Um homem de 73 anos e sua mulher de 57 anos, ambos com comorbidades, confirmaram o contágio da variante inglesa do Covid-19, a B.1.1.7, em Cambuci, no Noroeste Fluminense. O homem não resistiu e foi a óbito. O resultado dos exames, realizados em março, foi divulgado pelo diretor clínico do Hospital Moacyr Gomes de Azevedo, Tiago Velasco, na última segunda-feira (19). A informação assustou a população, que reduziu a circulação pela cidade. De acordo com o boletim epidemiológico diário do município, divulgado nesta quinta, o município tem 21 óbitos, 703 casos da doença confirmados e 665 casos recuperados.
"Foram encontradas a variante nas amostras do mês passado desse casal de pacientes do município durante sequenciamento genômico da superintendência de Informações e Estratégicas de Vigilância em Saúde, da secretaria de Estado de Saúde (SES). O homem não resistiu e veio a óbito e a mulher se recupera bem em casa. Os dois apresentavam comorbidades", disse Velasco.
Tiago, que administra o hospital, único do município, que é de pequena a média complexidade, diz que a preocupação é constante. "O nosso número é limitado de leitos e falta estrutura no hospital para suporte aos pacientes graves. Máquina de hemodiálise por exemplo nós não temos", revela.
Com 10 leitos de enfermaria e três leitos de CTI só para pacientes com Covid-19, o diretor da unidade ressalta que o fluxo de transferência é grande. "A gente não pode esperar o paciente atingir determinada gravidade para tentar transferência. Então, de acordo com as comorbidades e o grau de acometimento pulmonar, transferimos o quanto antes", completa. Nesta quinta-feira (22), os três leitos de CTI estavam vazios e um paciente ocupava os leitos da enfermaria.
A população, disse ele, "tomou um susto maior com essa divulgação e, aparentemente, diminuiu a circulação nas ruas", assim como passaram a vigorar alguns decretos limitando eventos, funcionamento de bares e restaurantes.
A variante Inglesa foi identificada em setembro de 2020, no Reino Unido, e a cepa já está presente em 120 países. Estudo da revista "Science" mostra que a variante pode ser até 90% mais transmissível. Em outros estudos, a letalidade pode chegar a 64%, quando comparada a outras variantes do vírus.