Ícaro Abreu Barbosa
29/12/2020 11:15 - Atualizado em 29/12/2020 17:36
Grupos de motociclistas vêm atrapalhando o sono dos campistas com seus “rolezinhos”. Eles se tornaram um grande problema, e a solução foi discutida na tarde desta terça-feira (29). “Certamente esse tipo de prática será coibida de forma incisiva”, afirmou o comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Luiz Henrique Barbosa. Ele organizou uma reunião na sede do 8º BPM para traçar estratégias e inibir a baderna que tem tomado conta das madrugadas de Campos e cidades próximas.
Afrontando os agentes da segurança pública, que desde o Natal intensificaram as abordagens desse tipo de condutor, os motociclistas organizam, via grupos de whatsapp, um "rolê" de grande dimensão para o réveillon, entre o final da noite do dia 31 e início da madrugada do dia 1. As motocicletas utilizadas pelos baderneiros contam com a modificação de um escapamento torbal estralador - responsável pela emissão dos ruídos ensurdecedores.
A reunião segue a linha do projeto defendido pelo Policial Federal e especialista em segurança pública, Roberto Uchôa. De acordo com ele, todas as motos que gerassem desconfiança, por parte dos agentes, de alguma modificação para emissão de maiores ruídos deveriam ser coletadas e apreendidas nas delegacias de Polícia Civil. " Elas seriam apreendidas para que fosse feita a perícia. Com isso você poderia atestar, ou não, a modificação da moto. Mas só a apreensão e o tempo que vai demorar para a moto ser avaliada pela perícia vai resultar em alguns meses sem a circulação desses veículos", explicou Uchôa.
- Quando esses motoqueiros acharem que a qualquer momento suas motos podem ser apreendidas, você já desestimula. Sem inventar a roda você resolve o problema. Mas precisamos de liderança, para assumir o desgaste político que isso vai trazer - finalizou o Policial Federal e especialista em segurança pública.
A prefeitura de Campos diz que busca solucionar o problema e, ao longo das últimas semanas foram intensificadas operações conjuntas entre a Guarda Civil Municipal (GCM) e Detran para coibir possíveis irregularidades encontradas no trânsito, em especial, em motocicletas.
- Importante lembrar que está em trâmite um convênio para que o município também possa atuar em casos de flagrante de adulteração de veículos, como instalação do chamado torbal, para evitar maiores ruídos no trânsito. Contudo, em casos como estes, ainda se faz necessária a atuação do Estado - respondeu, em nota, a secretária de comunicação da prefeitura de Campos.
Já no âmbito estadual ocorre que o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp), solicitou na terça-feira passada (22), que a Polícia Militar revise as normas que regulamentam a abordagem de motocicletas.
O MPRJ recomendou a revisão de protocolos e procedimentos operacionais, assim como a realização de estudos de caso de diversos episódios de morte ou ferimento de civis, após abordagem de motocicletas, pela polícia. Com os estudos, será possível, a partir dos equívocos dos casos concretos, identificar falhas estruturais da corporação, seja no âmbito das normas, dos procedimentos operacionais, ou do treinamento. Os estudos de casos e as respectivas conclusões deverão ser encaminhadas ao GAESP/MPRJ.
O documento ainda solicita a atualização do currículo do Curso de Formação de Soldados e do Curso de Formação de Oficiais, garantindo capacitação adequada para a tropa para a abordagem de motocicletas.
Participaram do encontro a Polícia Rodoviária Federal; delegados da 134ª e 146ª, dr. Pedro Emílio e dr. Ronaldo; o atual secretário de segurança pública, o Darcileu Amaral, e o comandante da guarda municipal, o Mariano. O prefeito eleito Wladimir Garotinho (PSD) pediu para que seu futuro secretário de segurança pública e comandante da Guarda Municipal participem dessa reunião.