E m cerimônia restrita a convidados, realizada entre o final da tarde e início da noite de segunda-feira (16), no Teatro Municipal Trianon, foram entregues os troféus da principal honraria da cultura de Campos, o Prêmio Alberto Ribeiro Lamego, aos homenageados de 2019 e 2020. Entre eles esteve a empresária e professora Diva Abreu Barbosa, diretora-presidente do Grupo Folha, recebendo o troféu das mãos do professor e pesquisador Marcelo Sampaio, que a indicou pela sua trajetória e por ter sido a criadora da própria premiação. Também foi homenageado em vida o jornalista e professor Fernando da Silveira, enquanto familiares do ator e professor Yve Carvalho e do cantor e compositor Dom Américo receberam o troféu dedicado a ambos in memoriam.
— É uma alegria muito grande poder estar viabilizando a entrega do Prêmio Alberto Lamego, a maior premiação da cultura em nosso município, a pessoas tão especiais, que sempre fizeram da minha vida — disse no evento a atual presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL) e também do Conselho Municipal de Cultura (Comcultura), Auxiliadora Freitas. — Nosso muito obrigado aos que ergueram templos acolhedores de paixão e entrega. Suas vidas salvaram outras vidas, porque significaram e significam muito para a alma da nossa gente, intérpretes que são dos sentimentos e canções — pontuou.
Idealizadora do Prêmio Alberto Lamego enquanto diretora do antigo Departamento de Cultura de Campos, em 1987, Diva Abreu Barbosa também o recebeu, após aprovação em 2019, pelo seu histórico como professora do Liceu de Humanidades, compositora, poetisa e realizadora do Troféu Felisminda Minha Nega, na Folha da Manhã, que incentivava e premiava destaques do Carnaval Campista, como também da Feijoada da Folha, sempre com referências a personalidades culturais. Homenageada como tema do desfile campeão da escola de samba Ururau da Lapa em 1998, Diva foi surpreendida pela execução do samba-enredo na cerimônia de segunda-feira, um presente de Marcelo Sampaio.
— Eu fiquei muito emocionada. Pensei que não fosse me emocionar, mas me emocionei. A gente vai fazendo as coisas e não sabe o que está construindo. Depois, quando acontece uma apresentação assim, que revive tudo, você vê que realmente fez alguma coisa — brinca Diva entre sorrisos.
Outro destaque musical ficou por conta das apresentações de França Motta, que destinou uma canção a cada homenageado. Ao jornalista e professor Fernando da Silveira, de 92 anos, França interpretou “Oração ao tempo”, de Caetano Veloso. Uma sensível homenagem a um veterano que se destacou pela atuação em veículos da imprensa de Campos e do Rio de Janeiro, como “O Radical”, “Diário Carioca”, “O Popular”, “Beira-Mar”, “Monitor Campista”, Folha da Manhã, “A Notícia” e “A Cidade”. Na década de 1960, Fernando uniu um célebre personagem do romance “Os Maias”, de Eça de Queiros, a outro do conto “O homem que sabia javanês”, de Lima Barreto, passando a adotar o pseudônimo João da Ega. Como professor universitário, lecionou até 2019, aos 90 anos.
— O Prêmio Alberto Lamego significa, de fato, uma grande vitória, porque as pessoas que me indicaram e patrocinaram este prêmio representam a elite intelectual campista. Então, como eu disse no discurso, me curvei de tanta alegria, faltando pouco beijar os pés desta elite intelectual — afirma um agradecido Fernando da Silveira, indicado à honraria equivalente em 2020 pelo poeta Ronaldo Júnior.
Homenageados in memoriam, o ator e professor Yve Carvalho e o cantor e compositor Dom Américo foram representados, respectivamente, por irmão, Evaldo, e filho, Apollo Ramidan.
— A professora Cristina Lima, que indicou o Yve (em 2019), falou tudo o que ele queria ouvir se estivesse aqui. Me lembro de quando fomos apresentar uma peça no Abrigo João Vianna, onde ele fez uma interpretação do personagem masculino “Maria Chiquinha”. Na época, lá no início, eu estava sempre junto dele. E a gente cantava, dançava, foi muito legal. Como irmão, sempre o incentivei e participei, trabalhamos junto algumas vezes. Depois, ele seguiu a carreira e despontou — recorda Evaldo Carvalho, atualmente taxista. — Eu mudei de profissão, e Yve continuou a caminhada dele. Foi para o Rio, fez faculdade, se formou, passou em concurso, depois retornou para Campos. A vida dele toda foi dedicada à cultura, à arte de representar. Então, foi muito satisfatório participar da cerimônia em homenagem a ele. Foi um prêmio que marcou muito para os homenageados que estavam presentes. E, certamente, os que não estavam, Yve e Dom Américo, ficaram felizes no plano em que estão — complementa Evaldo.
Apollo Ramidan, por sua vez, destaca a gratidão por ter retornado ao Trianon para nova reverência pública ao seu pai, que tantas vezes se apresentou naquele teatro e no mês passado, passou a dar nome à sua plateia.
— Cada homenagem que recebemos ao meu pai é mais uma alegria, e com o Prêmio Alberto Lamego não foi diferente. A família Dom Américo está honrada demais. Durante a cerimônia, fiquei sabendo de outra homenagem que ele vai receber. Ainda não posso contar por ser uma surpresa. Mas, estou muito feliz e honrado — expressa Apollo, cantor e compositor como o pai, que recebeu indicação em 2020 da professora Kátia Macabu, atualmente diretora de Artes e Culturas da FCJOL.
Estiveram presentes no evento de segunda-feira autoridades como o assessor da secretaria estadual de Cultura Maxwell Vaz, que representou a secretária Danielle Barros; o subchefe do gabinete do vice-prefeito de Campos, Sérgio Cunha, representando Frederico Paes; o vereador Maicon Cruz, presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara Municipal; a presidente da Academia Campista de Letras (ACL), Vanda Terezinha Vasconcelos; o reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Raul Palacio; e o procurador de Justiça e professor Levi Quaresma.
Histórico — Desde 1987, o Prêmio Alberto Lamego é destinado a reconhecer personalidades de destaque no setor artístico-cultural campista, indicadas e votadas no Comcultura, com entrega dos troféus acontecendo durante cerimônia realizada pela FCJOL. O nome do prêmio faz alusão ao escritor e geógrafo campista responsável por obras como a série “O Homem e o Meio Ambiente” e os livros “O Homem e o Brejo”, “O Homem e a Restinga”, “O Homem e a Guanabara” e “O Homem e a Serra”.