Após decisão judicial, um paciente de 47 anos internado no Hospital Geral de Guarus (HGG) com quadro grave de Covid-19 conseguiu transferência para uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Familiares enfrentaram dificuldades para conseguir a vaga. Em Campos, apesar de o boletim desse sábado, divulgado pela Prefeitura, indicar que apenas 85% dos leitos estão ocupados. Sadá de Souza Marvila, que é guarda municipal de Macaé, estava internado desde o dia 28 de maio e até esse sábado (29) estava no oxigênio, em um leito semi-intensivo. De acordo com a Prefeitura, o censo divulgado diariamente é um corte às 18h dos números da Central de Regulação Estadual e Municipal e que o processo regulatório é extremamente dinâmico e é alterado a cada minuto. Campos contabiliza 31.429 casos confirmados de Covid-19 e 1.299 óbitos em decorrência da doença. A filha do paciente, Júlia Marvila, recorreu à Defensoria Pública para conseguir a vaga na UTI. No início da tarde, a transferência foi autorizada. No entanto, antes disso, ainda enfrentou atraso por conta da falta de motorista para ambulância.
Júlia contou que, após liberação para transferência do seu pai, foi informada que o motorista da ambulância UTI estaria doente, não tendo outro para substituir. Apesar de constar no sistema que teria vagas, foi preciso intervenção da Justiça.
— A minha prima conseguiu verificar que há leito desocupado de UTI da Prefeitura na Beneficência Portuguesa. Ao ir até o hospital, eles informaram que o nome dele está na regulação para ser transferido, é o terceiro da lista. Isso ontem. Sendo que há quatro leitos de UTI desocupados. Então, por que tem leito desocupado e tem uma lista de espera e ninguém está ocupando aquele leito? Se tem mais duas pessoas na frente, por que elas não estão ocupando aqueles leitos, se eles estão desocupados? Então, eu fui até a Defensoria Pública, e o defensor reconheceu que era um caso urgente, que não dava para esperar. Ele me pediu o laudo médico expressando que o paciente necessita de uma UTI especializada em Covid, expressando a urgência, para dar prosseguimento na Defensoria. Mas eu falei que não tinha, que o único papel que eles tinham me dado no hospital foi uma declaração de internação para eu encaminhar ao trabalho do meu pai. O defensor público, então, me deu um ofício, com uma solicitação formal, para eu levar no hospital e pedir o laudo médico, onde o médico plantonista deveria descrever que há a necessidade de o paciente ser transferido para uma UTI de Covid. Levei o documento no hospital, onde tive dificuldades para conseguir informações. Enfim, depois de uma hora, consegui o laudo e enviei junto aos demais documentos para o defensor. Isso foi por volta das 17h de sábado. Por volta das 18h45, o juiz emitiu uma intimação, determinando que o município transferisse o meu pai em um prazo de seis horas, a partir do recebimento da intimação, o que deveria acontecer por volta das 21h, segundo a Defensoria. Até o momento não recebi qualquer informação do hospital. Isso é um absurdo, é uma burocracia muito grande para uma coisa simples. Existe vaga, não era para ter uma lista de espera, se tem vaga — ressalta Júlia.
A filha do paciente afirma, ainda, que tem encontrado dificuldades para saber informações sobre o quadro de saúde do pai, por telefone ou pessoalmente. Segundo ela, o hospital informou que ela tem que aguardar o médico ligar passando informação do paciente, o que acontece uma vez por dia, sem horário definido. “Ontem de manhã, quando a médica me ligou, falou que meu pai está em estado grave, estável, que não apresentava piora até então, mas ela falou que ele também não está melhorando e que precisava urgentemente de uma vaga em uma UTI especializada em Covid, e que ela tentaria transferi-lo ontem ainda. Hoje ainda não tive qualquer informação sobre o meu pai”, disse.
A Prefeitura de Campos informou que o censo divulgado diariamente é um corte às 18h dos números da Central de Regulação Estadual e Municipal. “O processo regulatório é extremamente dinâmico e é alterado a cada minuto. Às 18h do dia 29/05 existiam pacientes em fila e vagas disponíveis e esta regulação vai ocorrendo gradativamente”.
Ainda segundo a Prefeitura, nesse sábado os pacientes dos hospitais próprios que constavam em fila já estavam sendo assistidos dentro do suporte necessário.
“Quando falamos de leitos de UTI, o Hospital Ferreira Machado possui 12 leitos, o Hospital Geral de Guarus possui 06 leitos ativos e o Hospital São José possui 14 leitos. Quando informado pela equipe do HGG que o paciente está em uma UPG é importante exclarecer que a UPG é uma UTI avançada, pertencente à sala de emergência que possui mão de obra especializada, sendo uma unidade de pacientes graves, com rede de oxigênio, equipe multiprofissional, equipamentos de monitorização e ventilação mecânica“.
A nota destaca, ainda, que o fluxo de regulação funciona priorizando a regulação por gravidade do quadro clínico, mas também por nível de complexidade: “pacientes solicitando transferência das unidades pré- hospitalares possuem preferência, em seguida, é priorizada a retirada dos pacientes das unidades de porta de entrada (HGG, HFM, HSJ) para que estejam sempre em condição de realizar novos atendimentos”.