Caramba! Um grupo de cientistas fez um censo do Tiranossauro rex e chegou à conclusão de que dois bilhões e meio desses animais caminharam sobre a Terra. Em 2020, estima-se que a população mundial de humanos alcançou 7,8 bilhões de habitantes. Significa isso que os tiranossauros e a humanidade não poderiam conviver. Bastaria que cada um comesse quatro pessoas para extinguir a humanidade. Na verdade, bastaria que cada um comesse 3,5 pessoas. É que não dá para a outra metade ficar viva.
Mas, entremos em detalhes. Esse total espantoso de 2,5 bilhões de tiranossauros tem de ser distribuído ao longo de 2,4 milhões de anos, pois a espécie existiu entre 66 e 68 milhões de anos passados. Se fosse possível reunir todas a gerações de humanos da Terra nesse mesmo tempo, o número seria astronômico. Aliás, não seria possível fazer essa megarreunião, porque calcula-se que o Homo sapiens tenha apenas 200 mil anos de existência. Mesmo assim, seria muita gente. O total não caberia nos continentes.
Cada exemplar de Tiranossauro rex contava com quatro metros de altura, 12,5 metros de comprimento (do focinho à ponta da cauda) e 14 toneladas. A espécie estava no topo da cadeia alimentar e não tinha predadores, a não ser quando de sua morte natural na boca dos minúsculos decompositores. A área necessária para cada um se alimentar tinha de ser enorme. Calcula-se que, numa área correspondente a Washington, apenas dois dinossauros poderiam viver. De preferência um casal. Depois de crescidos, os filhotes teriam de se mudar para outro lugar. Na área urbana de Curitiba, por exemplo, caberiam apenas quatro dinossauros. Eles papavam tudo o que fosse animal.
No tempo dos tiranossauros, não existia mais Pangeia, o supercontinente que reunia todos os existentes atualmente e que durou entre 200 a 540 milhões de anos passados. Mesmo assim, os tiranossauros contavam com muita área, mas restringiram-se a um território do tamanho da Argentina dentro dos atuais Estados Unidos. Eles se acotovelavam.
Os tiranossauros só encontraram os humanos no cinema. Desde o filme “O mundo perdido”, de 1925, passando por muitos filmes da década de 1950 e chegando aos dias de hoje, os tiranossauros representam um tormento para os outros animais e para o ser humano. Mas só no cinema. Seriam eles tão perigosos assim? Certamente sua fama é merecida, mas, se eles existissem atualmente, até poderiam mastigar alguns humanos. Seria o pretexto ideal para a humanidade encontrar alguma forma de exterminar a espécie.
O choque de um corpo celeste com a Terra, há 66 milhões de anos passados, representou o fim deles. Existiam então 20 mil indivíduos. O impacto do corpo celeste foi tão forte que muitos animais foram projetados para o alto e morreram na queda, como acreditam alguns paleontólogos. Apenas 1 em cada 80 milhões de tiranossauros foi fossilizado, ou seja, teve cada molécula do seu esqueleto petrificada.
O grande cataclismo também levantou muita poeira e ativou o vulcanismo. O pó do choque e dos vulcões criou uma camada de sedimentos ao redor da Terra, impedindo que a luz do sol chegasse à superfície, não permitindo que as plantas realizassem o processo de fotossíntese. Isso significa que os teores de oxigênio caíram e os de gás carbônico aumentaram, acentuando o efeito-estufa. Além do mais, as cadeias alimentares foram desmontadas pela base. Sem plantas, os herbívoros não puderem mais existir, assim como os carnívoros. Os grandes dinossauros extinguiram-se, restando deles apenas o grupo aviário, ou seja, aquele constituído pelas aves atuais. Embora muitas espécies de peixes, anfíbios, répteis e mamíferos tenham desaparecido com a grande colisão, muitas espécies resistiram a ela e chegaram aos nossos dias com as devidas mudanças operadas pelo processo de evolução.
Tiranossauros e humanos... Os segundos seriam exterminados pelos primeiros, caso eles tivessem escapado do grande choque. Pelo menos a extinção se processou por causas naturais. Não sei o que aconteceria à arrogante espécie Homo sapiens se um novo corpo celeste estivesse a caminho da Terra. Recentemente, alguns cientistas aventaram a hipótese de a grande colisão ter resultado de um bate-bola espacial. Júpiter teria enviado um grande fragmento em direção ao Sol, que, pela força de gravidade, o teria lançado em direção à Terra. O goleiro não defendeu e nem poderia defender. Deu no que deu.
Mas, um jogo planetário desse atualmente seria percebido pelos astrônomos? Creio que sim. Antes que a bola muito pesada chegasse ao goleiro frágil, mísseis seriam lançados a ela para fragmentá-la? Também não sei. Só sei que, se essa nova bola gigantesca colidisse com a Terra, o impacto seria muito mais violento que a pandemia causada pelo coronavírus.