Apesar do furto ocorrido em dezembro do ano passado, quando foi levada parte considerável do acervo do Museu Olavo Cardoso, este ainda possui objetos de grande valor para a memória campista. O que restou está abrigado desde 27 de janeiro no Museu Histórico de Campos, onde uma exposição temporária é montada, após restauração dos itens, para ser aberta no final deste mês. A mostra será inaugurada no próximo dia 29, data do nono aniversário de funcionamento do Museu Histórico, às 10h. Ainda não há definição quanto ao início das visitações do público, que deverão acontecer mediante agendamento prévio, seguindo protocolos de prevenção à Covid-19.

— A equipe do Museu Histórico de Campos tem se dedicado muito nestes últimos meses na coleção do Museu Olavo Cardoso, recuperando o que foi destruído. As peças que não foram roubadas Museu Olavo Cardoso, no final do ano passado, foram destruídas. Essa é a impressão que passa ao observar o que restou deste roubo — diz a historiadora Graziela Escocard, que trabalha no Museu Histórico desde 2012 e está à frente do mesmo desde 2013.

— A adequação desta coleção ao nosso acervo não tem sido uma tarefa fácil, pois não podemos espalhar as peças pelo Museu Histórico. Foi preciso criar um ambiente somente para a coleção Olavo Cardoso, que ficou no salão dos fundos do museu, o antigo salão do tribunal do júri. A expografia desta coleção ilustra bem os ambientes de um museu casa, mostrando espaços como cozinha, copa, sala de jantar, quarto e sala, tudo em um salão bem amplo — comenta Graziela.

Compõem o acervo peças como duas cristaleiras, duas mesas de jantar, 15 cadeiras, mesa de cozinha com outras três cadeiras de conjunto, um aparelho de bufê, guarda-roupas, cômoda, mesa de canto, penteadeira, três floreiras, três tapetes originais, duas colunas, relógio de parede de madeira, armário de louças, filtro com pedra vulcânica, documentos e fotos do casal Olavo Cardoso e Isabel Cardoso, frascos de perfumes usados por Isabel, além de fotos da primeira esposa de Olavo, Ambrosina, conhecida pianista de Campos no passado. Vários itens do mobiliário foram recebidos em estado degradável, desmontados, com vidros quebrados e algumas partes danificadas. Todo o material recuperado e que será exposto está passando por catalogação.

— Para ceder todo este espaço à coleção do Olavo Cardoso, tivemos que remodelar outras salas de exposição do Museu Histórico. Tudo isso rendeu um longo trabalho da nossa equipe neste processo. Mas, agora já estamos na reta final, ajeitando apenas os últimos detalhes para a coleção do Olavo Cardoso, com exposição a ser inaugurada no aniversário de nove anos do Museu Histórico — explica Graziela Escocard.

A abertura da mostra deve contar com presença do prefeito de Campos, Wladimir Garotinho; do presidente da Câmara Municipal, Fábio Ribeiro; e da presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Auxiliadora Freitas.

— O intuito de receber este acervo no Museu Histórico de Campos é revelar que a cidade possui outro museu, com outra temática de museu casa, e que precisa ser restaurado e entregue novamente à população — salienta Graziela. — Com a coleção do Olavo Cardoso no Museu Histórico, podemos contextualizar o modo de vida de um usineiro e todas as relações que envolvem esse universo dos usineiros, como a mão de obra utilizada nas usinas e a produção açucareira na região. A maioria das peças foi restaurada pela equipe do Museu Histórico, e outras peças realmente precisaram de intervenção, como serviço de vidraceiro e marceneiro — complementa.

Atualmente, o Museu Olavo Cardoso está com parte da sua estrutura interditada. O furto do final do ano passado segue em investigação pela Polícia Civil.