João de Oliveria abre manifesto virtual "Indícios"
Dora Paula Paes 18/04/2021 18:20 - Atualizado em 18/04/2021 18:22
O artista plástico João de Oliveira inicia nesta segunda-feira (19), em suas redes sociais (Facebook e Instagram), o manifesto virtual "Indícios". A proposta é apresentar durante toda a semana, até domingo 25, seus trabalhos voltados para o índio brasileiro, comemorados em 19 deste mês e, de certa forma, chamar atenção para esse povo. Sua primeira obra desta temática é data de 1979. De lá para cá, de tempos em tempos, o artista sempre revisita o universo indigena.
"Pretendo falar um pouco do índio do quadro relacionado. Dentre eles, vou apresentar o primeiro desenho do índio Goytacá, que eu fiz com base em medidas retiradas do crânio dele encontrado no Sítio Arqueológico do Caju, em Campos, que até então não existia nenhum desenho ou gravura. Esse quadro foi comprado na minha exposição pelo usineiro Ailton Damas e quando ele faleceu esse quadro foi a leilão e fiquei sem saber o paradeiro desta obra, que eu não tinha nem foto, desse quadro. Recentemente, descobri que o quadro está com Laura Pereira Pinto e ela me mandou uma foto", conta.
O artista lembra que começou a trabalhar com o índio Brasileiro quando ainda fazia faculdade no Rio de Janeiro. Os primeiros foram em desenhos, em papel francês, no qual usou o fundo de cor terra. "Fiz uma exposição no Rio e vendi todos os quadros. Na época eu não conhecia nada sobre o índio brasileiro que era estigmatizado, diziam que ter coisa de índio dentro de casa dava azar. Eu fui contra isso. E na época não se faziam exposições sobre essa temática. Eu fiz cinco quadros e vendi todos", lembra.
Junto a partir do trabalho veio a leitura de "Maíra", de Darcy Ribeiro. Com a inspiração junto com a transpiração, Oliveira partiu para uma exposição individual, também no Rio de Janeiro. E elas se sucederam: exposição sobre arte plumária do índio, outra sobre pintura corporal. "Teve outra após período de observação em uma tribo, onde os índios estavam me olhando. Quando nasceu a ideia da exposição onde todos os quadros retratam o índio olhando para o espectador de todos os ângulos. Você entrava na exposição e todos os quadros estavam olhando para você", destaca.
Por essa série de trabalhos, por um período de mais de 10 anos, João da Oliveira, acabou sendo chamado de "João do Índio". O que, segundo ele, lhe deixa imensamente honrado e já lhe abriu exposição no Louvre, em Paris. No momento, João está empenhado em um novo trabalho com destaque para a Pandemia do novo coronavírus, já batizado de "Pã" que vem do deus dos bosques, dos campos, dos rebanhos e dos pastores.

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