Coletivo de grafiteiros de Campos lança documentário sobre processo criativo
- Atualizado em 27/04/2021 19:09
Lamparones pintaram um painel no Jóquei
Lamparones pintaram um painel no Jóquei / Divulgação
Atuante em Campos dos Goytacazes desde 2017, o coletivo de grafiteiros Lamparones Crew lançou na última quinta-feira (22), no YouTube, o documentário “Caligrafia Urbana”, que conta em 31 minutos a trajetória do grupo e mostra detalhes do processo criativo da arte de rua. Disponibilizado no canal que leva o nome do coletivo, o filme foi gravado no final de 2020, no Jóquei Clube, e teve incentivo por meio da lei federal Aldir Blanc.
— Justamente pela situação da pandemia que a gente está vivendo, o coletivo se reuniu, de acordo com a abertura dos editais, e refletiu sobre como o grafite poderia chegar à casa das pessoas de forma com que elas não estivessem na rua. Havia o edital que contemplava bens ou serviços em formato audiovisual, e a gente entendeu, por exemplo, que o processo criativo não caberia numa live de uma hora. Então, chegou-se à conclusão de que deveria ser gravado um documentário — disse Anna Franthesca, que assina a produção e é a responsável por narrar o documentário.
Nove dos 13 grafiteiros do coletivo participaram do documentário, que tem como objeto central do roteiro a construção de um painel com a palavra “Lamparones”. Os artistas Diego “Gás” Gomes, Ronald “Gouk” Rocha, Andreson “Ide” Santos, Killyacking “Kane KS” Scott, Fábio Adriano “Dyrua”, David “Dom” Montezuma, Jhony “Misterbod” Siqueira, Wesley “Zack” Casangem e Pablo Malafaia pintaram individualmente as nove primeiras letras, e na última atuaram de forma conjunta, homenageando elementos da cultura hip hop.
— Nós prezamos por contemplar e reunir os artistas que estavam trabalhando e executando seus projetos de grafite naquele período. O coletivo já teve mais artistas, mas que não estão atuando neste período, e também temos artistas que não são residentes em Campos e por isso não foram contemplados neste edital, uma vez que foi uma verba específica para artistas do município — comentou a produtora cultural.
Além de um dos grafiteiros envolvidos na pintura, Anderson Santos, conhecido como Andinho Ide, também foi o diretor do documentário, participando ainda da edição, junto a Iuri Siqueira, e da finalização.
— O DJ, o grafite, o beatboy e o MC foram homenageados de forma diferente pelos artistas do coletivo. Com a direção de arte que tive que fazer em relação à distribuição dos artistas no painel, eu distribuí intercalando letras e personagens. Começou com um personagem e terminou com o que a gente chama de uma sopa de bomb. Eram nove artistas, e “Lamparones” tem 10 letras. Então, na última letras, fizemos uma sopa de bomb, o grafite rápido — detalhou Andinho Ide.
Trajetória — O coletivo Lamparones Crew foi idealizado pelo grafiteiro Jhony MisterBod, com intuito de divulgar as pinturas realizadas por artistas de rua em Campos. Além de reunir os grafiteiros para atuar em diferentes locais da cidade, sem fins comerciais, há um trabalho de divulgação no perfil de Instagram @lamparones.1, que funciona como um portfólio on-line.
— A forma de atuação do grupo é, basicamente, de marcar, se reunir e pintar na rua. Cada artista tem suas formas de sobrevivência, suas profissões. Alguns vivem exclusivamente do grafite. Porém, o intuito do coletivo é reunir os grafiteiros do município para pintarem na rua. É diretamente ligado à essência do grafite, que não tem nada a ver com o grafite comercial, por exemplo, que tem intuito de comercializar uma arte específica para um potencial cliente — explicou a produtora Anna Franthesca, uma das representantes atuais.
— A Lei Aldir Blanc veio a calhar neste período em que eles estavam sem nenhuma forma de fomento. Desde o início, até mesmo antes de o coletivo existir, os artistas e grafiteiros do município não contavam com incentivo do poder público ou do setor privado, a não ser quando empresas específicas prestam algum tipo de serviço para algum cliente. Há caso de estúdio especializado nisso, em fazer alguns serviços especiais de grafite. Mas o coletivo em si, não — complementou.

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