A campista Manuela nasceu celebridade para o mundo da Ciência, em tempos difíceis de pandemia. Com seus 50 centímetros e pouco mais de 3 kg, câmeras e flashes voltaram-se para ela na manhã dessa sexta-feira (11). Ela esteve na maternidade da Beneficência Portuguesa, onde nasceu, para revisão. Vestida de vermelho, laço branco na cabeça, mamava tranquilamente, enquanto a família relatava a bênção que foi saber que a garotinha tem anticorpos para Covid-19; o primeiro caso registrado na região.

Moradora do Novo Jóquei, filha de pedreiro e doceira, Manuela nasceu no dia 29 de maio. Sua mãe, Mirscilene Souza, 42 anos, no primeiro trimestre de gestação testou positivo para a Covid e chikungunya; as duas doença sem um espaço curto de tempo. Segundo Mirscilene, foram dias difíceis, nos quais só o que fazia era chorar. Ela não chegou a tomar a vacina, mas disse que deixará o medo de lado e vai se imunizar.

Ao relatar que havia passado pela Covid, a iniciativa de fazer o teste partiu da pediatra da unidade médica. O resultado do exame da neném, colhido após seu nascimento, foi informado no último dia 6, pelo laboratório Hermes Pardini, de Minas Gerais.

— Fui para casa sem saber da imunidade. Foi quando o médico ligou e avisou do resultado do exame. Todo choro e preocupação foi revertido em alegria. Olho pra ela e fico mais calma em saber que minha filha está imune ao vírus. Agora, vamos torcer todos juntos para que continue com essa benção — destaca a mãe, que tem outros três filhos, inclusive a Maria Luiza, que não perdeu nenhuma chance de ficar bem juntinha da irmãzinha.

O pai, Enildo da Conceição Coutinho, 43 anos, disse que ajudou a mulher a passar pela fase difícil das doenças, procurando formas de acalmá-la. “Saía para o trabalho e deixava ela chorando, mas passando certa tranquilidade sem deixar transparecer a preocupação. Era confiar em Deus, e tudo deu certo”, contou.

Segundo o coordenador da maternidade da Beneficência, Denisley Henrique de Jesus, não se tem conhecimento de casos semelhantes na região. E, por isso, a unidade pretende continuar no acompanhamento da mãe e do bebê para publicar o caso. “Esse exame que foi feito na Manuela não é de rotina, mas, nessa sexta, estamos testando outro recém-nascido da nossa maternidade. A mãe também teve Covid. Agora, vamos esperar o resultado”, destacou o médico.

Autoridades da área de Saúde de Campos já estão cientes do caso da Manuela. A subsecretaria de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde informa que recebeu a notificação do bebê que nasceu com anticorpos, mas ainda aguarda o Serviço de Controle de Infecção do Hospital Beneficência Portuguesa de Campos enviar o resultado do exame.

“Vale ressaltar que o bebê não está positivo para a Covid-19, mas sim nasceu com anticorpo contra a doença produzido pela mãe e passado ao bebê por transferência passiva no 3º trimestre de gestação. Essa positividade do anticorpo pode ser devido à infecção pelo vírus ou vacinação da gestante, com transferência via placenta durante a gestação e/ou aleitamento materno, entretanto o município aguarda o relato oficial completo do histórico do caso”, disse em nota.

Segundo a pasta, não há registro de bebê com Covid-19 por transmissão vertical (da mãe para o bebê) no município.

“A abordagem ao nascimento faz parte do acompanhamento do médico pediatra da sala de parto e que também acompanha o recém nascido. Caso haja suspeita, o médico responsável deve encaminhar a notificação compulsória e então solicitar os exames que considerar necessários à sua avaliação e comprovação ou descarte do relato de caso”, conclui a nota.