Ethmar Filho - O Canto Coral
Ethmar Filho - Atualizado em 11/06/2021 21:45
O canto coral tem provado ser tão importante para as crianças como as atividades esportivas e algumas outras, lúdicas. Esses benefícios incluem cooperação, partilha, compromisso, comprometimento, criatividade e concentração — habilidades que se tornam inestimáveis quando elas entram na escola, enfrentando novos desafios, começando a formar novas amizades e desenvolvendo habilidades sociais. Ao falar de compromisso e comprometimento, atribuímos a elas significados diferentes, quando orientamos as crianças dos corais, citando a teoria do “Bife a cavalo”: O compromisso está no papel da galinha, que entra com o ovo e só. Já o mais importante, que é comprometimento, está no papel da vaca, que entra com o bife nesse delicioso prato.
Só existem vantagens, como dizia Villa Lobos, em juntar crianças e música. Embora o “Efeito Mozart” não fabrique pequenos gênios e, pelo menos não comprovadamente, aumente a inteligência e turbine o cérebro, não se pode negar que ouvir a obra do compositor clássico austríaco seja, realmente, muito agradável e interessante, não só para crianças. Seja pelo puro prazer de ouvir sons deliciosos e harmonias delicadas, seja para adquirir novas inteligências e habilidades sociais, seja qual for a intenção ou configuração, seja onde for, é certo que a música pode animar e enriquecer a vida das crianças e das pessoas que cuidam delas.
O que temos — eu como diretor artístico, as crianças e adolescentes dos corais, juntamente com seus pais, que assistem aos ensaios e às aulas — vivenciado é não só o desenvolvimento humano e intelectual desses pequenos cantores, mas um imenso prazer estampado nos rostos de todos ao final das sessões de ensaios e aulas. Cantar, tocar e lidar com a música pode desempenhar um papel fundamental na nossa cultura. Vamos encontrar a música presente em muitos aspectos de nossas vidas: teatro, televisão, filmes, cultos religiosos, festas e cerimônias militares.
Mas nada é tão importante como a forma com a qual disponibilizamos a música para os nossos filhos. Desde o nascimento, os pais, instintivamente, usam a música para acalmar as crianças, para expressar seu amor e alegria, no sentido de envolvê-las e interagir com elas. Os pais podem construir sobre esses instintos naturais, aprendendo como a música tende a afetar o desenvolvimento da criança, como pode melhorar as habilidades sociais e beneficiá-las em todas as idades, uma base intelectual sólida e consistente para a vida toda. Para crianças em idade pré-escolar, fazer música pode ser uma experiência dinâmica de aprendizagem social. Quando fazem música juntos, as crianças aprendem a trabalhar em equipe, na medida em que cada uma contribui para a canção da sua própria maneira, juntando peças na construção de um todo. Ao mesmo tempo, a música ajuda as crianças a aprenderem que, juntas, elas podem fazer algo maior do que individualmente.
A maioria das crianças em idade escolar deveria estar envolvida com canções que associassem saberes tais como: contagem, ortografia, ou mesmo, fatores pontuais que, unidos, lembrassem uma sequência de eventos. Canções e atividades musicais, junto com outras disciplinas escolares, são muito eficazes durante este estágio de desenvolvimento da criança.
Tivemos um professor de química — a orgânica, a famigerada, a insuportável, a impertinente e a cansativa — que conseguiu transformar o pesadelo de aprender esta disciplina em um quase sonho, compondo letras didáticas a respeito das fórmulas, em cima das músicas que mais gostávamos na época do curso colegial. Isso é saber lidar com a música de forma educativa. Crianças em idade escolar começam a expressar seus gostos e desgostos em relação a diferentes tipos de música. Elas podem, aí e através disso, manifestar interesse em tomar lições musicais. Já os adolescentes podem usar experiências musicais para cultivar amizades e definir a si próprios, para além dos pais e das crianças mais jovens. Eles, muitas vezes, querem sair e ouvir música depois da escola com um grupo de amigos, coisa que costuma acontecer, quase sempre, com os cantores de corais, antes e depois dos ensaios.
 
 
Maestro Ethmar Filho – Mestre em cognição e linguagem

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