Arnaldo Neto
29/12/2020 10:34 - Atualizado em 30/12/2020 00:18
Em entrevista coletiva na Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic) para apresentar o processo de transição e sua equipe de governo, o prefeito eleito Wladimir Garotinho (PSD) afirmou, nesta terça-feira (29), que o município precisa de um “freio de arrumação” e garantiu que o corte na máquina, com extinção de cargos comissionados, vai gerar uma economia de seis a sete milhões de reais por ano ao município. Em relação às medidas para conter o avanço da Covid-19 em Campos, o vice-prefeito eleito Frederico Paes destacou que o lockdown está descartado na cidade, pelo menos por enquanto. Wladimir ainda falou sobre a reabertura do restaurante popular, a situação do transporte público de Campos e da dificuldade de pagar a folha de pagamento de dezembro, que herdará do governo Rafael Diniz (Cidadania). Logo após a coletiva, Wladimir se reuniu com os nomes já escolhidos para o primeiro escalão do governo e anunciou os superintendentes dos hospitais Geral de Guarus (HGG) e Ferreira Machado (HFM).
De acordo com o prefeito eleito, o município precisa reorganizar os gastos e isso será feita já no primeiro dia. “Vamos publicar uma série de série de decretos no dia 1º, mais de 20 decretos, uma nova normatização de fluxo de processos e também algumas medidas para frear um pouco os gastos da máquina, para que a gente possa fazer levantamentos e controle interno. Temos a esperança e a convicção que vamos conseguir ajustar, mas para isso precisamos dar um freio de arrumação”, afirmou.
O pagamento de dezembro do servidor público municipal, bem como a quitação do 13º salário também foram abordados pelo prefeito eleito. Wladimir ressaltou que existe uma ação judicial com relação à questão, movida pelo Sindicato dos Servidores (Siprosep), mas, segundo ele, nem mesmo o atual prefeito, Rafael Diniz, sabe se vai conseguir recurso para o pagamento. O futuro prefeito relatou também a dificuldade de quitar a folha de dezembro no dia 8 de janeiro, já que sua gestão terá apenas quatro dias úteis, de efetiva arrecadação municipal, antes da data prevista pelo atual governo para o depósito do salário de dezembro. Entre as propostas de Wladimir, em diálogo com Siprosep, está o pagamento dentro do mês trabalhado e o parcelamento do que ficar remanescente do atual governo:
— A minha vontade pessoal é estabelecer desde janeiro um novo calendário. Hoje, o funcionário público não sabe o dia que vai receber. Chega na véspera, anuncia que não tem dinheiro e não é isso que a gente quer. O nosso compromisso com o servidor público é ter um calendário de pagamento programado. Sempre foi dentro do próprio mês, depois se jogou para o 5º dia útil e agora, mais recentemente, estava pagando até o dia 15. Nosso desejo é pagar dentro do próprio mês. Se ficar algum saldo remanescente do governo Rafael, vamos propor parcelar.
Vice-prefeito eleito e coordenador da transição, Frederico Paes falou sobre a gestão da Saúde do município, a preocupação com a pandemia e a adoção de medidas restritivas, mas sem lockdown imediato. “Nossa equipe de transição tem dado atenção a toda a situação caótica que se encontra a Saúde da nossa cidade, mas com olhar bastante atento à questão da pandemia. Vamos estar emitindo alguns decretos no dia 1º. A questão do lockdown, inicialmente, está descartada, mas (teremos) alguns efeitos restritivos. Estamos vendo algumas aglomerações, até mesmo familiares, por conta de Natal e Ano Nova, e isso pode complicar a situação. É esperada, para janeiro, uma situação crítica. Nossa equipe técnica está muito empenhada, principalmente nas regiões de Farol de São Thomé, Lagoa de Cima, entre outras áreas que podem ter aglomerações. Estamos planejando para a partir do dia 1º ter um trabalho efetivo na questão da pandemia”, Frederico.
Ainda na área da Saúde, o prefeito eleito confirmou os nomes dos médicos Vitor Mussi e Arthur Borges para estarem à frente do HGG e HFM, respectivamente. Mussi atua na própria unidade e também é capitão do Corpo de Bombeiros, enquanto Arthur é o atual responsável pelo Ferreira Machado.
Transição — Wladimir voltou a defender que “Campos só vai sair da situação que se encontra com muito trabalho, mas também com muito diálogo e pacificação”. Ele reclamou da falta de informações de algumas secretarias durante o processo de transição.
— O problema não é de transição com o Rafael, as documentações necessárias, como manda a lei orgânica, foram entregues. É uma questão mais gerencial de todas as secretarias, que não estão passando todas as informações de maneira clara. Muita coisa a gente só vai saber mesmo quando entrar — disse o prefeito eleito.
Secretariado — A maior parte da equipe que vai auxiliar Wladimir no início do governo já foi definida. Segundo o prefeito eleito, nos próximos dias as peças que ainda faltam serão divulgadas. “O time está muito empolgado, muito coeso, muito motivado, sabendo dos desafios imensos que teremos pela frente”.
Restaurante Popular — A promessa é de reabertura do Restaurante Popular ainda no primeiro semestre de 2021. De acordo com o prefeito eleito, o gasto com o programa é irrisório, em relação ao bem social que o mesmo proporciona. A expectativa é de uma parceria com o Governo do Estado, por meio de uma parceria com a secretaria estadual de Desenvolvimento Humano Social, hoje comandada por um aliado do prefeito, Bruno Dauaire. “Eu reabrirei o Restaurante Popular. Seja em parceria com o governo do estado, seja somente municipal ou em parceria com a iniciativa privada. Sobre os demais programas sociais, a gente precisa de um pouco mais de tempo”.
Transporte — Considerando um “problema emergente”, Wladimir preferiu não adiantar as medidas que serão tomadas no setor. Garantiu, somente, que não há condições de manter o atual modelo. Segundo o prefeito eleito, ainda nesta terça, haverá uma reunião para traçar a melhor maneira de atender a população, ainda que de forma emergencial.
Corte na carne — Wladimir assegurou que, como prometeu na campanha, está sendo reduzido o número de cargos comissionados na administração municipal. “A economia financeira deve estar girando de seis a sete milhões por ano, no organograma de cargos comissionados. Estamos tentando reduzir mais, mas não é tão simples. Alguns casos, inclusive, têm legislação especificas, principalmente nas maiores secretarias, como Educação, Assistência Social, Saúde. Por isso não é tão simples a gente fazer um corte, por exemplo, de 50%. A gente não pode fazer também a cidade parar. Estamos reduzindo os DAS em todas as secretarias, mas a linha de corte não consegue ser linear em todos os lugares”.