Cinema - O clássico policial de Michael Mann
- Atualizado em 18/05/2021 15:16
Michael Mann é, sem dúvida, um dos grandes nomes do cinema americano; e se o recorte for sobre o gênero policial, talvez seja o melhor no estilo. Começou na década de 80 com “Profissão ladrão”, passando pela série “Miami Vice”, que ele posteriormente levou para os cinemas. Mas, seu grande clássico — e provavelmente o grande filme policial da década de 90 — é “Fogo contra fogo”, muito lembrado por reunir pela primeira vez em cenas os lendários Al Pacino e Robert De Niro. Se trata de uma obra que vai muito além disso, com um intenso estudo de personagem, repleto de cenas de ação que impressionam até hoje.
Escrito pelo próprio Mann, o filme trabalha a obsessão de dois homens com seus trabalhos de natureza bem diferentes e conflitantes. Dois veteranos, com diversos problemas de relacionamentos em suas vidas pessoais, que agem em lados opostos da lei e entram em rota de colisão numa situação que vai pôr os dois frente a frente.
Na trama, Neil (Robert De Niro) lidera uma quadrilha em um violento assalto a um carro forte que termina com três policiais mortos. O veterano policial Vincent (Al Pacino) assume o caso, e a investigação vai levar à divisão de homicídios atrás da perigosa quadrilha que planeja novos assaltos.
O roteiro de Mann trabalha os dois lados da história, trabalhando dois personagens de moral opostas, mas de temperamento forte e com personalidades muito parecidas em determinados aspectos pessoais.
Essa dinâmica dá um tempo de tela muito próximo aos dois protagonistas, e seus dramas pessoais e familiares ganham importância, o que deixa a investigação em segundo plano, aumenta a dramaticidade de toda a situação e faz com que o espectador se importe com os dois personagens. Uma ferramenta poderosa, que funciona devido à montagem cuidadosa e à qualidade do roteiro do diretor.
Mann e o diretor de fotografia, Dante Spinotti (parceiro recorrente do diretor), trabalham o filme em uma paleta de cores que evidenciam o preto e o azul, intensificando o sentimento de solidão e a natureza obscura e violenta do trabalho que os dois exercem.
O filme ainda conta com dois momentos muito marcantes. Um deles é um intenso e longo tiroteio que acontece na fuga da quadrilha de um assalto a banco. Essa certamente é uma das mais poderosas cenas do tipo. O design de som, a montagem e a direção ágil de Mann criam uma sequência absurdamente tensa, onde realmente somos levados para dentro daquele tiroteio. Uma verdadeira aula de como se fazer uma sequência de ação.
O outro grande momento é o simbólico encontro dos dois personagens. Um encontro em um café, em que, após tudo o que viveram, eles já conseguem se identificar um no outro. Uma cena muito bem escrita, um encontro esperado que acontece em um filme muito bem construído. Tudo só intensifica esse momento, que ganha ainda mais força nas atuações de Pacino e De Niro. Sem dúvida, um dos grandes momentos da sétima arte.
“Fogo contra fogo” é um clássico incontestável. Um filme primoroso em todos os aspectos, que merece ser visto e revisto. Traz Michael Mann misturando drama pessoal com temática policial, tudo apresentado com uma estética muito elegante, que entretém e emociona. É cinema em sua plenitude!

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