Aluysio Abreu Barbosa
23/06/2021 10:47 - Atualizado em 23/06/2021 10:58
“No dia 25 (de maio) vieram 13 projetos (do governo Wladimir) para a Casa, alguns voltados para corte de gastos. Mas os que tiveram mais destaque foram os (três) sobre o servidor e o projeto do Código Tributário. O primeiro ponto foi o que Fábio (Ribeiro, PSD, presidente da Câmara Municipal) já falou (ao Folha no Ar de 28 de maio), quando teve o reconhecimento que chegou em cima da hora, o que atrapalhou bastante o entendimento. Este talvez tenha sido o ponto crucial do Código Tributário, até chegar neste momento (foi retirado de votação em 26 de maio e 16 de junho, porque o governo não conseguiria aprová-lo). A forma que foi falado que o projeto chegaria, era uma, e quando tivemos acesso ao projeto, era completamente outra. Votei com a base do governo em 12 projetos, alguns difíceis, no corte de gastos, que a gente acreditou ser viável. Mas o Código Tributário não foi debatido da forma correta com a sociedade. Que deveria participar não é de uma semana, uma semana e meia para trás; mas desde lá detrás”. Foi o que explicou na manhã de ontem ao programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3, o vereador Bruno Vianna (PSL).
O jovem parlamentar falou também da reunião na noite de segunda (21), na CDL-Campos, que ele participou junto aos colegas vereadores Rogério Matoso (DEM), Helinho Nahim (PTC), Abdu Neme (Avante), Anderson de Matos (Republicanos) e Igor Pereira (SD), que receberam o agradecimento de 12 entidades de classe, incluindo do Sindicato dos Médicos de Campos (Simec), pela posição contrária ao Código Tributário. Perguntado no Folha no Ar da manhã seguinte, se não achava que isso configurava uma aliança política a favor das classes mais abastadas da cidade e contra a inclusão dos mais pobres no orçamento municipal, como questionou também na segunda o líder da bancada governista na Câmara, edil Álvaro Oliveira (PSD), Bruno respondeu à Folha FM:
— Falo por mim, não por outros vereadores, se alguém que tirou tudo lá atrás (programas sociais como Cheque-Cidadão, Passagem Social e Restaurante Popular) com Rafael (Diniz, Cidadania, ex-prefeito), se vota por conta disso, se não vota. Não vou entrar nessa discussão, porque não estou na vida de ninguém. Eu não tinha cargo público nenhum no governo Rafael, nem meu pai (o ex-deputado estadual Gil Vianna, morto por Covid-19 em 19 de maio de 2020) estava em mandato nenhum no município. Parece que é difícil de entender: “olha, eu não vou votar porque eu penso diferente”. E tentam buscar um motivo porque o outro pensa diferente: “olha, você pensa diferente porque está escutando Rodrigo (Bacellar, SD, secretário estadual de Governo)”; “olha, você está pensando diferente porque está escutando Rafael”. E eu digo: “olha, eu penso diferente porque estou a favor da população”. Eu acho que não existe ninguém na nossa cidade que é favorável a aumento de impostos. Dizer que é por conta da luta de classes, com uns vereadores ao lado dos ricos e outros vereadores ao lado dos pobres, quem leu a proposta do Código Tributário sabe que ela não afeta só determinada classe. Vai ser igual a uma cachoeira, vai cair de cima para baixo. Dizer isso, com todo o respeito ao meu amigo Álvaro, é uma maneira muito rasa de colocar.
Ao Folha no Ar, o edil também respondeu a perguntas de telespectadores, feitas através de comentários do streaming ao vivo do programa no Facebook. Que indagaram sobre as exonerações da Fundação Municipal de Esportes (FME) de indicados por Bruno, assim como por seu colega Raphael Thuin (PTB), em represália do Executivo à posição dos parlamentares contra o Código Tributário:
— Existe dentro do nosso país a política de coalizão, que acontece em todas as esferas, onde vereadores, deputados, estão próximos da máquina pública. Existiam pessoas próximas a mim que estavam dentro da Fundação de Esportes. E eu gosto muito de falar na questão do currículo na indicação. A pessoa esteve do meu lado durante a campanha, ajudou ao prefeito, esteve próxima, se tiver um currículo bom e estiver à disposição para integrar o poder público, ela vai estar participando. Todo mundo falava que o melhor cenário do governo Rafael Diniz era nos Esportes. Eu acho que essa questão de cortar as pessoas próximas ao vereador que se posicionou contrário (ao Código Tributário) é uma decisão que é do Executivo. Vamos tirar? Tirou por questões políticas ou técnicas? Todo mundo sabe que foi por questões políticas. Vamos ver se vai haver uma queda técnica na Fundação. Se conseguir desenvolver um trabalho bacana para a cidade, para mim não vai ter problema algum. O que não pode acontecer é o que houve na última semana, de nomeações que, em menos de 48 horas, foram exoneradas as pessoas, pelo que eu vi, por falta de capacidade técnica.
O parlamentar também falou da reunião na casa da Lapa, na noite de 15 de maio, com vereadores então governistas, entre eles o presidente Fábio Ribeiro, mais o prefeito Wladimir e seu pai, o ex-governador Anthony Garotinho (sem partido). Onde este, cobrando apoio à aprovação das contas de 2016 da ex-prefeita Rosinha Garotinho (Pros), disse aos edis, incluindo Bruno: “Não é bom brigar com o governo. Ele tem dentes. E pode morder”:
— Sendo bem franco, não dá para dizer se foi em tom de aviso, se foi em tom de ameaça, até porque a gente não está na mente da pessoa. Mas se foi em tom de ameaça, que eu acredito que não tenha sido, nada me afeta. Porque o governo tem dente, o Legislativo também tem e a população também tem. Então, foi falado, mas tenho coisas mais importantes para estar preocupado neste momento.