Alcimar Chagas - A brilhante trajetória do acadêmico Dr. Francisco Portella
Alcimar das Chagas Ribeiro - Atualizado em 11/05/2021 13:56
Francisco Portella foi governador do Estado do Rio
Francisco Portella foi governador do Estado do Rio / Reprodução
Manter viva a história de figuras ilustres do passado é um dever daqueles que têm a informação e podem compartilhá-las em sociedade. Trata-se de efetiva contribuição de incentivo, especialmente aos jovens, para uma frutífera aproximação com aspectos da cultura em geral, das artes, das letras e da própria história.
Como membro da Academia Campista de Letras, ocupando a cadeira de número 10, que tem como patrono o Dr. Francisco Portella, muito me honra compartilhar com a sociedade campista a brilhante trajetória dessa figura de total expressão tanto para Campos dos Goytacazes, quanto para o estado do Rio de Janeiro e para o país.
Francisco Portella nasceu em Oeiras, estado do Piauí, em 22 de julho de 1833. Após cursar o primário e outros cursos preparatórios, veio para Niterói em busca de oportunidades para a sua evolução profissional e social. De origem pobre e com grande disposição para estudar, encontrou apoio na casa do seu tio Dr. Luiz Paulino de Souza. Em uma dessas consciências da vida, cruzou o caminho do comendador Moreira de Castro, casado com a prima do seu tio Dr. Paulino, que se ofereceu para custear os seus estudos.
Vivendo no território fluminense, teve a oportunidade de conhecer Campos e se apaixonou. Na aproximação com a imprensa campista, se revelou um homem de letras e acabou ingressando na política. Foi eleito vereador e fez parte da primeira Câmara após a elevação de Campos à categoria de cidade.
O presidente da casa era o Reverendo padre Manoel José Pereira Brados, que dividia as atribuições com os componentes José Martins Pinheiro, Capitão João Bernardo de Andrade e Almada, Dr. Francisco José Alypio, Bento Benedito de Almeida Batista, Padre Agostinho dos Santos, o Barão de Itaoca e Antônio Ribeiro Cardoso.
Em 1852, se matriculou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e entre 1854 e 1864, atuou como professor no Colégio Santo Antônio, do padre Jorge Guanabara, que tinha localização nos fundos da Matriz.
Completado o curso em 1857, Francisco Portella recebeu o diploma de médico e, por influência do amigo Gregório de Miranda Pinto, se instalou em Campos. Com um forte perfil comunitário, em 1862 fez parte da mesa administrativa do Asilo Nossa Senhora da Lapa.
Em 1864, se tornou redator do jornal “O Despertador“, órgão de imprensa que se projetava como sentinela da constituição. Sempre voltado para os interesses de Campos, em 1869 passou a atuar no “Monitor Campista” como propagador da abolição e do regime republicano. Foi um árduo defensor da necessidade de mudanças no campo social, na instrução pública, na higiene, na profilaxia, e defendeu melhores bases para a agricultura e a indústria da época.
Em 1888, chegou a ser presidente da Câmara e liderou o manifesto da campanha republicana contra o regime monárquico. Em 4 de abril do mesmo ano, assinou convocação aos eleitores e correligionários republicanos para aderirem à instalação de um centro de propaganda da resistência ao regime monárquico no município.
No ano seguinte, com a Proclamação da República, as autoridades foram destituídas no estado, sendo formado um Conselho Administrativo na província. Para a formação desse conselho foram aclamados o Dr. Antônio Francisco Ribeiro, Dr. Pedro Tavares e o Dr. Nilo Peçanha.
Naquele momento histórico, O Dr. Francisco Portella era redator do “Monitor Campista” e foi nomeado por Deodoro da Fonseca o primeiro governador do estado do Rio de Janeiro. Infelizmente, as manobras política o fizeram renunciar ao elevado cargo. Com seus amigos, constituiu uma oposição e se tornou deputado federal, de 1909 a 1911, e senador em 1912.
No campo político, o Dr. Francisco Portella encontrou algumas dificuldades. A manutenção do contrato da empresa de suprimento de água potável com baixo padrão de eficiência desagradou aos campistas. De 2.610 prédios que contavam com esgoto, apenas 554 contavam com água canalizada.
Mas, se pelo caminho da política não agradou a todos, como homem de letras e como médico cardiologista foi ídolo do povo campista. Reconhecido como médico dos pobres, muito contribuiu no campo da saúde ajudando os menos favorecidos.
A sua evolução politica o levou ao Senado da República na vaga de Quintino Bocaiuva. Faleceu em 22 de dezembro de 1913, na cidade de Niterói, deixando um legado correspondente a efetiva participação social, sentimento da importância do esforço coletivo e, fundamentalmente, do exemplo de nobreza próprio de um homem de origem simples e combatente.

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