Ícaro Abreu Barbosa
16/12/2020 17:45 - Atualizado em 18/12/2020 17:30
“Em 33 anos, eu nunca vi um acidente como esse das criancinhas”, comentou um ribeirinho do rio Preto que vive ao lado da Ponte do Saraiva, na RJ 208, onde morreram seis crianças e um adulto na última segunda-feira (14). Ele olhava para o carro, um gol de cor branca, enquanto narrava sobre outros acidentes no local. Mário do Nascimento, de 70 anos, se queixou da falta de sinalização luminosa, quebra-molas e redutores de velocidade, "que poderiam evitar tragédias como essa", ressaltou ele.
O carro removido na manhã dessa terça-feira (15) ainda estava às margens da pista. Na ponte podiam ser vistas as marcas de pneu no meio fio causadas pelo acidente que matou as crianças, de 2, 3, 4, 6, 8 e 12 anos, além do condutor, de 45. O Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Rio de Janeiro (DER-RJ) lembrou que "a apuração das causas e circunstâncias do acidente cabem às autoridades policiais competentes e vai aguardar o laudo policial". Entretanto, o departamento informou que, nos próximos dias, irá sinalizar o trecho da ponte onde ocorreu o acidente.
Observando há 33 anos os acidentes que acontecem no local e sendo testemunha ocular do movimento diário na ponte, Mário do Nascimento, aposentado e ex-funcionário da Usina Santa Cruz, destaca a falta sinalização no trecho. "Existem as placas para quem vem de Lagoa de Cima alertando sobre a mão única da ponte, mas não dá conta. Tem que ter uma coisa que impeça de toda forma".
- Seria melhor que colocassem um quebra-molas, e recolocassem o corrimão no lado que falta da via. O quebra-molas faria com que os veículos, nos dois sentidos, reduzissem a velocidade, com placas sinalizando que a passagem é só para um veículo - disse o aposentado.
Mário lembrou do casal que caiu no rio e morreu em dezembro de 2018, além de outros acidentes menos graves ocorridos na ponte, mas que também deixaram as marcas na via. Como o caso de um caminhão que arrancou o corrimão e um ciclista que amassou uma placa. Para o morador, a frequência de acidentes no trecho mostra a necessidade de uma ação emergente dos responsáveis pela via.