Monsenhor Severino pede ajuda
Paula Vigneron 11/12/2020 22:25 - Atualizado em 12/12/2020 09:42
A Associação Monsenhor Severino enfrenta uma grave crise financeira, e a diretoria da entidade pede a colaboração da sociedade para manter o atendimento aos idosos asilados. Em rede social, o presidente Ricardo Araújo compartilhou o valor total da dívida de conta de luz e explicou que a queda na arrecadação do Monsenhor Severino está relacionada à pandemia da Covid-19 e à consequente suspensão dos eventos que eram promovidos no local para reunir recursos. Atualmente, a associação realiza apenas um evento: entrega de quentinhas, que acontece todos os domingos.
Em entrevista à Folha, Ricardo contou que, entre outras demandas, a conta de energia elétrica, cujo valor está em R$ 36.291,51, com juros de R$ 6.331,17, tem causado grande preocupação porque a associação não dispõe do dinheiro necessário e há possibilidade de corte do fornecimento, visto que ainda não houve negociação com a empresa Enel. O Monsenhor Severino não recebe verbas municipal, estadual e federal devido a dívidas que, em 2015, quando o atual presidente assumiu, chegavam a cerca de R$ 5 milhões.
— Com isso, o CNPJ ficou negativado, e as verbas não são repassadas. É um lar para 60 idosos que não tem verba nenhuma do município, do estado e da União. Nossa folha de pagamento é de R$ 34 mil; água e luz, de R$ 8 a R$ 9 mil; e os encargos sociais, aproximadamente R$ 8 mil. Há 10 dias, a Águas do Paraíba veio para cortar a água, mas negociamos e fizemos um parcelamento. Já a Enel está irredutível. Eles só querem dividir em seis ou sete vezes no máximo, não querem tirar os juros, e eu não tenho posso fechar um acordo desses e não ter condição de arcar depois. Vai ser uma bomba, uma dinamite — desabafou Ricardo.
O presidente, com a pandemia e os riscos a que estariam expostos os idosos asilados por conta da Covid-19, o Monsenhor Severino teve que suspender as atividades que ajudavam as manter as despesas, inclusive a folha de pagamento dos 26 funcionários, que também não receberam a primeira parcela do 13º salário. Antes do coronavírus, eram promovidos bailes, eventos beneficentes e festas juninas ao longo do ano. Ricardo comentou que, desde a postagem em que pedia auxílio para as contas de luz do asilo, recebeu apenas R$ 200.
— A gente oferece seis refeições diárias. A pessoa idosa, diabética, tem que se alimentar no mínimo de três em três horas, senão as taxas ficam desreguladas. Aqui, todos nós (funcionários) fazemos de tudo; “pegamos” até na cozinha. É um grupo que se uniu para o Monsenhor não fechar a porta e conta com ajuda de algumas pessoas da sociedade que se interessam. A sociedade não tem que carregar o Monsenhor nas costas, mas podia ajudar — pontuou, destacando que certos serviços, como o uso de máquinas, foram suspensos para evitar o aumento dos gastos.
Procurada, a Enel não se posicionou até o fechamento desta matéria. 
Associação promove venda de quentinhas
Com experiências em trabalhos de caridade há 40 anos, Ricardo contou que a iniciativa de arrecadar fundos a partir da venda de quentinhas começou há semanas. No primeiro domingo, foram vendidas quase 180 refeições; já no segundo e no terceiro, foram, respectivamente, 160 e 111. A expectativa é de que, no domingo (13), as vendas, no valor de R$ 12, continuem boas.
Além das dificuldades para conseguir quitar o débito da conta de energia elétrica, Ricardo relatou que os idosos e os funcionários enfrentam a falta de diversos materiais, tanto alimentícios quanto de higiene pessoal e de limpeza, para manter os serviços básicos.
Entre os produtos mais necessários, estão verduras, legumes, frutas, leite; gazes, luvas descartáveis, fita micropore e outros materiais para curativos.
— É uma corrente do bem em ação. Quem tiver qualquer dúvida pode fazer uma visita ao Monsenhor Severino para ver de perto. No dia que eu coloquei no Facebook (o pedido de ajuda), uma pessoa maldosa colocou que eu cobro R$ 3 mil de cada idoso. Se eu cobrasse R$ 3 mil de cada idoso, eu estaria milonário. A maioria dos idosos nem salário recebe. Quem quiser fazer qualquer doação, é só deixar no asilo ou ligar para 2723-4000. Pelo telefone, o doador pode saber o que está precisando no dia — finalizou Ricardo.

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