Ícaro Abreu Barbosa
- Atualizado em 20/02/2021 08:23
Após reunião no Sindicato Rural de Campos e elaboração de demandas para o renascimento do agronegócio na região, na última quinta-feira (18), a movimentação formada em torno do “Projeto Fênix”, elaborado pelo Grupo Folha da Manhã, foi apresentada ao assessor-chefe da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Luiz Mário Concebida, no Palácio da Guanabara, no Rio de Janeiro, nessa sexta (19). Durante a reunião foram angariados novos apoios ao projeto, ainda em fase embrionária, que propõe uma saída do caos econômico — vivido por Campos e região desde o fim da bonança dos royalties do petróleo — na vocação natural do município explorada desde o século XVII: o campo.
Na reunião foram discutidas ações para atender as demandas da recuperação do setor sucroalcooleiro: A pactuação de um termo de cooperação técnica com o estado e criação de um fundo emergencial de recuperação da economia sucroalcooleira da região. Seus recursos seriam oriundos de alterações na legislação estadual que obrigassem empresas, como as atuantes no Porto do Açu e a Petrobras, a empregar compensação ambiental na região; privatização da Cedae, que outorga ao Estado R$ 8 bilhões, além dos municípios participantes; de articulação com a bancada federal, através de emendas parlamentares; e da mobilização para que o clima regional seja considerado semiárido, tendo em vista o baixo volume de chuvas, possibilitando a angariação de recursos específicos após a alteração.
Além disso, foi levantada por Tito Inojosa e Ronaldo Batholomeu dos Santos Junior, presidentes, respectivamente, da Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan) e do Sindicato Rural de Campos, a necessidade de um centro de processamento de alimentos para o pequeno produtor. Bartholomeu ressaltou que, para isso, existe a necessidade de desenvolvimento e aplicação de tecnologias baratas, como a calagem (etapa do preparo do solo para cultivo agrícola na qual se aplica calcário), para incentivo da produção na região.
Outros pontos importantes abordados foram a infraestrutura das estradas e canais artificiais de Campos; a necessidade de um incentivo fiscal do estado que reduza o ICMS e solucione a briga fiscal com o Espírito Santo; a urgência da chegada da internet no campo; regularização fundiária para que os produtores consigam o crédito rural, além da possibilidade de viabilizar junto ao governo do Estado uma redução dos altos custos da burocracia envolvida; a criação de um posto policial especializado nos crimes da área rural; e um convênio entre universidades europeias e o campus de Campos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
— A Folha apadrinhou o movimento responsável por embrionar o já pujante “Projeto Fênix”, que vai ser responsável por articular e ensejar junto às autoridades competentes um futuro melhor para a região. Acabamos indo ao encontro do que as entidades, como Asflucan, Sindicato Rural, desejavam, somando a fome com a vontade de comer. E unimos as forças, sem vaidades, para mudar o cenário da economia local para melhor – disse Diva Abreu Barbosa, diretora do Grupo Folha.
Os projetos apresentados agradaram e geraram interesse do poder público municipal, assim como de outras entidades que estão embarcando no “Projeto Fênix”: como a Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic), Câmara de Dirigentes Lojistas de Campos (CDL), o Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento do Norte e Noroeste Fluminense (Cidennf), e a Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Agevap).
Ao final da reunião, alguns participantes comentaram sobre as suas primeiras impressões ao “Projeto Fênix”, que será organizado e posto no papel pelo jornalista Adelfran Lacerda, responsável pela assessoria do Grupo Folha a pedido de sua diretora, Diva Abreu Barbosa, até o dia 20 de março. A reunião entre as entidades não foi a última. As propostas definidas na quinta (18) e apresentadas, inicialmente, no Palácio da Guanabara, na sexta-feira (19) serviram para definir demandas que serão esmiuçadas e sintetizadas para que os anseios da região sejam claros e atendidos.
— Nós estamos começando a fazer propostas dos setores produtivos. Todos eles com bastante ideias que solucionaram 99% dos problemas da nossa região. Tudo isso está sendo discutido para levarmos um grande projeto ao Governo do Estado. Assim a gente vai conseguir alavancar o nosso agronegócio. Área de terra não falta — comentou Tito Inojosa, após a reunião.
Para Ronaldo Bartholomeu uma porta está se abrindo para o setor. “Penso que agora é a hora de fazermos reivindicações que tragam resultado positivo aqui para a nossa região e essas propostas, quando bem formuladas, podem trazer um grande avanço para a vida dos produtores e para a economia da cidade”, contou o presidente do Sindicato Rural.
O secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Campos, Marcelo Mérida, acompanhou e participou ativamente da reunião. De acordo com o secretário, “o setor do agronegócio tem um peso muito grande na economia em Campos e entendemos que o setor ficou adormecido ao longo dos anos, e que precisa de iniciativas dos governos federal, estadual e municipal. A gente vem, portanto, interagindo com os produtores em reuniões como essa para ver o que pode ser feito”.
Marcelo foi além e, pessoalmente, disse acreditar muito no projeto pois faz parte da base de uma sociedade civil organizada. “Sem dúvidas tem capacidade de deixar um grande legado para a nossa região”, concluiu.