Entrevistado desta segunda-feira (14) no Folha no Ar - 1ª edição, da Folha FM 98,3, o ex-candidato a prefeito de Campos e médico Bruno Calil (SD) disse que o também ex-candidato Caio Vianna (PDT), este derrotado por Wladimir Garotinho (PSD) no segundo turno, terá “o seu primeiro emprego” ocupando uma secretaria em Niterói, na gestão do prefeito eleito Axel Grael (PDT).
— Estou sabendo por alto, já ouvi falar. Que bom, vai ter o seu primeiro emprego aos 35, 36 anos... Vai conseguir o seu primeiro emprego. Ouvi falar isso, sim. Pelo que eu li, vai ser secretário lá e vai conseguir o seu primeiro emprego, finalmente — ironizou Bruno Calil. Caio, na verdade, tem 32 anos de idade.
Líder do grupo político que levou Bruno Calil ao terceiro lugar no primeiro turno, com32.673 votos (13,17%), o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD) era tido inicialmente como grande apoiador de Caio Vianna. Contudo, houve um racha na pré-campanha que acabou resultando na candidatura de Bruno Calil. Na visão de Bruno, o resultado da eleição seria diferente caso não ocorresse tal ruptura.
— Com certeza, Caio teria ganho. E se no segundo turno também a gente tivesse apoiado Caio, pegado na campanha dele, o resultado seria diferente. Não tenho dúvida quanto a isso também — comentou.
Sobre a sua participação no pleito, Bruno Calil disse ter sido “excelente” devido ao ganho no capital político.
— De quando anunciaram que eu seria candidato a prefeito de Campos até o dia da eleição, foram 59 dias. Então, eu não ganhei a eleição, mas, politicamente, eu saí maior do que entrei. Não tenho dúvida disso. Foi uma votação expressiva com muito pouco tempo de campanha. Eu nunca tinha sido candidato a nada. Foi o primeiro desafio, e um baita desafio que eu encarei — disse o ex-prefeitável. — Fiquei satisfeito, gostei do desafio. Foi muito intenso, e com muito pouco tempo de campanha. Eu acho que se, lá atrás, tivesse falado que eu seria candidato a prefeito de Campos, não tenho dúvida de que a gente chegaria mais longe. Só teve segundo turno por causa da nossa candidatura. Eu acho também que se eu não fosse candidato, Wladimir iria ganhar no primeiro turno. A análise que eu faço é essa: a gente saiu maior do que entrou — pontuou Bruno.
Segundo ele, a decisão da maior parte do apoio do seu grupo a Wladimir Garotinho no segundo turno, incluindo cinco vereadores eleitos, foi tomada democraticamente.
— Eu sou um cara democrata. A gente fez uma reunião com todo o nosso grupo, e 90%falaram que iam apoiar Wladimir. Eu e Rodrigo (Bacellar) somos democratas, falamos que, se queriam, que apoiassem Wladimir. Ninguém queria ir para o grupo de Caio, todo mundo queria apoiar Wladimir, se declarar Wladimir. E a gente liberou o grupo todinho para apoiar ele. Somos democratas, vivemos numa democracia, cada um faz aquilo que acha melhor para o município — enfatizou.
Na visão de Bruno, este apoio foi importante para a vitória de Wladimir no segundo turno. Ele disse ainda que o prefeito eleito precisou atravessar o desafio da alta rejeição ao seu pai, o ex-prefeito e ex-governador Anthony Garotinho, que teria motivado o crescimento de Caio Vianna nas semanas decisivas das eleições, somada à mobilização em favor deste liderada pelo atual prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), e por aliados seus.
— Eles fizeram um trabalho excelente mesmo. Mas, no segundo turno, a maioria da população votou contra Garotinho. Quem fosse contra Wladimir iria avançar muito. Toda pesquisa apontava um índice de rejeição de 39%, 40%, até 45%. Então, quem fosse com Wladimir iria avançar por causa do antigarotismo. O Garotinho está na política há quase 40 anos, sempre com cargo eletivo. É natural, se batia na rejeição dele — comentou Bruno Calil. —Wladimir conseguiu atravessar essa barreira. Se tivesse mais uma semana de campanha, talvez Caio até ultrapassaria Wladimir. O trabalho deles (de Niterói) foi excelente, mas a rejeição a Garotinho também pesou muito. As pessoas às vezes não votavam nem em Caio, votavam contra Garotinho. Eu percebi muito isso — acrescentou, citando que o capital político de Caio Vianna estaria limitado aos68.732 votos (27,71%) recebidos no primeiro turno.
Ex-candidato pelo grupo político que abriu o processo contra o agora vice-prefeito eleito Frederico Paes (MDB), por atraso na desincompatibilização do cargo de diretor do Hospital Plantadores de Cana, Bruno Calil disse que já esperava a vitória deste no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
— Foi respeitada a vontade das urnas no TSE. Tecnicamente, ele perderia. A deinscompatibilização foi fora do prazo, realmente. Mas, o TSE entendeu que deveria respeitar a vontade popular, a vontade das urnas. E eu fiquei até muito tranquilo. Desde quando acabou a eleição eu estava tranquilo. Para dizer a verdade, eu estava acompanhando, mas nem estava ansioso. No meu eu, eu esperava lá que eles iam ganhar no TSE, que eles iriam respeitar a vontade das urnas — analisou.
Para Bruno Calil, a absolvição da chapa de Wladimir e Frederico no TSE abriu caminho para uma vitória do vereador eleito Fábio Ribeiro (PSD) na eleição a presidente de Câmara Municipal.
— Wladimir fez a maior bancada de vereadores e ganhou no TSE. Acho que o presidente da Câmara vai ser Fábio Ribeiro, não tenho muita dúvida quanto a isso. Se os candidatos que se elegeram com Wladimir, mais os candidatos daqui (do grupo do próprio Bruno Calil), forem apoiarem a ele, já o fazem presidente — falou o ex-prefeitável.
Sobre o futuro, embora defenda uma pacificação, Bruno considera provável que a Câmara reprove as contas do prefeito Rafael Diniz (Cidadania), mesmo após o parecer favorável no Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ). E que a possível reprovação seria uma resposta do grupo político de Wladimir Garotinho a decisões anteriores de Rafael.
— Acho que as contas de Rafael, na Câmara, vão ser reprovadas. É uma percepção minha. Infelizmente, o grupo de Wladimir, com Rafael fazendo essa birrinha aí, Rafael não querendo fazer transição (antes do julgamento no TSE) porque não fizeram com ele... Ele (Rafael) reprovou as contas de Rosinha, e o grupo de Garotinho vai reprovar as contas dele, não tenho dúvidas disso — enfatizou Bruno Calil.
Debates — Criticado por não ter comparecido aos debates entre os candidatos a prefeito no primeiro turno, Bruno Calil defendeu-se afirmando ter cumprido compromissos previamente agendados.
— Um debate, o da Carjopa (Associação Comerciantes e Amigos da Rua João Pessoa e Adjacências), foram me comunicar no domingo, e acho que o debate era na terça-feira. Eu já tinha compromisso firmado há 15 dias, não pude comparecer. E o outro, a mesma coisa, muito em cima. A nossa agenda estava sendo feito com 10 dias (de antecedência) — disse Bruno Calil, fazendo considerações após ter sido questionado especificamente sobre o debate organizado peloFórum Interinstitucional de Dirigentes do Ensino Superior de Campos (Fidesc). — Talvez eu deveria ter ido, mas, quando me convidaram para ir, eu já tinha compromisso para essa data. O que eu ia fazer com compromisso já firmado? Compromisso firmado tem que ser cumprido. Não tinha como. Eu achei que foi um erro: as datas dos debates deveriam ter sido definidas no início da campanha, para a gente poder se programar — pontuou.
De acordo com Bruno Calil, se as eleições ocorressem daqui a um mês e ele fosse informado com antecedência, compareceria ao debate do Fidesc.