O novo coronavírus não parou de circular em Campos com as flexibilizações propostas pelo poder público municipal. Quem está combatendo no front das Unidades de Tratamento Intensivo (UTI's) dos hospitais públicos e particulares vê que a situação escalou para uma dimensão ainda não vivida pela população. O dia a dia dos médicos está cada vez mais tenso. Nesta quinta-feira (3), a secretaria Municipal de Saúde, junto ao Departamento de Vigilância em Saúde, divulgou que a ocupação de leitos públicos aptos ao tratamento da Covid-19 é de 85% para leitos de UTI e 55% dos leitos de clínica médica.
Na noite dessa quarta (2), o desabafo de uma pneumologista do Centro de Combate e Controle do Coronavírus (CCC) chocou os internautas que se dispuseram a ler. “Dia muito difícil o de hoje. Dia de pacientes graves, desce e sobe de pacientes, elevador quebrado, dia do falta tudo, dia de briga, dia de 162 atendimentos e 5 médicos atendendo no salão ao mesmo tempo, dia que mais atendemos em 12h...”, desabafou Patrícia Andrade Meireles em uma rede social. Ela relatou ainda discussões sobre o manejo dos corpos das vítimas fatais.
A sensação de "segurança" a partir da reabertura de comércio, bares e restaurantes fez com que muitas pessoas voltassem a promover aglomerações, o que preocupa os profissionais da saúde quanto a uma possível segunda onda de casos.
— Perdemos o controle da doença e, em breve, perderemos a nossa paciência, saúde, força física e mental — pontuou a pneumologista, relatando ainda a transformação da Sala Vermelha da Covid em um consultório, de tantas pessoas com as formas mais graves da doença sendo atendidas simultaneamente.
Em nota, a secretaria municipal de Saúde confirmou o cenário preocupante: “Há cerca de cinco semanas, iniciando na rede privada, os índices vêm demonstrando o momento crítico em relação à pandemia, o que já vínhamos alertando e tomando medidas necessárias. Esses dados são confirmados pela análise de risco", diz um trecho da nota. “Não é hora de relaxar. A pandemia não acabou. Ao contrário, está ativa, acometendo milhares de pessoas e com alta propagação do vírus”, complementa, alertando para a necessidade de a população manter as medidas e orientações sanitária para reduzir a propagação da Covid-19.