A CPI da Covid retirou o sigilo das mensagens de celular do policial militar vendedor de vacinas Luiz Paulo Dominguetti. A comissão descobriu que ele já falava em superfaturamento muito antes do jantar do dia 25 de fevereiro com o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias. Nesse dia, Dominguetti teria ouvido o pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina.
Nas mensagens, há um contato de Dominguetti com o coronel Romualdo, que chegou a ser citado por ele no depoimento à CPI em 1º de julho, no momento em que relatou o pedido de propina de US$ 1 por dose que teria sido feito por Roberto Dias, o então diretor de Logística do Ministério da Saúde.
No dia 6 de fevereiro, há um registro de uma ligação de Dominguetti para Romualdo, que responde que passou "para a frente a sua demanda”. Em 8 de fevereiro, ele pergunta a Dominguetti se “aquele assunto evoluiu”.
No mesmo período em que Dominguetti troca mensagens com o coronel Romualdo, o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, procurou Cristiano Carvalho, representante oficial da empresa Davati no Brasil. As informações foram publicadas pelo jornal "Folha de S.Paulo" e confirmadas pela TV Globo.
No dia 3 de fevereiro, Roberto Dias entrou em contato com Cristiano Carvalho se apresentando como diretor do ministério. A partir dali, eles começaram a trocar mensagens e telefonemas sobre a venda de vacina.
No dia 4, Cristiano Carvalho encaminhou documentos sobre autorização para venda de vacinas e depois escreveu: "Bom dia, Roberto. Desculpe, estava negociando para o MS Brasil. O preço ficou US$ 12,51 por dose FOB (europa). Preciso da loi e gov authorization”.
No dia 9, Roberto Dias ligou três vezes para Carvalho, mas não foi atendido.
Em depoimento à CPI, Dominguetti disse que recebeu o pedido de propina no dia 25 de fevereiro, no jantar em um restaurante em Brasília - 17 dias depois desse diálogo que teve com o coronel Romualdo, que já indicava a pressão para superfaturar o valor da vacina.
Também estava no jantar o tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde, que trabalhava na diretoria de Roberto Dias. Segundo Dominguetti, foi quando Roberto Dias pediu propina de US$ 1 por dose de vacina.
Integrantes da CPI estão intrigados com uma mensagem de Dominguetti ao tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde, que trabalhava na diretoria de Roberto Dias.
No dia 8 de março, em meio ao registro de ligações entre Dominguetti e Blanco, Domingueti escreveu:
Dominghetti: "Vamos depositar US$ 1 milhão agora"
A CPI ainda não sabe se o dinheiro foi efetivamente depositado por quem, na conta de quem, e a troco de quê.