Unimed desmente lotação de UTI, mas confirma aumento de internações por Covid
Paula Vigneron 02/12/2020 21:27 - Atualizado em 03/12/2020 20:58
Os casos de infecção por Covid-19 em Campos continuam a registrar aumento, assim como a taxa de ocupação dos leitos clínicos e de UTI destinados aos pacientes em tratamento. Até esta quarta-feira (2), o município contabiliza 473 mortes e 11.165 pessoas que testaram positivo para o coronavírus. Destas, 9.226 são consideradas recuperadas. A cidade tem 1.466 casos ativos da doença. Em entrevista ao Folha no Ar desta quarta, o prefeito eleito Wladimir Garotinho (PSD) afirmou que a ocupação dos leitos da rede privada é de 98%, sendo que a Unimed atingiu os 100%. A informação foi negada pela assessoria da unidade hospitalar. A Prefeitura não informou os dados das redes pública e contratualizada. Diante dos dados crescentes, foi decidido o retorno à fase amarela do plano de retomada das aticvidades econômicas e sociais do município, até o dia 6 de dezembro. Ainda não há previsão sobre a próxima fase em que estará Campos a partir da próxima semana.
No Folha no Ar, Wladimir afirmou que as vagas em leitos para tratamento de coronavírus em Campos estão escasseando:
— A bomba-relógio está explodindo. Está sendo noticiado por todo mundo o aumento dos casos de Covid. Os leitos estão esgotando. Existe contratualização de leitos junto ao Ministério da Saúde – e também da Prefeitura junto à Beneficência –, que estão findando agora. Daqui a pouco, não vai ter mais. Estamos com 98% da rede particular ocupada. Inclusive, o comunicador Carlos Cunha se internou na Unimed e já não tinha mais vaga. Tiveram que abrir um leito para ele. Não tem mais leito na rede particular e, na rede pública, também está findando porque os convênios que foram assinados também estão no fim — afirmou.
Procurada, a secretária municipal de Saúde não informou os dados de ocupação de leitos clínicos e de UTI nos hospitais públicos e contratualizados. Já na rede privada, o Hospital Doutor Beda está com mais de 80% de leitos clínicos e de UTI ocupados por pacientes de Covid-19. A Unimed não se manifestou sobre a ocupação dos leitos e informou que “não procede a informação de lotação máxima em seu hospital, mas confirma que verificou um aumento no volume de atendimentos e internações de pacientes com Covid-19, no mês de novembro, em sua rede própria. E em função disso, intensificou uma série de medidas visando o enfrentamento à pandemia do coronavírus, dentre elas o aumento no número de leitos e a intensificação nos atendimentos na unidade de Apoio Especial, anexa ao Hospital Unimed, com fluxo separado para acolhimento aos pacientes com suspeita de contaminação pela Covid-19”.
Para o infectologista Nélio Artiles, o aumento da taxa de infecção por Covid-19 em Campos já era esperado há semanas, quando foram iniciadas as flexibilizações e, consequentemente, a população relaxou nos cuidados. Na opinião do médico, haverá necessidade de que, nas próximas semanas, o município retroceda a fases mais restritivas devido ao crescimento da pandemia.
— É preciso determinar, a partir de segunda-feira (7), uma nova faixa de cor. É preciso que haja mais restrições. Mesmo com a taxa de casos elevada, as pessoas continuam com o mesmo tipo de comportamento. Temos que cuidar da gente e do coletivo. Está faltando responsabilidade cidadã. A doença não vai embora com a vacina. A vacina vai chegar, não deve ser obrigatória, e a doença vai continuar. Se a máscara, que é obrigatória, não é usada, imagine como vai ser com a vacina. Ano que vem, vamos estar com pandemia em curso e vacina disponível. Mas a melhor vacina que existe é a máscara. Também tem que manter higienização das mãos sempre frequentemente e o distanciamento, mesmo com a máscara — disse o médico.
Nélio relatou que, há cerca de três semanas, começou o crescimento da ocupação de leitos clínicos e de UTI para Covid, principalmente na rede privada. Em seguida, as vagas também ficaram mais escassas na rede pública. Para o profissional, os dados apontam que, no início da pandemia, as pessoas que não poderiam se ausentar das atividades profissionais continuaram expostas, mas a parte da população com melhor condição socioeconômica pôde se resguardar.
— Agora, esse pessoal se soltou, está mais liberado. Os jovens devem começar a refletir mais. São muitos encontros, baladas, reuniões e, praticamente, abolindo o uso de máscara e distanciamento necessário. Quando usam máscara, usam errado; usam no queixo, no pescoço. A gente sabe muito que é preciso mudar de comportamento e atitude. Tem muita gente para ser contaminada, e uma dessas pessoas que vai ter aguardar na fila, por não ter vaga, pode ser seu pai, sua mãe, seu tio. Parece que a doença só existe quando atinge alguém próximo — criticou.
No último domingo (29), o infectologista também enfrentou transtornos devido à crescente ocupação dos leitos na rede pública. Ele contou ter tentado a transferência de um paciente do Hospital Ferreira Machado (HFM) para o Centro de Controle e Combate ao Coronavírus (CCCC), mas sem êxito porque estava lotado:
— A situação é complicada, porque outras patologias continuam a existir, e as pessoas precisam de leitos por doenças cardiovasculares e respiratórias. E Campos é reflexo do que acontece no Rio de Janeiro. Foi assim no início da pandemia. O Rio de Janeiro está em uma situação que beira o caos. A taxa de ocupação é de 98% de UTI. Não tem vaga. Acho que o munícipio está passando por um momento crítico.

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