A Páscoa deste ano será mais amarga, não somente pelo fato de o Brasil estar vivendo o pior momento da pandemia de Covid-19, mas pela alta nos preços de produtos típicos desta época, como os ovos de chocolate. Em comparação com o ano passado, os ovos de Páscoa estão até 11% mais caros e as caixas de bombons e barras de chocolate aumentaram 10%, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o que deve levar a uma queda nas vendas de 2,2%, em comparação à mesma data de 2020, que já foi considerada muito ruim, com retração de 28,7%.
A alta nos preços é reflexo de uma série de fatores, que passam do dólar valorizado — que subiu 23% entre a Páscoa de 2020 e a deste ano — até o aumento da cotação do cacau no mercado internacional e o encarecimento do plástico e do papel que embalam os produtos.
De acordo com a Abras, o reajuste está acima dos anos anteriores, quando se observava alta entre 5% a 8%. Os ovos de chocolate de até 200 gramas lideram a alta com reajuste de 11,1% na comparação com o ano passado. Já a categoria de 201 gramas a 500 gramas está 10,9% mais caro, enquanto ovos acima de meio quilo aumentaram 11% no valor. As caixas de bombons, que muitas vezes substituem os ovos por causa do preço mais em conta, estão 10,7% mais caras. Chocolates em barra sofreram reajuste de 9,9%.
As prateleiras de lojas e supermercados estão recheadas de ovos de Páscoa há algumas semanas, mas os preços elevados têm desanimado os consumidores.
— Sem chances de comprar ovos de Páscoa este ano. Os preços aumentaram muito e minha renda mensal caiu consideravelmente desde o início da pandemia. Este ano, os afilhados vão ganhar barras de chocolate — relatou a vendedora Kátia de Almeida Santos.
Alguns consumidores, entretanto, não abrem mão de comprar os tradicionais ovos de Páscoa, apesar da alta nos preços. “As coisas estão muito difíceis, principalmente com a Covid-19, mas não posso deixar de presentear meus filhos e sobrinhos na Páscoa. Eles já estão ansiosos esperando os ovos de chocolate. A saída vai ser comprar ovos menores e parcelar a compra no cartão”, comentou Amélia Matos.
Com as restrições impostas pelo avanço da Covid-19 em vários municípios, quem ainda não comprou os chocolates para presentear na Páscoa, terá que recorrer às compras online e os serviços de delivery.
Se para os consumidores o preço do chocolate ficou mais salgado, a conta é também pesada para as indústrias, que viram o custo da produção aumentar até 25% neste ano na comparação com 2020.
Queda nas vendas
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a data deve movimentar no varejo do país R$ 1,62 bilhão. Se confirmada essa expectativa, vai ser o menor faturamento em 13 anos. As estatísticas mostram que o movimento de vendas da Páscoa é crescente ano a ano até 2019, com pequenas oscilações, e despenca em 2020. O faturamento caiu de R$ 2,33 bilhões, em 2019, para R$ 1,66 bilhão, no ano seguinte.
Ao contrário da CNC, o levantamento feito pelo Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ) para o estado do Rio de Janeiro estima que a Páscoa será mais positiva para o comércio fluminense, e deverá movimentar R$ 829 milhões, contra R$ 518 milhões na mesma data do ano passado. A pesquisa foi realizada entre os dias 15 e 18 de março e contou com a participação de 389 consumidores de todo o estado.