. Como na pandemia tivemos que parar as nossas atividades de trabalho musical, eu encontrei na pintura uma alternativa de tocar a vida e investir no meu sonho — enfatiza a artista, convidada no final de julho a apresentar seu trabalho em reunião cultural na Câmara dos Vereadores e que também se apresentou no Museu Histórico de Campos, no último dia 5, dentro da programação da Festa do Santíssimo Salvador.